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Uma nova ordem mundial contra os EUA? China quer se juntar à Índia e à Rússia para formar aliança, afirma Xi Jinping, em resposta ao cenário internacional turbulento

Escrito por Rannyson Moura
Publicado em 01/09/2025 às 17:03
China, Índia e Rússia fortalecem laços estratégicos em meio a tensões comerciais com os EUA. Xi Jinping apresenta proposta de governança global durante cúpula em Tianjin, com apoio de Vladimir Putin e Narendra Modi. Fonte: gerado por Inteligência Artificial
China, Índia e Rússia fortalecem laços estratégicos em meio a tensões comerciais com os EUA. Xi Jinping apresenta proposta de governança global durante cúpula em Tianjin, com apoio de Vladimir Putin e Narendra Modi. Fonte: gerado por Inteligência Artificial
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China, Índia e Rússia fortalecem laços estratégicos em meio a tensões comerciais com os EUA. Xi Jinping apresenta proposta de governança global durante cúpula em Tianjin, com apoio de Vladimir Putin e Narendra Modi.

O cenário internacional vive um período de instabilidade, marcado por guerras comerciais, tensões regionais e disputas por influência política. Nesse contexto, China, Índia e Rússia emergem como protagonistas de um movimento que pode redesenhar a governança global, conforme noticiado pela Agência Brasil neste primeiro de setembro.

Durante a 24ª cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), realizada em Tianjin, o presidente chinês Xi Jinping apresentou a Iniciativa de Governança Global (IGG), interpretada por especialistas como um embrião de uma nova ordem mundial.

Com a presença de líderes como Vladimir Putin e Narendra Modi, a proposta busca desafiar o hegemonismo e o unilateralismo que, segundo Xi, ameaçam a estabilidade internacional.

China lança proposta de governança global baseada em cinco princípios

Durante seu discurso oficial, o presidente da China afirmou que o planeta atravessa “um novo período de turbulência e transformação” e que a governança global chegou a uma encruzilhada histórica. Xi Jinping defendeu cinco princípios fundamentais:

  1. Igualdade soberana entre os Estados.
  2. Respeito ao direito internacional.
  3. Prática do multilateralismo.
  4. Abordagem centrada nas pessoas.
  5. Adoção de medidas concretas para resultados reais.

Segundo Xi, “todos os países, independentemente de tamanho, força ou riqueza, devem ser participantes, tomadores de decisão e beneficiários iguais na governança global”.

Índia entre a pressão dos EUA e a aproximação com a China

A Índia, liderada por Narendra Modi, tornou-se peça-chave nessa engrenagem diplomática. Pressionada pelos Estados Unidos a interromper a compra de petróleo russo, Nova Délhi tem buscado alternativas para proteger seus interesses econômicos. 

O governo de Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos indianos, o que intensificou a busca por novos parceiros estratégicos.

Modi viajou à China pela primeira vez em sete anos, gesto que sinaliza o desejo de reaproximação entre os dois gigantes asiáticos, historicamente marcados por tensões fronteiriças e disputas regionais. 

Em Tianjin, Modi foi visto de mãos dadas com Putin e Xi, em uma clara mensagem de unidade.

Rússia apoia iniciativa chinesa e busca fortalecer papel da OCX

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, destacou que ao menos uma dúzia de países já manifestaram interesse em aderir à Organização para Cooperação de Xangai. Para o líder russo, isso mostra a relevância crescente do bloco.

“A Rússia apoia a iniciativa de Xi Jinping e está interessada em iniciar discussões específicas sobre as propostas apresentadas pela China. Acredito que é a OCX que poderia assumir o papel de liderança nos esforços que visam moldar um sistema de governança global mais justo”, declarou Putin.

Cooperação estratégica ganha força em meio às tarifas dos EUA

A guerra tarifária promovida pelos Estados Unidos contra adversários e aliados tem servido de catalisador para aproximar China, Índia e Rússia. Xi Jinping criticou duramente o unilateralismo, prática intensificada durante o governo Trump, que adotou medidas sem consultar parceiros internacionais.

O líder chinês defendeu a construção de uma governança global baseada em “consulta ampla, contribuição conjunta e benefício compartilhado”, ressaltando que o mundo precisa de integração, não de divisão.

A importância do Cinturão e Rota da Seda

Um dos pontos mais destacados por Xi Jinping foi a continuidade da iniciativa do Cinturão e Rota da Seda, projeto que conecta a China a diferentes continentes por meio de investimentos em infraestrutura e comércio. 

Para Pequim, esse é um dos caminhos para promover uma globalização inclusiva, em oposição às barreiras econômicas levantadas por Washington.

Xi ainda anunciou um pacote de ajuda financeira de US$ 280 milhões aos membros da OCX, além de um empréstimo adicional de 10 bilhões de yuans destinado aos bancos do bloco. A proposta reforça a liderança econômica da China no cenário multilateral.

Índia e Rússia ampliam cooperação bilateral

Em paralelo às discussões multilaterais, Narendra Modi e Vladimir Putin aproveitaram o encontro para aprofundar parcerias bilaterais. O primeiro-ministro indiano destacou, em rede social, a importância da relação estratégica com Moscou, que envolve comércio, fertilizantes, segurança, cultura e até cooperação espacial.

Segundo Modi, “nossa Parceria Estratégica Privilegiada Especial continua sendo o pilar mais importante da estabilidade regional e global”. A fala mostra que, apesar das pressões externas, a Índia pretende manter sua proximidade com a Rússia, especialmente no contexto energético.

China e Índia ensaiam reconciliação histórica

Embora tenham um histórico de disputas territoriais, China e Índia vêm sinalizando disposição para melhorar suas relações diplomáticas. 

O Ministério das Relações Exteriores de Pequim afirmou que o encontro entre Xi e Modi representa uma “continuação de um processo de melhoria das relações iniciado em Kazan, durante a cúpula do Brics de 2024”.

Segundo o comunicado oficial, a relação bilateral voltou a uma trajetória positiva, com avanços como a manutenção da paz nas fronteiras e a retomada de voos diretos entre os dois países. “Índia e China são parceiras, não rivais. Nosso consenso supera em muito nossa discordância”, afirmou a diplomacia chinesa.

O peso simbólico do encontro em Tianjin

A cúpula da OCX ocorreu às vésperas da celebração do 80º aniversário da vitória chinesa contra a agressão japonesa e do fim da 2ª Guerra Mundial, evento que contou com a presença de 50 líderes internacionais em um desfile militar. O simbolismo da data reforçou a narrativa de Xi Jinping de que o mundo precisa de cooperação para superar momentos de crise e evitar a repetição de erros do passado.

Impactos no tabuleiro geopolítico global

A aproximação entre China, Índia e Rússia tem potencial para reconfigurar as relações internacionais. De um lado, os Estados Unidos insistem em impor barreiras comerciais e políticas; de outro, o bloco liderado por Pequim busca fortalecer alternativas de governança multilateral.

Além das iniciativas econômicas e militares, a OCX também discute cooperação em áreas como inteligência artificial, energia verde e combate ao narcotráfico, mostrando que o objetivo vai além da geopolítica tradicional.

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Rannyson Moura

Graduado em Publicidade e Propaganda pela UERN; mestre em Comunicação Social pela UFMG e doutorando em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG. Atua como redator freelancer desde 2019, com textos publicados em sites como Baixaki, MinhaSérie e Letras.mus.br. Academicamente, tem trabalhos publicados em livros e apresentados em eventos da área. Entre os temas de pesquisa, destaca-se o interesse pelo mercado editorial a partir de um olhar que considera diferentes marcadores sociais.

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