Pressionada pelas tensões com a China, a Apple se une à MP Materials, aposta em terras raras para fortalecer a indústria americana
A Apple anunciou um investimento de US$ 500 milhões em um acordo com a produtora americana de terras raras MP Materials. O movimento ocorre em meio à pressão do presidente Donald Trump para que os populares iPhones sejam fabricados em território americano.
Como parte do contrato revelado em 15 de maio, a Apple vai comprar ímãs diretamente da MP Materials. A medida consolida a cadeia de suprimentos nos Estados Unidos.
Além da compra, a parceria prevê a criação de uma linha de reciclagem na Califórnia. Essa unidade será voltada ao reaproveitamento de materiais para uso nos produtos da empresa. O projeto integra um plano mais amplo da Apple, anunciado no início do ano, que prevê expandir operações nos EUA.
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“Materiais de terras raras são essenciais para a criação de tecnologia avançada, e esta parceria ajudará a fortalecer o fornecimento desses materiais vitais aqui nos Estados Unidos.”, disse o CEO da Apple, Tim Cook.
A MP Materials informou que sua unidade em Fort Worth, Texas, vai criar novas linhas de fabricação de ímãs especificamente para produtos Apple. As entregas devem começar em 2027 e atenderão “centenas de milhões de dispositivos Apple”, segundo a própria empresa.
Pentágono apostou alto para garantir que os Estados Unidos tenham autonomia, reduzindo a vulnerabilidade diante da China.
O Departamento de Defesa investiu US$ 400 milhões na MP Materials, tornando-se o maior acionista da companhia ao adquirir 15% de participação. O acordo vem acompanhado de um financiamento de US$ 1 bilhão de bancos como JPMorgan Chase e Goldman Sachs, recursos que serão usados para erguer uma nova fábrica de ímãs.
O empreendimento, batizado de 10X Facility, deve entrar em operação em 2028, com capacidade de produzir 10.000 toneladas métricas por ano. Além disso, o Pentágono se comprometeu a comprar ímãs de neodímio-praseodímio a um preço mínimo de US$ 110 por quilo, assegurando mercado para a produção.
Esse movimento fortalece a posição dos EUA em um setor estratégico que há anos sofre com a dependência quase total da China.
Fim da dependência? Apple se une aos EUA em batalha de US$ 500 milhões contra China por terras raras
As terras raras são insumos indispensáveis para a produção de smartphones, turbinas eólicas, veículos elétricos, TVs, equipamentos médicos e até aviões de combate. No entanto, a China controla praticamente todo o processamento desses materiais, respondendo por 92% da produção global nessa etapa da cadeia.
Embora sejam encontrados em grande parte da crosta terrestre, os minerais são caros e complexos de extrair, e a China concentra a expertise e os equipamentos necessários para processá-los em escala.
A supremacia chinesa já foi usada como arma política. Quando o governo Trump impôs tarifas de 145% sobre a China, Pequim reagiu restringindo exportações de terras raras, o que paralisou linhas de produção de montadoras como Ford e Suzuki. Naquele período, Elon Musk chegou a declarar que a escassez desses minerais comprometia seus negócios de robótica.
Esse cenário levou Washington a acelerar investimentos em fornecedores domésticos. A MP Materials, com apoio tanto da Apple quanto do Pentágono, se tornou peça-chave dessa reestruturação.
Trump coloca a Apple no centro da disputa estratégica
Enquanto isso, Trump voltou a pressionar publicamente a Apple em maio, escrevendo no Truth Social:
“Há muito tempo informei Tim Cook, da Apple, que espero que seus iPhones vendidos nos Estados Unidos sejam fabricados e construídos nos Estados Unidos, não na Índia ou em qualquer outro lugar. Se não for esse o caso, a Apple deverá pagar uma tarifa de pelo menos 25% aos EUA.”
Portanto, o alinhamento entre a Apple, a MP Materials e o Pentágono mostra que os Estados Unidos estão se movimentando para reduzir a dependência da China em um setor vital. De um lado, a Apple garante insumos para seus dispositivos e reforça sua agenda verde. Além disso, o governo americano fortalece sua autonomia em defesa e inovação.
E você, o que acha desse poder tecnológico envolvendo as duas potências?