Com 35 metros de altura e 350 toneladas, o Buda de Ibiraçu é a maior escultura de Buda das Américas. Símbolo de paz e fé, transformou o Espírito Santo em destino espiritual.
Erguida silenciosamente em meio às montanhas do Espírito Santo, a estátua do Buda de Ibiraçu tornou-se uma das obras mais impressionantes do Brasil moderno. Com 35 metros de altura, 350 toneladas de ferro e concreto armado e uma imponência que rivaliza com o Cristo Redentor, o monumento é hoje a maior escultura de Buda das Américas e símbolo máximo de espiritualidade e paz interior na região.
A obra, inaugurada em 2019, está localizada na Comunidade Zen Budista Morro da Vargem, um dos principais centros de prática do budismo no país. O Buda gigante, sentado em posição de meditação e voltado para o nascer do sol, domina a paisagem do município de Ibiraçu, a cerca de 75 quilômetros de Vitória, capital capixaba.
Um colosso erguido entre fé e engenharia
A grandiosidade da escultura impressiona tanto pela dimensão espiritual quanto pela complexidade técnica. O projeto levou quase cinco anos para ser concluído e exigiu o trabalho de dezenas de engenheiros, escultores e artesãos especializados em concreto armado.
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O monumento possui uma base de 7 metros de altura, que abriga um pequeno templo e um espaço de meditação para monges e visitantes.
A figura do Buda foi construída em módulos, transportados por guindastes até o topo da colina — um desafio logístico que mobilizou a comunidade local e contou com apoio de voluntários.
De acordo com o Mosteiro Zen Morro da Vargem, a estátua foi idealizada não apenas como uma atração turística, mas como um símbolo de equilíbrio e tolerância religiosa. “Ela representa o despertar da consciência e a busca pela serenidade em tempos de agitação. Queremos que as pessoas venham aqui e sintam paz”, explicou o monge Daiju Bittencourt, responsável pelo mosteiro.
Um marco turístico do Espírito Santo
Desde sua inauguração, o Buda de Ibiraçu transformou o município de pouco mais de 10 mil habitantes em um destino de turismo espiritual e religioso. O local recebe mais de 50 mil visitantes por ano, entre curiosos, praticantes budistas e viajantes em busca de tranquilidade.
O acesso é gratuito, e a área foi planejada para integrar-se à natureza. O trajeto até o topo da colina é feito por uma estrada sinuosa cercada de mata atlântica preservada, e o visitante é recebido por jardins, sinos e esculturas que representam os ensinamentos de Buda.
Além do Buda gigante, a Comunidade Zen Morro da Vargem abriga uma série de templos, salas de meditação, lagos ornamentais e uma escola de preservação ambiental que realiza projetos educativos com crianças da região.
Uma obra que rivaliza com monumentos históricos
Com seus 35 metros de altura superando os 30 metros do Cristo Redentor (sem o pedestal) — o Buda de Ibiraçu se tornou um dos monumentos mais altos do Brasil. Quando somada a base de concreto, sua altura total ultrapassa 40 metros, colocando-o entre as maiores esculturas religiosas do hemisfério ocidental.
O impacto visual é ainda mais marcante ao entardecer, quando a luz do sol reflete sobre a superfície dourada da estátua e cria um espetáculo de cores que pode ser visto a quilômetros de distância. Muitos visitantes descrevem a experiência como “espiritualmente arrebatadora”.
“É impossível chegar aqui e não se emocionar. A energia é diferente, a paz é quase palpável”, relatou a turista Carla Ferreira, que viajou de Minas Gerais para conhecer o local após assistir a um documentário sobre o monumento.
Entre a contemplação e a preservação
O Buda de Ibiraçu é também um exemplo de como a arquitetura espiritual pode se integrar à preservação ambiental. O mosteiro está situado em uma área de reflorestamento de 150 hectares, com trilhas ecológicas, viveiros e espécies nativas reintroduzidas pela comunidade budista ao longo de quatro décadas.
O espaço é administrado pela Comunidade Zen Morro da Vargem, a primeira do gênero fundada no Brasil, em 1974. Desde então, o local tornou-se referência em educação ambiental, diálogo inter-religioso e promoção da paz.
O monge Daiju resume o propósito da obra em uma frase que se tornou lema entre os visitantes: “O Buda não foi construído para ser olhado, mas para inspirar o olhar de dentro.”
Hoje, o Buda de Ibiraçu é considerado uma das sete maravilhas espirituais do Brasil contemporâneo, segundo levantamento do portal de turismo religioso Viagens & Destinos. O monumento aparece lado a lado com o Cristo Redentor, o Santuário de Aparecida e o Templo Zu Lai, em São Paulo.
Mais do que um ponto turístico, o Buda se tornou um símbolo de fé, introspecção e tolerância, lembrando que mesmo nas pequenas cidades é possível erguer obras que refletem grandeza interior.