Cientistas da Unicamp apresentam solução inovadora para o meio ambiente: reatores sustentáveis que utilizam energia solar e fotocatalisadores para tratar efluentes e reduzir emissões de CO₂
Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) anunciaram nesta semana o desenvolvimento de dois reatores sustentáveis que utilizam energia solar e fotocatalisadores para promover a descontaminação da água e a captura de dióxido de carbono (CO₂). A tecnologia, já patenteada com apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp, representa um marco na integração entre tratamento ambiental e geração de energia limpa.
Além de eliminar poluentes como fármacos e corantes, os reatores também convertem CO₂ em etanol, contribuindo para a redução de emissões industriais e oferecendo uma alternativa energética renovável. O projeto é liderado pela professora Cláudia Longo, do Instituto de Química da Unicamp.
Reatores sustentáveis da Unicamp: como funcionam os dois modelos
O primeiro modelo desenvolvido pela equipe da Unicamp utiliza um fotocatalisador posicionado no ânodo, conectado a uma célula solar. Quando exposto à luz solar, o sistema promove reações químicas que removem contaminantes orgânicos dissolvidos na água, como detergentes, corantes e resíduos farmacêuticos.
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Esse processo dispensa o uso de reagentes químicos convencionais, como cloro, que podem gerar subprodutos tóxicos e exigem cuidados especiais de armazenamento. A adoção da energia solar como fonte elétrica torna o sistema autossuficiente e ambientalmente responsável.
A descontaminação da água por meio de fotocatálise é considerada uma das técnicas mais promissoras da atualidade, por sua eficiência e baixo impacto ambiental. O uso de semicondutores ativados pela luz permite a degradação de compostos orgânicos complexos, tornando a água segura para reutilização.
Captura de CO₂ e produção de etanol com fotocatalisadores
O segundo reator incorpora um eletrodo semicondutor de difusão de gás como cátodo, capaz de gerar água oxigenada — um agente altamente eficaz na eliminação de poluentes. Além disso, o sistema realiza a conversão de CO₂ em etanol, utilizando óxidos complexos como fotocatalisadores.
Essa funcionalidade permite que o reator seja acoplado a chaminés industriais, capturando o gás carbônico antes de sua liberação na atmosfera. O etanol gerado pode ser utilizado como combustível, ampliando o impacto positivo da tecnologia na matriz energética brasileira.
Segundo a equipe da Unicamp, o processo é altamente eficiente e pode ser adaptado a diferentes escalas, desde pequenas unidades até grandes instalações industriais. A combinação entre captura de carbono e geração de combustível representa uma solução integrada para os desafios ambientais e energéticos contemporâneos.
Aplicações práticas dos reatores sustentáveis da Unicamp
Os reatores sustentáveis da Unicamp foram projetados para uso direto no tratamento de efluentes, tanto em ambientes industriais quanto residenciais. Sua capacidade de descontaminação da água e de redução de emissões torna-os ideais para empresas que buscam soluções ambientalmente responsáveis.
Além disso, a versatilidade dos fotocatalisadores permite que diferentes reações químicas sejam ativadas, dependendo do tipo de semicondutor utilizado. Isso amplia o leque de aplicações possíveis, desde estações de tratamento até sistemas de reaproveitamento hídrico.
A adoção de energia solar como fonte primária torna os reatores especialmente viáveis em regiões com alta incidência solar, como o Nordeste brasileiro. Isso reduz custos operacionais e aumenta a autonomia dos sistemas.
Redução da pegada de carbono e geração de biocombustível
Ao capturar CO₂ e convertê-lo em etanol, os reatores contribuem diretamente para a mitigação das mudanças climáticas. De acordo com o SEEG, o Brasil emitiu aproximadamente 2,3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa em 2023. Tecnologias como essa podem ajudar a reduzir esse número de forma significativa.
Empresas que adotam soluções como os reatores da Unicamp podem melhorar seus indicadores ESG (ambiental, social e governança), além de atender às exigências regulatórias e às expectativas de consumidores cada vez mais conscientes.
O etanol gerado pode ser utilizado como combustível em veículos ou como insumo na indústria química, ampliando o valor agregado da tecnologia. A integração entre captura de carbono e produção energética é uma tendência global, e o Brasil pode se posicionar como líder nesse segmento.
Pesquisa científica e patentes da Unicamp com energia solar
As pesquisas começaram em 2009, com a comprovação da eficiência do primeiro reator na remoção de contaminantes orgânicos. Desde então, a equipe liderada por Cláudia Longo aprimorou o sistema, adicionando um eletrodo poroso semelhante a uma esponja, também recoberto por fotocatalisadores.
Essa configuração permite que tanto o ânodo quanto o cátodo sejam ativados pela luz solar, aumentando a eficiência do processo e reduzindo custos operacionais. O uso exclusivo de energia solar também elimina a necessidade de fontes externas de eletricidade.
A pesquisa contou com apoio de agências de fomento como Fapesp e CNPq, além de parcerias com centros internacionais de excelência. A abordagem multidisciplinar envolveu químicos, engenheiros e especialistas em materiais avançados.
Licenciamento e expansão comercial dos reatores sustentáveis
As patentes das tecnologias estão disponíveis para licenciamento por empresas interessadas em levar a inovação ao mercado. O potencial de aplicação é amplo, abrangendo desde unidades de tratamento de efluentes até setores industriais que desejam reduzir suas emissões de carbono.
A Inova Unicamp atua como ponte entre os pesquisadores e o setor produtivo, facilitando a transferência de tecnologia e promovendo a inovação aberta. O modelo de licenciamento permite que empresas adaptem os reatores às suas necessidades específicas, acelerando a adoção em larga escala.
Uso de energia solar: impacto global da inovação
Os reatores sustentáveis da Unicamp estão alinhados com diversos ODS da ONU, especialmente:
- ODS 6: Água potável e saneamento
- ODS 7: Energia limpa e acessível
- ODS 9: Indústria, inovação e infraestrutura
- ODS 13: Ação contra a mudança global do clima
Ao promover a descontaminação da água e a captura de CO₂ com energia solar, a tecnologia contribui para um futuro mais sustentável e resiliente. A integração entre ciência e responsabilidade ambiental é essencial para enfrentar os desafios do século XXI.
Este projeto reforça o papel da Unicamp como referência em pesquisa científica e inovação tecnológica no Brasil. A universidade tem se destacado em rankings internacionais e mantém parcerias com instituições de renome mundial.
Investimentos em ciência e tecnologia são fundamentais para enfrentar os desafios ambientais e sociais do século XXI. Iniciativas como essa mostram que o Brasil tem potencial para liderar soluções sustentáveis em escala global.
Caminhos para um futuro mais limpo e eficiente
A criação dos reatores sustentáveis pela Unicamp representa um avanço significativo na integração entre ciência, tecnologia e sustentabilidade. Utilizando energia solar e fotocatalisadores, os dispositivos promovem a descontaminação da água e a captura de CO₂, oferecendo soluções eficazes para problemas ambientais urgentes.
Com aplicações práticas em diversos setores, potencial de escalabilidade e impacto positivo na matriz energética, essa inovação reforça a importância da pesquisa científica nacional. O futuro da sustentabilidade passa por iniciativas como essa — e a Unicamp está na vanguarda dessa transformação.