A chegada da UnionPay ao Brasil amplia a rede de saques internacionais e sinaliza novos movimentos de concorrência no mercado de cartões, aproximando turistas e residentes chineses de serviços financeiros locais.
A UnionPay passou a permitir saques em mais de 24 mil caixas Banco24Horas no Brasil, numa parceria com a TecBan.
A operação começa com habilitação exclusiva para retirada de dinheiro e tem foco na comunidade chinesa no país e no fluxo de turistas.
Em paralelo, a bandeira discute acordos com bancos brasileiros para ampliar a presença local e viabilizar emissões no futuro.
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Saques liberados e foco nos turistas
Desde a integração com a rede de autoatendimento, clientes com cartões UnionPay podem sacar em terminais distribuídos por todo o território nacional.
A TecBan informa que, nesta primeira fase, apenas a função de saque está ativa.
O objetivo imediato é oferecer acesso rápido a reais para visitantes e residentes de origem chinesa, públicos que tendem a usar cartões da bandeira com mais frequência.
Além dos caixas, a TecBan destacou que a aceitação da UnionPay já se estende a estabelecimentos que utilizam terminais de Rede e Stone, o que amplia a utilidade do cartão para pagamentos presenciais.
O avanço reduz barreiras para turistas em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Foz do Iguaçu, onde a procura por meios de pagamento internacionais costuma ser maior.
O que diz a TecBan sobre a parceria
Segundo Marcelo Mafra, gerente executivo de relacionamento comercial da TecBan, a chegada da UnionPay ao Banco24Horas representa um movimento de sinergia entre as empresas.
Ele avaliou que a presença de uma ampla comunidade chinesa no Brasil, somada ao interesse da bandeira em expandir acordos com bancos locais, cria um ambiente propício para “gerar muitas transações, movimentando a economia”.
Mafra afirmou ainda que há negociações com instituições brasileiras para que passem a emitir cartões com a bandeira em território nacional, ampliando a concorrência entre redes.
Quem é a UnionPay e qual seu alcance global
Controlada pelo Banco Central da China, a UnionPay é apontada por relatórios do setor como uma das maiores redes de cartões do mundo.
De acordo com dados institucionais, a bandeira está presente em mais de 180 países e regiões e já ultrapassou 9 bilhões de cartões emitidos, com mais de 250 milhões fora do mercado chinês.
A combinação de escala e capilaridade faz da empresa a principal alternativa global às marcas norte-americanas, sobretudo em mercados com forte presença de turistas asiáticos.
Brasil no radar de expansão
A estratégia no país avança por etapas.
Neste primeiro momento, a prioridade é garantir infraestrutura de saque e aceitação em comércios.
Em seguida, a bandeira pretende ampliar parcerias para emissão doméstica, o que abriria caminho para cartões UnionPay emitidos no Brasil por bancos e instituições de pagamento.
Enquanto isso, fintechs e processadoras atuam como ponte tecnológica para acelerar a integração aos caixas e às redes de captura.
A TecBan informou que a conexão foi viabilizada por meio do HubDigital, plataforma que facilita a entrada de novas instituições na rede Banco24Horas.
A solução reduz o tempo de integração e permite ativar serviços como consulta de saldo, extrato, depósitos e, agora, saque para portadores da UnionPay, de forma padronizada.
Impactos para consumidores e bancos
Na prática, a liberação de saques em grande escala melhora a experiência de quem chega ao Brasil com um cartão UnionPay.
Em vez de depender de casas de câmbio, turistas conseguem acesso direto a reais, com conveniência e disponibilidade ampla de caixas.
Para o varejo, o avanço da aceitação em maquininhas tende a facilitar vendas a estrangeiros e a consumidores que já adotam a bandeira.
Para o sistema financeiro, a nova etapa de concorrência pode estimular bancos e emissores locais a oferecerem produtos multicorrente ou de viagem com condições diferenciadas.
Ao mesmo tempo, aumenta a pressão competitiva sobre Visa e Mastercard, que dominam o mercado brasileiro de cartões de crédito e débito.
Caso instituições nacionais passem a emitir UnionPay, a disputa por taxas, benefícios e recompensas pode se intensificar.
O papel das parcerias tecnológicas
A operação contou com a participação da RedeCompras, processadora brasileira responsável pela integração da UnionPay no HubDigital, segundo a TecBan.
Esse tipo de arranjo é comum quando novas bandeiras entram em mercados com infraestruturas consolidadas.
A processadora atua na tradução tecnológica entre a rede internacional e os sistemas locais, garantindo conformidade regulatória e segurança nas transações.
Empresas desse ecossistema também costumam apoiar pilotos de emissão, quando viáveis, e testes de aceitação em POS.
Esse movimento reduz riscos operacionais e encurta o tempo até que a rede atinja escala mínima para se manter competitiva no país.
Comparativo com concorrentes
No plano global, Visa e Mastercard mantêm presença em mais de 200 países e territórios, com redes extensas de emissores e estabelecimentos.
A UnionPay, por sua vez, consolidou massa crítica sobretudo na Ásia e expandiu a aceitação em destinos turísticos e hubs comerciais.
No Brasil, a diferença é a história de relacionamento.
Enquanto as marcas americanas são amplamente consolidadas entre bancos e varejistas, a UnionPay está em fase de expansão, com prioridade inicial em saques e aceitação antes de avançar para emissão local em escala.
O que muda já e o que ainda depende de negociação
O que vale de imediato é a habilitação de saques em toda a rede Banco24Horas.
Quem tem cartão UnionPay no exterior pode usá-lo para retirar dinheiro nos caixas identificados, sujeitos às condições e tarifas definidas pelo emissor do cartão e pelas regras de uso internacional.
Já a emissão de cartões UnionPay no Brasil ainda depende de acordos comerciais e operacionais com bancos e instituições de pagamento.
Há conversas em andamento, mas não há cronograma público anunciado pelas partes para o início dessa etapa.