Nova tecnologia da mineradora brasileira promete transformar a indústria do aço e reduzir drasticamente as emissões de carbono.
A mineradora Vale S.A. inaugurou, em 12 de dezembro de 2023, em Vitória (ES), a primeira planta industrial do mundo dedicada à produção do briquete de minério de ferro — um insumo inovador que promete revolucionar a indústria do aço e mudar o rumo da siderurgia mundial.
O produto é resultado de quase 20 anos de pesquisas conduzidas no Centro de Tecnologia de Ferrosos (CTF), em Nova Lima (MG). Por meio dessa inovação, a empresa substitui o processo tradicional de pelotização, que exige temperaturas de até 1.300 °C, por uma rota que opera a apenas 250 °C. Com isso, elimina-se o uso de fornos de queima e obtém-se redução de 70% nas emissões de carbono, o que torna o processo mais sustentável e eficiente.
Além disso, segundo o diretor de Clima, Natureza e Investimento Cultural da Vale, Hugo Barreto, o briquete representa “a materialização de uma busca global por soluções reais de descarbonização na mineração e na siderurgia”.
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Inovação tecnológica muda o padrão térmico da siderurgia
A fabricação de pelotas, utilizada há décadas como base para o aço, demanda alto consumo de energia e queima intensa de combustíveis fósseis. Consequentemente, o processo é altamente poluente e requer grandes volumes de água.
Em contrapartida, o briquete elimina essas etapas, reduzindo de forma significativa o impacto ambiental. Além disso, ele emite menos óxidos de nitrogênio (NOx) e óxidos de enxofre (SOx), o que torna a produção mais limpa, moderna e eficiente.
De acordo com dados oficiais da Vale, o novo método reduz em até 70% as emissões na produção da empresa. Por outro lado, nas siderúrgicas clientes, a redução chega a 10%, já que o briquete elimina a sinterização, uma das etapas mais intensivas em carbono.
Escala industrial e metas de descarbonização
Após diversos testes-piloto realizados entre 2021 e 2023, a unidade de Vitória iniciou a produção industrial. Atualmente, a expectativa é atingir 500 mil toneladas até o fim de 2024, consolidando o projeto em escala global.
Com essa tecnologia inovadora, a Vale pretende reduzir 15% das emissões do escopo 3 até 2035 e cortar 33% dos escopos 1 e 2 até 2030. Essas metas, que estão alinhadas ao compromisso de emissões líquidas zero até 2050, foram divulgadas em relatórios corporativos da empresa e confirmadas pela Agência Nacional de Mineração (ANM).
Em paralelo, em 2023, a companhia também atingiu 100% do consumo de energia elétrica proveniente de fontes renováveis no Brasil, dois anos antes do prazo previsto para 2025. Esse avanço reforça o compromisso da empresa com a sustentabilidade e a transição energética.
Parcerias e mega hubs para o aço verde
Com o objetivo de acelerar a transição para uma siderurgia mais sustentável, a Vale firmou acordos com mais de 50 clientes globais. Juntos, eles representam 35% das emissões do escopo 3, o que evidencia a relevância estratégica dessa iniciativa.
Além disso, essas parcerias incluem o desenvolvimento de mega hubs industriais de aço de baixo carbono. Esses complexos, instalados na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes Unidos e em Omã, serão fundamentais para consolidar uma nova rota de produção globalmente sustentável.
Nesses polos industriais, o briquete será utilizado como insumo para fabricar o HBI (hot-briquetted iron), também conhecido como ferro-esponja. Esse produto, por sua vez, emite até 70% menos CO₂ que o ferro-gusa produzido em altos-fornos, o que representa um salto tecnológico expressivo para o setor siderúrgico.
Vale investe no futuro da mineração verde
O briquete integra a estratégia global da Vale de se consolidar como referência em mineração sustentável. Por essa razão, a empresa estuda instalar novas plantas no Brasil e nos Estados Unidos, expandindo o uso da tecnologia para outros mercados estratégicos.
De acordo com Hugo Barreto, “o briquete é o elo que faltava para tornar o aço de baixo carbono uma realidade industrial e acessível em larga escala”. Essa declaração reforça o compromisso da mineradora com a agenda global de neutralidade climática, em total consonância com o Acordo de Paris e as metas da Agência Internacional de Energia (IEA).
Impactos ambientais e energéticos
Ao reduzir o consumo térmico de 1.300 °C para 250 °C, o briquete diminui drasticamente o uso de energia, dispensa água e corta as emissões de gases tóxicos. Dessa forma, o Brasil fortalece sua posição na liderança da produção mundial de aço sustentável.
O setor siderúrgico é responsável por aproximadamente 7% das emissões globais de CO₂, segundo a World Steel Association (2024). Portanto, a tecnologia da Vale representa um marco mundial na descarbonização da siderurgia e na redefinição do papel do país na transição energética global.
O que o futuro reserva para o aço verde brasileiro?
Com o avanço do briquete e dos mega hubs, o Brasil poderá se tornar líder mundial na produção de aço de baixo carbono, atraindo investimentos e fortalecendo sua presença internacional.
No entanto, essa transição exigirá governança ambiental rigorosa, eficiência operacional e cooperação internacional constante. Somente assim os ganhos climáticos e industriais poderão se manter de forma sustentável ao longo das próximas décadas.
Você acredita que o briquete pode redefinir o futuro da mineração e consolidar o Brasil como potência global do aço verde?



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