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Um templo de 2.000 anos, construído por imigrantes árabes foi encontrado submerso na costa da Itália

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 28/10/2024 às 23:25
templo, Itália
Foto: Reprodução

Arqueólogos encontram templo submerso de 2.000 anos, pertencente à “civilização Indiana Jones”, na costa italiana. Essa relíquia, feita por imigrantes árabes, revela detalhes da antiga cultura nabateia. Confira!

Arqueólogos descobriram estruturas submersas na costa de Pozzuoli, próxima a Nápoles, que indicam a presença de um antigo templo nabateu, datado de mais de 2.000 anos. A localização da construção, associada à cultura dos nabateus — conhecidos popularmente como a “civilização Indiana Jones” em referência ao famoso filme — revela altares de mármore e placas inscritas, configurando um dos achados mais impressionantes da arqueologia marítima na região.

Esse templo, construído na época em que a cidade romana de Puteoli era um dos portos mais movimentados da Itália, oferece novas perspectivas sobre a conexão entre o mundo romano e o antigo Reino Nabateu, que prosperou na Península Arábica.

Segundo Michele Stefanile, arqueóloga marítima e autora principal do estudo, esta descoberta foi inesperada e possui grande relevância histórica.

Uma janela para o comércio e cultura Nabateia

No contexto histórico, Puteoli era um centro de comércio onde mercadorias como grãos e bens de luxo eram trocadas. É nesse ambiente que a comunidade nabateia encontrou um espaço para prosperar, trazendo consigo suas práticas religiosas e costumes. “É natural que os nabateus, comerciantes influentes do antigo Oriente, tivessem estabelecido sua presença em Puteoli“, comenta o historiador Steven Tuck, da Universidade de Miami.

Os nabateus são amplamente conhecidos por Petra, sua capital na Jordânia atual, onde o famoso “Tesouro” foi esculpido na rocha e imortalizado no filme “Indiana Jones e a Última Cruzada”. Petra simboliza a riqueza e o poder acumulados pelos nabateus entre o século IV a.C. e o século II d.C., enquanto controlavam rotas comerciais que forneciam produtos de luxo ao Império Romano.

Estrutura e inscrições do templo

Durante a investigação subaquática realizada em 2023, os arqueólogos identificaram duas grandes salas com paredes construídas em estilo romano, medindo aproximadamente 10 metros por 5 metros. Dentro de uma das salas, foram descobertos altares de mármore branco encostados nas paredes, possivelmente abrigando pedras sagradas, conforme as inscrições encontradas nas placas de mármore que dedicam o templo ao deus Dushara, principal divindade nabateia.

Esse detalhe evidencia uma mistura cultural, onde os nabateus utilizaram a arquitetura e a língua latina, mas mantiveram suas tradições religiosas. “Parece que temos um edifício dedicado aos deuses nabateus, mas com arquitetura romana e inscrições em latim”, destaca Michele Stefanile.

Exemplos de altares e lajes de mármore com inscrições encontradas na costa de Pozzuoli, Itália.(Crédito da imagem: Figura de M. Stefanile)

Destruição e enterro do templo

Com a anexação de Nabataea pelo Império Romano em 106 d.C., os nabateus perderam o controle das rotas comerciais, culminando em uma fase de declínio econômico. Isso afetou diretamente a comunidade nabateia em Puteoli, levando ao abandono e, possivelmente, ao soterramento do templo, que foi propositalmente enterrado no século II d.C. com concreto e cerâmica quebrada. Segundo Stefanile, isso pode estar associado a mudanças econômicas e sociais que pressionaram os nabateus a deixarem a região.

O arqueólogo Laurent Tholbecq, da Université libre de Bruxelles, sugere que a destruição do templo reflete o turbilhão da época. “Após a expansão romana no Oriente, os nabateus perderam a liberdade comercial que detinham e, eventualmente, abandonaram Puteoli, possivelmente sepultando seu templo para evitar profanações”, explica Tholbecq.

Impacto da descoberta na história mediterrânea

Essa descoberta revela uma nova camada da interação cultural e comercial no Mediterrâneo antigo, destacando a relevância da comunidade nabateia em uma época dominada pela expansão romana. A presença dos nabateus em Puteoli confirma que o porto era um ponto de encontro multicultural e vital para o comércio romano.

Os achados submersos abrem um campo promissor para novas pesquisas, que poderão explorar mais profundamente como diferentes culturas influenciaram a dinâmica social e religiosa do Mediterrâneo.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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