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Venezuelanos “esquecem” o Brasil e surpreendem com novo destino de refúgio que bate recorde e supera os sírios pela 1ª vez

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 10/09/2025 às 22:35
Venezuelanos superam sírios em pedidos de asilo na União Europeia. Espanha e França se tornam os principais destinos.
Venezuelanos superam sírios em pedidos de asilo na União Europeia. Espanha e França se tornam os principais destinos.
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Relatório europeu mostra mudança histórica nos pedidos de asilo, com venezuelanos assumindo a liderança, ultrapassando sírios e alterando os principais destinos escolhidos no bloco. Espanha e França despontam como novos polos de acolhimento.

A Agência da União Europeia para o Asilo (EUAA) informou que, no primeiro semestre de 2025, venezuelanos se tornaram pela primeira vez a nacionalidade com mais pedidos de proteção no bloco europeu, superando os sírios após uma década de liderança.

No mesmo período, França e Espanha passaram a concentrar o maior número de solicitações, deixando a Alemanha na terceira posição.

Virada inédita no perfil dos pedidos

O levantamento da EUAA aponta 399 mil pedidos de refúgio entre janeiro e junho, uma queda de 23% em relação ao mesmo intervalo de 2024.

A mudança é explicada principalmente pelo recuo expressivo de solicitações de sírios, que perderam a liderança histórica.

Em contrapartida, os venezuelanos avançaram e ocupam agora o topo do ranking de nacionalidades.

Ainda que o volume total tenha diminuído, o sistema europeu segue pressionado.

Ao fim de junho, 918 mil processos aguardavam decisão na primeira instância, o que evidencia o acúmulo de casos nos serviços nacionais.

França e Espanha ultrapassam a Alemanha

Pela primeira vez em anos, a Alemanha deixou de ser o principal destino.

França recebeu 78 mil pedidos no semestre e a Espanha, 77 mil.

Já a Alemanha somou 70 mil solicitações e caiu para o terceiro lugar.

Em termos proporcionais, a Grécia ficou no topo: houve um pedido para cada 380 habitantes, sinal de pressão acima da média sobre sua capacidade de acolhimento.

Por que os venezuelanos migraram para a UE

A Espanha consolidou-se como o destino preferencial dos venezuelanos na União Europeia.

Segundo a agência, 93% das solicitações dessa nacionalidade foram registradas em território espanhol no primeiro semestre.

A língua comum, redes de diáspora já estabelecidas e políticas nacionais voltadas à escassez de mão de obra ajudam a explicar a escolha.

Outro fator citado por autoridades europeias é o endurecimento das regras migratórias nos Estados Unidos desde o início de 2025, o que levou parte dos venezuelanos a buscar alternativas legais na Europa.

Ao mesmo tempo, persistem as razões que impulsionam a saída da Venezuela, como crise econômica e ambiente político adverso.

Queda dos sírios e impacto nas decisões

A retração nas solicitações de sírios alterou não apenas o ranking por nacionalidade, mas também os resultados dos processos.

A taxa de reconhecimento caiu para 25%, o patamar mais baixo já registrado pela EUAA para um semestre.

A agência atribui o movimento, sobretudo, a efeitos estatísticos: em vários países europeus, o processamento de pedidos de sírios foi temporariamente suspenso ou retirado pelos próprios requerentes, o que entra nas estatísticas como resultado negativo.

Não se trata, necessariamente, de um endurecimento uniforme das políticas de acolhimento.

Outras nacionalidades em destaque

O semestre também registrou volumes relevantes de afegãos e venezuelanos no topo das solicitações.

Houve avanço de grupos como haitianos e congoleses (RDC) em comparação com períodos anteriores.

Enquanto isso, turcos e bangladeshis apresentaram recuo em parte dos países.

O quadro mostra que a pressão sobre os sistemas nacionais varia conforme rotas, contextos regionais e políticas migratórias específicas.

O que muda com o Pacto de Migração e Asilo

A União Europeia aprovou, em 2024, uma reforma ampla do sistema de migração e asilo.

As novas regras entram em aplicação a partir de junho de 2026 e incluem procedimentos obrigatórios de fronteira, prazos mais curtos para análise de pedidos e um mecanismo de solidariedade entre Estados-membros.

Em linhas gerais, países poderão acelerar a tramitação de solicitações provenientes de nacionalidades com baixa taxa de reconhecimento, ao mesmo tempo em que se reforça a divisão de responsabilidades dentro do bloco.

Enquanto a transição não se completa, a Comissão Europeia e a EUAA trabalham com governos nacionais para padronizar triagens na fronteira, organizar centros de recepção e reduzir gargalos na etapa de decisão.

O objetivo declarado é desafogar os sistemas, evitar deslocamentos secundários e garantir que casos sem perspectiva de proteção sejam resolvidos com maior celeridade, sem suprimir o direito de pedir asilo.

Brasil perde protagonismo no fluxo recente

Durante anos, países da América do Sul — entre eles o Brasil — figuraram entre rotas relevantes para quem deixava a Venezuela.

Nos últimos meses, porém, a atenção dos solicitantes se deslocou para a União Europeia, sobretudo para a Espanha, que passou a concentrar a esmagadora maioria dos pedidos de venezuelanos.

Para especialistas, esse realinhamento não elimina a importância dos países vizinhos, mas indica que, em 2025, a via europeia ganhou peso e atratividade na decisão de parte dos migrantes.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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