1. Início
  2. / Curiosidades
  3. / Universitária recebe 14 milhões por engano, gasta parte do dinheiro e se dá mal; entenda por que a Justiça não perdoou o ‘depósito milionário’
Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 0 comentários

Universitária recebe 14 milhões por engano, gasta parte do dinheiro e se dá mal; entenda por que a Justiça não perdoou o ‘depósito milionário’

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 24/10/2025 às 15:08
Estudante sul-africana recebe 14 milhões por engano em auxílio estudantil, gasta parte e é condenada. Entenda a decisão da Justiça.
Estudante sul-africana recebe 14 milhões por engano em auxílio estudantil, gasta parte e é condenada. Entenda a decisão da Justiça.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Um erro de depósito em auxílio estudantil transformou a vida de uma universitária sul-africana, mobilizou tribunais e reacendeu debates sobre responsabilidade em créditos indevidos. O caso virou exemplo de como a Justiça trata o uso de dinheiro recebido por engano.

Um erro de processamento em um sistema de auxílio estudantil chamou atenção em todo o país e se transformou em um dos casos judiciais mais conhecidos da África do Sul.

Uma estudante universitária recebeu em seu cartão de benefícios um valor milionário por engano, utilizou parte da quantia e acabou condenada pela Justiça.

O episódio gerou mudanças nos procedimentos de repasse e reacendeu o debate sobre a responsabilidade de quem gasta dinheiro creditado indevidamente.

Erro no crédito estudantil gerou investigação criminal

O depósito de cerca de 14 milhões de rands foi feito por engano na conta de uma aluna da Walter Sisulu University, instituição localizada no leste da África do Sul.

O valor foi transferido pela Intellimali, empresa contratada para operacionalizar pagamentos do National Student Financial Aid Scheme (NSFAS), programa público que financia estudantes de baixa renda.

A empresa reconheceu a falha e assumiu a responsabilidade pelo erro.

Em nota, o NSFAS informou que o caso não envolvia recursos indevidos do programa e que a irregularidade estava restrita ao processamento da empresa prestadora.

A universidade confirmou ter adotado medidas internas de apuração e suspendido o cartão assim que identificou a anomalia.

Segundo documentos judiciais, a estudante, identificada como Sibongile Mani, tinha direito a um auxílio mensal de 1.400 rands para alimentação, valor muito inferior ao que apareceu em seu cartão.

As autoridades apuraram que ela utilizou mais de 800 mil rands antes que o acesso fosse bloqueado.

A movimentação acima do padrão e as compras em estabelecimentos diversos levaram à abertura de investigações internas.

Tribunal condena estudante por uso indevido de valores

O processo foi julgado pelo Tribunal Regional de East London, que considerou que o uso consciente de valores indevidos caracterizou furto.

De acordo com a sentença, a estudante sabia que o montante creditado não correspondia ao seu benefício e, ainda assim, efetuou gastos de forma continuada.

A corte fixou pena de cinco anos de prisão em regime fechado.

Segundo o entendimento judicial, o fato de o crédito ter sido feito por engano não exclui a responsabilidade penal quando há intenção comprovada de se beneficiar de valores que pertencem a terceiros.

A defesa pediu a substituição da pena por medidas alternativas, alegando que a ré não havia cometido outros delitos e que não havia provocado o erro.

O pedido foi negado na primeira instância, sob o argumento de que o comportamento demonstrava consciência da ilicitude.

Alta Corte mantém condenação, mas muda cumprimento da pena

Posteriormente, o caso foi reavaliado pela Alta Corte do Cabo Oriental, em Makhanda, que manteve a condenação, mas alterou o regime de cumprimento.

A pena de prisão foi totalmente suspensa, sob condição de que Mani não voltasse a cometer infrações semelhantes e realizasse 576 horas de serviço comunitário, além de permanecer sob supervisão correicional por três anos.

O tribunal ressaltou que a substituição não anulava o crime, apenas modificava a forma de execução.

A decisão foi considerada uma medida de modulação da pena, adotada em razão da primariedade da ré e da ausência de antecedentes criminais, segundo o texto da sentença.

Medidas administrativas e reação das instituições

Após o episódio, a Intellimali afirmou ter implementado novas verificações internas para evitar falhas semelhantes.

A empresa também reembolsou integralmente a universidade, garantindo que os recursos públicos destinados a outros estudantes não fossem afetados.

O governo sul-africano confirmou que a prestadora assumiu a responsabilidade pelo erro, e o NSFAS informou ter acompanhado o caso para reforçar os mecanismos de segurança nos repasses.

A Walter Sisulu University prestou esclarecimentos em audiência parlamentar, detalhando o fluxo de pagamentos e os novos protocolos de controle.

Especialistas em direito financeiro e administrativo consultados por veículos locais afirmaram que o caso evidenciou a necessidade de monitoramento contínuo em programas de auxílio e de maior integração entre universidades, prestadoras de serviço e órgãos públicos.

Por que a Justiça não perdoou o depósito milionário

De acordo com juristas que acompanharam o caso, o ponto central da condenação não foi o erro de depósito, mas a conduta posterior da estudante.

A jurisprudência sul-africana considera que o simples recebimento indevido de valores não configura crime, mas o gasto intencional de dinheiro que o beneficiário sabe não ser seu pode caracterizar apropriação ilícita.

O entendimento reforça que a boa-fé é determinante para afastar a tipicidade penal.

A ausência de comunicação imediata às autoridades e a continuidade dos gastos foram elementos decisivos para o enquadramento do caso como furto.

Segundo o julgamento da Alta Corte, o objetivo da pena foi “preservar a integridade dos sistemas públicos de apoio estudantil”, sem deixar de reconhecer o erro operacional que originou a situação.

Lições para programas de assistência e governança financeira

Para especialistas em políticas públicas, o caso se tornou referência sobre responsabilização em operações financeiras automatizadas.

Auditorias e cruzamentos de dados foram apontados como instrumentos essenciais para prevenir situações semelhantes.

Em relatórios posteriores, o NSFAS informou ter reforçado as etapas de verificação de crédito, criado alertas automáticos para valores fora do padrão e revisado os contratos com empresas operadoras.

A Intellimali, por sua vez, declarou ter aprimorado seu sistema de auditoria interna e ampliado o controle humano em processos de pagamento.

O episódio também gerou discussões em universidades e órgãos públicos sobre educação financeira e ética no uso de benefícios.

Segundo análises acadêmicas publicadas em periódicos locais, a comunicação imediata de irregularidades é vista como uma forma de preservar a credibilidade de programas de apoio e proteger o estudante de eventuais responsabilizações.

Há, entretanto, lacunas documentais sobre o caso.

As autoridades não divulgaram uma lista detalhada dos bens adquiridos pela estudante, nem um relatório técnico completo sobre o erro de processamento.

Reportagens mencionam valores próximos de 818 mil rands como total gasto antes do bloqueio, mas não há unanimidade entre as fontes.

O caso permanece citado em cursos de direito e administração pública no país como um exemplo prático de como a intenção do beneficiário pode definir a fronteira entre engano administrativo e infração penal.

Em situações como essa, especialistas defendem que a comunicação imediata do erro às autoridades é a forma mais segura de evitar questionamentos futuros — uma conduta que, segundo juristas, poderia ter alterado o desfecho do processo.

Você avisaria a instituição se percebesse que recebeu um depósito milionário por engano?

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
1
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x