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Um funcionário de 28 anos corrigiu o erro bilionário do Santander trocando uma única palavra e revelou o abismo entre banco e povo brasileiro

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 15/10/2025 às 14:35
Um caso do Santander mostra como mudar uma palavra em ofertas de crédito pode transformar a linguagem bancária e multiplicar a conversão.
Um caso do Santander mostra como mudar uma palavra em ofertas de crédito pode transformar a linguagem bancária e multiplicar a conversão.
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Ao retirar o “pré” de “crédito pré-aprovado”, um funcionário de 28 anos destravou a adesão em caixas eletrônicos e mostrou que linguagem simples pode valer bilhões em conversão e reputação

Um funcionário de 28 anos chamou atenção da cúpula do Santander ao propor uma mudança mínima — e decisiva — na tela dos caixas eletrônicos: trocar “crédito pré-aprovado” por “crédito aprovado”. O ajuste eliminou o temor de “passar vergonha” e fez a taxa de adesão sair de um dígito para dois dígitos, segundo o relato.

O funcionário era ex-CEO do Santander, Sergio Rial e o episódio virou estudo de caso interno sobre design de comunicação, inclusão financeira e conversão. Ao simplificar a mensagem, o banco aproximou o produto da realidade de quem depende do ATM, reduzindo o ruído entre a promessa e a percepção do cliente. A história também escancara uma fratura antiga: a distância cultural entre a linguagem dos bancos e o cotidiano de quem vive com pouco.

Do “pré-aprovado” ao “aprovado”: a palavra que mudou o resultado

A barreira não era tecnológica. Estava na semântica. “Pré” sugere condicionais, revisão, possível negativa. Para quem teme constrangimento, “pré” é sinônimo de insegurança.

A tela que deveria convidar para o crédito emitia um alerta social: “alguém ainda vai julgar”.

Ao suprimir o “pré”, a mensagem passou a garantir pertencimento: não há etapa oculta, não há provação.

A promessa ficou clara e prática, compatível com o contexto de quem recorre ao ATM por não ter meios digitais ou crédito ativo.

Resultado: adesão em dois dígitos e um produto que “encaixa” no comportamento real do cliente.

O abismo entre banco e povo brasileiro

O caso ilustra um dilema estrutural. De um lado, processos sofisticados, jargões e camadas de risco desenhadas por quem raramente usa um ATM no dia a dia.

Do outro, milhões de brasileiros com renda apertada, que navegam entre tarifas, filas e telas que não falam sua língua.

Quando a mensagem não considera o medo do vexame — medo real, cotidiano —, o cliente se protege dizendo “não”.

A comunicação falha transforma um produto potencialmente útil em ameaça reputacional para o próprio consumidor.

É nesse detalhe que mora a perda bilionária: conversões que nunca acontecem.

Conversão, risco e linguagem: como uma vírgula altera o P&L

Bancos tendem a tratar linguagem como “acessório”. Não é.

É infraestrutura de vendas e risco.

Uma palavra pode ampliar base, reduzir custo de aquisição e melhorar mix de clientes — ou fazer o oposto. Em crédito massivo, pequenas variações de aceitação geram impactos exponenciais na carteira.

Ao mesmo tempo, clareza reduz inadimplência por seleção adversa: quem entende o que contrata tende a usar melhor o limite, erra menos e custa menos.

Mensagem certa = carteira mais saudável. A troca de “pré-aprovado” por “aprovado” é o símbolo de um design que remove atrito invisível.

O papel do funcionário de 28 anos: escuta, chão de loja e decisão rápida

O autor da ideia trazia a experiência de varejo — “chão de loja” — onde cor, palavra e gesto mudam o resultado.

Esse repertório prático faltava ao produto no ATM. A comunicação foi redesenhada por quem vê o cliente de perto e entende como ele evita humilhação pública.

Do outro lado, havia liderança permeável para testar a hipótese.

Sem teste, insight vira retórica. Com teste, vira governança de produto: experimento controlado, medição de take rate, ajuste de risco e rollout.

É assim que inovação de baixo custo se transforma em efeito bilionário.

Lições operacionais para times de produto e compliance

Primeiro, escrever como se fala. Cada termo precisa passar por um teste de compreensão com público real, especialmente clientes de baixa renda. Palavras carregam história — “pré” carrega “provação”.

Segundo, testes A/B regimentados com métricas de conversão, ativação, uso e atraso. Sem números, é opinião.

Com números, vira prioridade de backlog. Terceiro, compliance desde o início: clareza não pode prometer o que o risco não sustenta.

Se está “aprovado”, o fluxo não pode recuar.

Limites, ética e transparência em ofertas de crédito

Linguagem simples não é licença para empurrar dívida.

É obrigação de informar condições, custo total e consequências de atraso de forma visível e objetiva. Transparência preserva a confiança que a simplificação ajuda a construir.

Também importa mapear vulnerabilidades: se o ATM vira principal canal de oferta, é preciso calibrar fricções saudáveis (ex.: confirmação dupla, simulação de parcelas, aviso claro de CET).

Convencer sem pressionar é a régua ética do varejo financeiro.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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