Descoberta acidental de fragmentos de uma canoa polinésia por um pescador e seu filho fornece novas pistas sobre a navegação ancestral na região
Há cerca de 3.000 anos, os navegadores do Sudeste Asiático começaram a explorar o Pacífico, estabelecendo-se nas ilhas da Polinésia. Utilizando grandes canoas esculpidas em árvores, esses marinheiros atravessavam o oceano guiando-se pelas estrelas.
Agora, uma dessas embarcações, conhecida como waka, foi descoberta nas Ilhas Chatham, na Nova Zelândia, em centenas de pedaços.
A descoberta feita por acaso
Os restos do barco foram encontrados no ano passado por um jovem e seu pai, Nikau e Vincent Dix, enquanto caminhavam perto de um riacho na ilha principal das Chatham, chamado Rekohu no idioma indígena Moriori.
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Vincent, pescador local, contou à Rádio Nova Zelândia que tudo começou depois de uma grande chuva. Durante uma caminhada, Nikau notou pedaços de madeira na água.
A princípio, acreditaram que poderiam reaproveitar o material. Nikau contou que estava com o filho carregando o barco e levando os cachorros para correr na praia logo após uma grande chuva. Ao encontrarem a madeira, acharam que poderia ser útil e a levaram para casa. Começaram a montá-la, tentando entender do que se tratava. Com o tempo, perceberam que o material começava a tomar a forma de um barco.
Pouco tempo depois, uma nova tempestade trouxe mais peças à tona. Ao retornarem ao local, encontrou um pedaço de madeira entalhada, que pode ter sido a proa da embarcação. Foi nesse momento que percebeu que se tratava de um verdadeiro waka ancestral.
Escavação e montagem dos fragmentos da canoa polinésia
Manatū Taonga Ministério da Cultura e Patrimônio
Após a descoberta, as autoridades foram notificadas e uma equipe de pesquisadores iniciou as escavações em janeiro. Os arqueólogos recuperaram mais de 450 peças do barco.
Maxwell contou ao Te Ao With Moana que o barco não foi esculpido em uma única árvore, como muitas wakas, mas sim construído a partir de várias peças de madeira cuidadosamente moldadas e encaixadas.
O arqueólogo também revelou que a equipe encontrou elementos raramente preservados, como partes da vela, cordas e amarrações. “Antes de começarmos este projeto, o Santo Graal seria encontrar parte da vela, ou parte do barbante que mantinha as coisas unidas, ou parte da corda ou da rolha”, diz Maxwell. “Encontramos tudo isso. Isso nos deixou completamente espantados.”
Para os pesquisadores, essas descobertas são fundamentais para entender melhor a tecnologia marítima dos antigos navegadores polinésios.
Ligação da canoa polinésia com o Povo Moriori
Acredita-se que o barco tenha sido construído pelo povo Moriori, os primeiros habitantes das Ilhas Chatham. Segundo Maui Solomon, presidente do Moriori Imi Settlement Trust, o design do waka é compatível com registros históricos da cultura Moriori.
Ele ressaltou que os destaques e alçadas longas são semelhantes aos dos barcos tradicionais menores desse povo.
O Povo Moriori chegou às Ilhas Chatham por volta de 1500, após navegarem a partir da Nova Zelândia continental. A descoberta do waka reforça evidências sobre sua capacidade de navegação e conhecimento marítimo avançado.
Ainda não se sabe a idade exata da embarcação. Os pesquisadores confirmaram que pelo menos três dos pedaços de madeira são de árvores da Nova Zelândia. Atualmente, uma equipe liderada pela conservadora Sara Gainsford trabalha para preservar os fragmentos encontrados.
Um laboratório foi montado próximo ao local da escavação, onde os especialistas analisam os detalhes do barco. Maxwell e Gainsford preparam um relatório detalhado sobre as descobertas, que poderá revelar novas informações sobre a construção e o uso dos wakas polinésios.
Com informações de Smith Sonian.