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Um novo polo de urânio capaz de abastecer todo um continente começa a surgir na América do Sul

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 10/10/2025 às 19:09
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Río Negro, na Argentina, pode abrigar o maior polo de urânio da América do Sul. O projeto Amarillo Grande avança com novas perfurações e promete transformar a matriz energética continental

Uma região da Patagônia argentina pode estar prestes a se transformar em um dos centros mais promissores de produção de urânio do planeta.

O avanço das perfurações, aliado a estudos geofísicos detalhados, está aproximando a Argentina da criação de um distrito de mineração com potencial para redefinir o mapa energético do continente.

O avanço de um projeto que desperta interesse global

A empresa Blue Sky Uranium, em parceria com a Ivana Minerales S.A., concluiu recentemente um extenso programa de 4.959 metros de perfuração de preenchimento em um dos depósitos mais promissores do país. Paralelamente, foi realizado um estudo de tomografia elétrica — uma técnica de ponta que permite mapear anomalias subterrâneas e identificar novas zonas de mineralização.

Essas duas frentes combinadas representam um salto decisivo: com dados mais precisos sobre o recurso e a descoberta de novas áreas ricas em urânio, a região se aproxima da meta de alcançar o Estudo de Pré-Viabilidade (PFS) — etapa fundamental que definirá se o depósito tem potencial econômico para se tornar um distrito internacional de urânio.

Equipos de perfuração operam em campo no projeto Amarillo Grande, em Río Negro, Argentina, durante a fase de sondagem de 4.959 metros conduzida pela Blue Sky Uranium e Ivana Minerales S.A., voltada à identificação de novas zonas de urânio

Amarillo Grande: o coração do novo polo energético argentino

O projeto se desenvolve na província de Río Negro, dentro do complexo conhecido como Amarillo Grande, que já é considerado uma das áreas mais promissoras da América do Sul. O setor chamado Ivana se destaca por um corredor mineralizado de mais de 2,4 km de extensão e até 1 km de largura, com profundidades médias entre 40 e 60 metros.

As campanhas anteriores já haviam confirmado não apenas a presença de urânio, mas também de prata, cobre, cobalto e tungstênio — uma combinação rara que reforça o potencial econômico e estratégico do projeto. Além de ampliar a diversificação da matriz energética argentina, Amarillo Grande pode posicionar o país como um novo ator relevante no mercado nuclear global, com capacidade de exportar combustível para reatores de todo o continente.

Dados que inspiram confiança nos investidores

O novo programa incluiu 328 novos poços, elevando o total para mais de 15.800 metros perfurados em 1.166 poços. O objetivo principal foi aumentar a precisão na estimativa de recursos, transformando reservas classificadas como “inferidas” em categorias mais confiáveis — um passo técnico essencial para futuros estudos de viabilidade econômica e engenharia.

Essa fase não apenas fortalece a base científica do projeto, como também envia um recado claro ao mercado internacional: a região de Río Negro pode estar pronta para migrar da exploração para a produção, atraindo empresas e governos interessados em diversificar o fornecimento global de urânio em um cenário de crescente demanda por energia nuclear limpa.

Um roteiro técnico de longo prazo

Enquanto as máquinas seguem operando no campo, a Blue Sky Uranium deu início a um estudo de brechas e lacunas técnicas, conduzido pela M3 Engineering, que delineia os passos necessários para levar o depósito à etapa de Prefactibilidade e, posteriormente, à Factibilidade Definitiva.

Esse plano inclui desde ensaios metalúrgicos e projetos de engenharia de mina até estudos sobre infraestrutura, uso da água e impacto ambiental e social. Empresas como SRK Consulting e Hidroar S.A. também participam do processo, com o objetivo de garantir que o desenvolvimento seja sustentável, rentável e compatível com as exigências internacionais de segurança e governança ambiental.

O futuro do distrito Amarillo Grande

Para Nikolaos Cacos, presidente da Blue Sky Uranium, o depósito Ivana tem potencial para ser o núcleo de um distrito de urânio de projeção continental, com uma planta central de processamento e diversas frentes de extração satélite. Se os próximos estudos confirmarem a qualidade e a viabilidade econômica do recurso, a província de Río Negro poderá se transformar em um novo polo estratégico da energia nuclear na América do Sul.

O avanço de Amarillo Grande ocorre em um contexto global em que o urânio voltou ao centro das atenções. Países como Estados Unidos, França, Índia e China estão reativando ou expandindo seus programas nucleares para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. A América do Sul, até então periférica nesse setor, pode em breve entrar nesse mapa — e a Argentina parece determinada a liderar esse movimento.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, vivendo no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Escrevo artigos sobre temas complexos em uma linguagem acessível, mantendo rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico

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