Pela primeira vez, energia solar e eólica juntas produziram mais eletricidade que o carvão nos EUA. Momento simboliza virada histórica na matriz energética americana. Veja os dados
A rede elétrica dos Estados Unidos viveu um marco histórico em 2024. Pela primeira vez, a energia solar e a eólica geraram mais eletricidade do que o carvão. Os dados foram divulgados pelo think tank de energia Ember. Eles mostram uma mudança significativa na matriz energética americana, após décadas de domínio do carvão.
Por muitos anos, o carvão foi baseado na produção de eletricidade no país. Ele abasteceu fábricas, residências e impulsionou o crescimento econômico. Mas em 2024, a geração de energia a partir do carvão caiu para somente 15%.
Já as fontes solares e eólica alcançaram, juntas, 17%. Uma conversão inédita, que marca o declínio contínuo de uma das fontes fósseis mais tradicionais.
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Uma nova era energética
A mudança não é exclusiva dos Estados Unidos. A Agência Internacional de Energia (AIE) afirmou que o mundo está entrando na chamada Era da Eletricidade. Segundo a agência, o uso de carvão, petróleo e gás ainda é expressivo, mas as fontes renováveis estão ganhando espaço e substituindo os combustíveis fósseis.
Esse movimento é visível em várias partes do mundo. Os países da OCDE, como os EUA e os membros da União Europeia, estão acelerando a sua transição energética. O Reino Unido, por exemplo, encerrou o uso de sua última usina a carvão.
A União Europeia viu a energia solar e eólica eliminar os combustíveis fósseis pela primeira vez. No primeiro semestre de 2024, essas fontes limpas geraram 30% da eletricidade do bloco, contra 27% dos combustíveis fósseis.
Avanço constante
Nos Estados Unidos, o avanço das energias renováveis foi consistente ao longo do ano. De janeiro a novembro, a energia solar e eólica produziram mais eletricidade que o carvão. Em março e abril, a energia eólica sozinha superou o carvão.
A diferença em volume também impressiona: 90 terawatts-hora (TWh) a mais em relação ao mesmo período do ano anterior. O suficiente para abastecer 9 milhões de lares.
Para Dave Jones, analista-chefe da Ember, esse crescimento não é pontual. Ele destaca que a energia solar adicionou mais capacidade de geração do que o gás natural em 2024. E as baterias, segundo ele, vão garantir que a energia solar cresça de forma ainda mais rápida e econômica nos próximos anos.
O papel das baterias
O armazenamento sempre foi um desafio para as energias renováveis. Como a produção depende da luz solar e dos ventos, é preciso encontrar formas de armazenar essa energia para uso posterior. Agora, isso está se tornando viável graças à queda nos preços das baterias.
Um exemplo é o caso das baterias de fosfato de ferro-lítio (LFP). Elas não usavam materiais caros, como cobalto ou níquel, e tiveram queda expressiva de custo. Na Índia, o preço caiu de US$ 450 por quilowatt-hora (kWh) em 2021 para cerca de US$ 200/kWh em 2024.
As projeções indicam que até 2030 a capacidade de armazenamento em escala de rede deverá crescer dez vezes. Isso significa que para cada 6 megawatts (MW) de energia renovável instalada, 1 MW de bateria será adicionado.
Os investimentos também são crescentes. A Índia já licitou 16 gigawatts-hora (GWh) em baterias, com 211 megawatts-hora (MWh) operacionais. Na União Europeia, a capacidade dobrou em um ano, atingindo 16 GW.
As baterias vão garantir a estabilidade do fornecimento de energia, mesmo em momentos de baixa produção solar ou eólica.
Obstáculos políticos das energias renováveis
A trajetória das energias renováveis não foi livre de obstáculos. Durante o governo Trump, houve cortes de financiamento, atrasos nas aprovações federais e tarifas que dificultaram novos projetos.
Essas medidas tiveram impacto, mas não conseguiram frear o avanço do setor. As forças de mercado mantiveram o ritmo de crescimento, mesmo diante de um cenário político adverso.
De acordo com Timothy Fox, da ClearView Energy Partners, os desenvolvedores de projetos pensam a longo prazo. Ele afirma que, com esse horizonte, é difícil explicar a construção de uma nova usina a carvão atualmente.
Apoio governamental e metas futuras
O cenário mudou com a Lei de Redução da Inflação, aprovada em 2022. A lei deu novo impulso às energias limpas, oferecendo incentivos e créditos fiscais. Ao mesmo tempo, vários estados americanos adotaram metas ambiciosas para a transição energética.
Mais de 20 estados, como Minnesota, Carolina do Norte e Nebraska, exigem que toda a eletricidade venha de fontes limpas até 2050, ou até antes.
Essa combinação de políticas públicas, queda nos preços das tecnologias e pressão pelas mudanças climáticas acelera a transformação da matriz energética dos EUA.
Em 2024, o código registrou sua menor participação na geração de eletricidade nos Estados Unidos. A energia solar e a eólica, por sua vez, atingiram um novo patamar. Os números confirmam: as fontes renováveis não estão apenas crescendo. Elas estão atualizando as tradicionais.
Esse movimento marca o fim de uma era e o começo de outra. A eletricidade limpa, com suporte de tecnologias de armazenamento, está moldando o futuro da energia. E mesmo com os desafios, a tendência aponta para um sistema cada vez mais sustentável e descentralizado.
Com informações de ZME Science.