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Usina no oceano promete capturar CO2 e produzir hidrogênio verde! Tecnologia audaciosa pode salvar o planeta ou se tornar um risco ambiental imensurável

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 13/01/2025 às 07:37
Usina no oceano promete capturar CO2 e produzir hidrogênio verde! Tecnologia audaciosa pode salvar o planeta ou se tornar um risco ambiental imensurável
Imagem gerada por inteligência artificial

Nova usina no oceano revoluciona com captura de CO2 e hidrogênio verde: inovação promete combater mudanças climáticas, mas levanta debate sobre impacto ambiental e futuro sustentável do planeta.

A luta contra as mudanças climáticas ganhou um novo aliado: uma usina de carbono no oceano projetada para capturar dióxido de carbono e produzir hidrogênio verde. Localizada no oeste de Singapura, essa inovação da startup Equatic promete ser a maior do mundo em remoção de carbono baseada no oceano. Mas será que essa tecnologia é realmente a solução ou pode trazer novos riscos?

Como funciona a usina de carbono no oceano?

O conceito é simples, mas revolucionário. A usina retira água do oceano, aplica uma corrente elétrica e passa ar por ela, desencadeando reações químicas que transformam dióxido de carbono em minerais sólidos, como carbonato de cálcio (o material das conchas), e bicarbonato dissolvido. Esses produtos podem ser devolvidos ao oceano ou usados em terra, com a promessa de armazenar carbono por mais de 10.000 anos.

O processo gera hidrogênio verde, um combustível limpo que está sendo apontado como essencial para a transição energética global. Segundo a Equatic, a instalação poderá capturar 3.650 toneladas métricas de CO2 por ano inicialmente, com planos de aumentar para 100.000 toneladas até 2026 e milhões de toneladas nas próximas décadas.

Foto: Equatic/Reprodução

Produção de hidrogênio verde na usina de carbono no oceano

Um dos grandes destaques do projeto é a produção de hidrogênio verde. Diferente do hidrogênio convencional, que é obtido a partir de combustíveis fósseis, essa versão é produzida de forma sustentável. A Equatic já firmou acordos com empresas como a Boeing, que pretende usar o hidrogênio para criar combustíveis verdes e financiar a remoção de toneladas de dióxido de carbono.

Essa abordagem une o útil ao necessário: reduzir as emissões de carbono enquanto promove um combustível limpo. Porém, a tecnologia ainda enfrenta desafios, como os altos custos iniciais e a dependência de energia renovável.

Solução ou perigo para o oceano?

Embora inovadora, a usina de carbono no oceano levanta preocupações sobre os possíveis impactos nos ecossistemas marinhos. Processar grandes volumes de água pode afetar a vida marinha, como larvas de peixes e outras espécies. Além disso, o movimento massivo de água do mar e alterações químicas podem desestabilizar o equilíbrio natural dos oceanos.

Especialistas como Lili Fuhr, do Centro de Direito Ambiental Internacional, destacam que as mudanças climáticas já estão colocando os oceanos sob pressão, e adicionar tecnologia especulativa pode agravar a situação. Jean-Pierre Gatusso, cientista da Universidade Sorbonne, ressalta que a pesquisa científica está atrás do desenvolvimento industrial, o que aumenta os riscos.

Por que o oceano?

Os oceanos já absorvem cerca de 30% do CO2 emitido pela atividade humana, mas essa capacidade tem limites. A ideia de usar o oceano como ferramenta de mitigação climática está ganhando força, com projetos que vão desde espalhar partículas de ferro para estimular fitoplânctons até afundar algas para armazenar carbono.

A usina da Equatic se destaca por manter o processamento fora do oceano aberto, o que permite monitorar os resultados e minimizar impactos negativos. A água devolvida ao mar é tratada para ter a mesma composição da água natural, cumprindo normas ambientais rigorosas.

Um modelo reproduzível e escalável

Uma das grandes vantagens da usina é sua escalabilidade. Segundo a Equatic, a estrutura pode ser replicada em diferentes locais, empilhada em módulos como blocos de Lego. Essa flexibilidade facilita a expansão para atender à demanda crescente por remoção de carbono e produção de hidrogênio.

No entanto, os custos iniciais são altos, e o sucesso dependerá da viabilidade econômica de vender créditos de carbono e hidrogênio. A parceria com grandes empresas como a Boeing pode ser um passo crucial para garantir o financiamento e ampliar o impacto do projeto.

O que está em jogo?

A iniciativa reflete um debate maior sobre o uso de tecnologias de geoengenharia para combater as mudanças climáticas. De um lado, há quem defenda que a gravidade da crise climática justifica ações ousadas, mesmo com incertezas. Do outro, críticos alertam que soluções rápidas podem gerar danos incalculáveis aos ecossistemas.

James Niffenegger, do Laboratório Nacional de Energia Renovável, destaca a necessidade de monitorar de perto os impactos ambientais. Apesar das promessas, ainda há muito a aprender sobre os efeitos a longo prazo de alterar a química dos oceanos em larga escala.

Inação não é uma opção

Para Gaurav Sant, fundador da Equatic, o maior risco é não agir. Ele argumenta que, diante da gravidade das mudanças climáticas, é essencial tomar decisões rápidas e implementar soluções em grande escala. A instalação de Singapura é um exemplo de como a inovação pode ajudar a mitigar os danos causados pelo aquecimento global.

Com um investimento de US$ 20 milhões e tecnologias avançadas, a usina de carbono no oceano representa uma combinação promissora de ciência e sustentabilidade. Mas o caminho adiante exigirá equilíbrio entre inovação, monitoramento rigoroso e respeito pelos ecossistemas naturais.

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Débora Araújo

Escrevo sobre energias renováveis, automóveis, ciência e tecnologia, indústria e as principais tendências do mercado de trabalho. Com um olhar atento às evoluções globais e atualizações diárias, dedico-me a compartilhar sempre informações relevantes.

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