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Usinas no Brasil decidem produzir mais açúcar que etanol devido aos cortes drásticos de impostos sobre o combustível

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 15/09/2022 às 10:35
Etanol, combustível, açúcar
Foto: reprodução pixabay.com

Lucro com venda do etanol caiu em relação com o do açúcar, fazendo as usinas tirarem seus esforços produtivos do combustível 

Os cortes drásticos nos impostos dos combustíveis pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), principalmente sobre a gasolina, devem levar as usinas a evitar o biocombustível etanol e investir fortemente no açúcar.

Saiba a vantagem de produzir açúcar para as usinas

Segundo os especialistas em açúcar e etanol, os lucros com as vendas de etanol de cana caíram tanto em comparação com os do açúcar que as usinas brasileiras, que possuem flexibilidade para produzir mais de um ou outro, vão mudar o máximo possível para a produção de açúcar à medida que a segunda etapa da safra começar.

O analista brasileiro Julio Maria Borges, da JOB Economia, questionou o porquê das usinas brasileiras continuarem produzindo etanol se as mesmas estão tendo prejuízos com a venda de etanol. O risco que os produtores de açúcar de todo o mundo correm é o preço do adoçante diminuir devido ao corte drástico na produção do etanol pelas usinas brasileiras, o que aumentaria a oferta global de açúcar.

A gasolina costumava ser mais taxada que o etanol. Porém, como o governo brasileiro cancelou temporariamente os impostos federais sobre os combustíveis, a vantagem de preço do etanol nas bombas diminuiu.

Os produtores brasileiros de açúcar e etanol, para decidirem a estratégia de produção, verificam constantemente a chamada paridade do etanol, ou seja, o retorno financeiro do biocombustível equivalente aos preços do açúcar bruto na ICE.

Michael McDougall, diretor administrativo da corretora Paragon Global Markets, LLC, com sede em Nova York, questiona que outros danos podem ser causados se a paridade do etanol já está em 13,70 (centavos por libra). Os futuros de açúcar na ICE fecharam a 18,35 centavos de dólar por libra-peso na segunda-feira (12), o que equivale a quase 35% acima do valor do etanol no Brasil.

Porém, segundo Claudiu Covrig, da Covrig Analytics, existem limitações momentâneas para a transferência de muita produção para o açúcar devido ao período de pico da colheita. As usinas precisam usar parte de suas instalações de etanol para lidar com os altos volumes de moagem de cana atualmente. A mudança para o açúcar, de acordo com a Covrig, ocorrerá de forma gradual à medida que os volumes de moagem se tornarem menores ao longo dos últimos meses da temporada.

De acordo com dados do grupo industrial Unica, a maior destinação de cana para açúcar foi de 49,7% em 2006, e a menor, de 34,3% em 2019. Já em meados de agosto, o mix de açúcar estava em 44,7%.

Como está o preço do etanol nos estados brasileiros?

O etanol, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas, está com maior competitividade em relação à gasolina em apenas três estados: Goiás, Mato Grosso e São Paulo.

O Mato Grosso tem o melhor custo/benefício do país para o etanol (61,42%), diferentemente  do Amapá, que é o estado onde ele menos vale a pena (113,35%). Em São Paulo a paridade está em 68,30%.

Segundo levantou a ANP, o preço médio do etanol recuou 4,85% na semana passada em relação à anterior, tendo uma queda de R$ 0,18 em apenas sete dias (de R$ 3,71 para R$ 3,53 o litro). Em um mês, o etanol já acumula queda de 14,53%.

São Paulo, o principal produtor e consumidor e estado com mais postos avaliados pela agência, a cotação média despencou 27,86% na semana, para R$ 3,34, sendo a maior queda porcentual do país. Ao contrário, Sergipe foi o estado com o maior avanço de preços (28,1%), o que fez o preço médio do etanol disparar R$ 0,99 em apenas sete dias, de R$ 3,51 para R$ 4,50 o litro.

O menor preço por litro de etanol encontrado pela ANP foi em um posto em São Paulo (R$ 2,74), enquanto o maior foi no Rio Grande do Sul (R$ 6,99). O menor preço médio estadual é atualmente o do Mato Grosso (R$ 3,12), e o maior, o do Amapá (R$ 5,35).

Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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