Novos dados do maior mapa 3D do cosmos sugerem que a força que acelera a expansão do universo pode não ser constante como se pensava
Cientistas da colaboração internacional do Instrumento Espectroscópico de Energia Escura (DESI) descobriram indícios de que a energia escura, responsável por cerca de 70% do conteúdo energético do universo, pode não ser uma força constante como se acreditava até agora. A análise de dados de mais de 15 milhões de galáxias revelou sinais de que essa misteriosa força está enfraquecendo ao longo do tempo, o que pode mudar completamente o modelo padrão de como o universo se expande. A revelação foi divulgada pela CNN Brasil com base nos resultados mais recentes do DESI, em uma descoberta considerada uma das mais impactantes da cosmologia moderna.
A misteriosa força que molda o universo
A energia escura é uma força invisível que estaria acelerando a expansão do universo. Descoberta nos anos 1990, ela foi incorporada ao modelo cosmológico padrão como uma “constante cosmológica” ou seja, imutável no tempo e no espaço. No entanto, os novos dados levantados pelo DESI sugerem que essa aceleração pode estar diminuindo, e que a energia escura pode ser mais dinâmica e complexa do que o imaginado.
o DESI e por que seus dados são tão importantes para entender a energia escura
Instalado no Telescópio Mayall, no Arizona (EUA), o DESI é uma das ferramentas mais poderosas da astronomia moderna. Com 5.000 fibras ópticas, ele consegue observar simultaneamente milhares de galáxias e construir o maior mapa 3D do universo já feito. Desde 2020, o DESI mede a luz de galáxias e quasares, permitindo que os cientistas vejam o cosmos como ele era em diferentes momentos do passado, até 11 bilhões de anos atrás. A análise recente, coordenada por Mustapha Ishak-Boushaki e outros cientistas, revelou padrões que indicam um possível enfraquecimento da energia escura.
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Evidências crescentes desafiam o modelo cosmológico atual
Os dados coletados pelo DESI foram cruzados com outras medições, como supernovas, radiação cósmica de fundo e efeitos gravitacionais de galáxias distantes. O cruzamento dessas evidências aponta para uma leve, mas persistente, discrepância entre o comportamento esperado da energia escura e o que está sendo observado. “Se isso continuar, a expansão acelerada do universo pode parar ou até reverter no futuro”, explicou Ishak-Boushaki à CNN Brasil. Ainda que esses cenários estejam a bilhões de anos no futuro, a implicação imediata é clara: pode ser necessário reescrever os fundamentos da física cosmológica.
O que vem a seguir na pesquisa sobre energia escura
Ainda não há dados suficientes para confirmar uma revolução no entendimento da energia escura, mas os próximos anos devem ser decisivos. Novos projetos como o telescópio Euclid da ESA, o Nancy Grace Roman da NASA e o Spec-S5 (que promete mapear até 10 vezes mais galáxias que o DESI) devem trazer respostas. Segundo o cientista Jason Rhodes, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, os dados do DESI sugerem que “um modelo mais complexo de energia escura é preferido”, o que abre espaço para uma nova era da cosmologia baseada em leis físicas ainda desconhecidas.
A confirmação de que a energia escura evolui com o tempo significaria uma mudança drástica na forma como entendemos o universo, desde sua origem até o destino final. Modelos que antes previam uma expansão infinita agora consideram possibilidades como desaceleração, estagnação e até colapso do universo. Como disse Michael Levi, diretor do DESI, “seja qual for a natureza da energia escura, ela moldará o futuro do nosso universo”.