Parceria inédita entre a Coreia do Sul e um país da América Latina promete revolucionar a construção de submarinos com tecnologia de ponta
O Brasil se destaca na América Latina como um dos poucos países com capacidade de projetar e construir submarinos modernos, graças ao seu programa de desenvolvimento tecnológico e parceria com potências navais internacionais. A base industrial naval brasileira, liderada pela Marinha do Brasil em conjunto com empresas como a Itaguaí Construções Navais, tem possibilitado a construção de submarinos convencionais e o desenvolvimento do primeiro submarino nuclear brasileiro, o Álvaro Alberto.
Entretanto, outro país da América Latina está estudando o desenvolvimento de submarinos modernos para modernizar a sua frota naval.
No último dia 17 de novembro de 2024, o Palácio Presidencial de Lima foi palco de um marco nas relações bilaterais entre a Coreia do Sul e o Peru.
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O presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol e a presidente peruana Dina Boluarte lideraram uma cúpula oficial que resultou na adoção de uma declaração conjunta e na assinatura de diversos Memorandos de Entendimento (MOUs), destacando a cooperação em defesa naval como um dos principais pilares.
O principal acordo firmado durante o encontro é o desenvolvimento de conjunto de submarinos, um projeto que alavanca as capacidades avançadas da Coreia do Sul na engenharia naval.
Este acordo atende aos interesses estratégicos do Peru em modernizar sua frota naval, fortalecendo suas capacidades marítimas em um contexto de crescente importância geopolítica na região.
Colaboração estratégica em submarinos
A Coreia do Sul, com sua experiência consolidada em projetos de vanguarda como os submarinos da classe KSS-III, desempenhará um papel crucial no fornecimento de tecnologia e expertise para o Peru.
O acordo prevê transferência de tecnologia, cooperação industrial e a possibilidade de uma maior interoperabilidade entre as forças navais de ambos os países.
Além disso, a parceria não se limita apenas ao desenvolvimento de submarinos. Os líderes também discutiram planos para expandir a colaboração em projetos de navios de combate de superfície e embarcações logísticas, aproveitando a avançada indústria de construção naval sul-coreana para atender às necessidades da Marinha Peruana.
Histórico de cooperação naval além dos submarinos
A relação entre Coreia do Sul e Peru na área naval não é recente. Desde 2013, os dois países vêm trabalhando juntos em projetos importantes.
Um dos exemplos mais notáveis foi a construção da plataforma de desembarque BAP Pisco, fruto da colaboração entre o estaleiro peruano SIMA e a Daesun Shipbuilding & Engineering da Coreia do Sul.
Essa parceria foi ampliada com a doação, por parte da Coreia do Sul, de duas corvetas da classe Pohang: BAP Ferré, em 2016, e BAP Guise, em 2022. Tais iniciativas demonstram a profundidade da relação entre os dois países na área de defesa .
Mais recentemente, em abril de 2024, a HD Hyundai Heavy Industries (HHI) garantiu um contrato de US$ 463 milhões com o estaleiro SIMA para a construção de quatro embarcações navais. O projeto inclui uma fragata de 3.400 toneladas, um navio de patrulha offshore de 2.200 toneladas e duas embarcações de desembarque de 1.500 toneladas, com conclusão prevista para 2029.
Reforço de parcerias estratégicas
O encontro de Yoon e Boluarte reforça uma trajetória de cooperação de alto nível. Na cúpula da APEC de 2023, ambos os líderes já concordaram em divulgar os laços no setor de defesa, consolidando um caminho para colaborações ainda mais ambiciosas.
Com os recentes acordos, a Coreia do Sul reafirma sua posição como parceiro estratégico para o Peru na América Latina. As nações demonstram que, ao combinar recursos e expertise, podem alcançar avanços avançados em suas capacidades navais e de defesa.
Apesar da satisfação, ainda resta o desafio de alinhar cronogramas e coordenar a execução dos projetos de forma eficiente. Porém, as perspectivas de longo prazo são promissoras, com benefícios econômicos e militares para ambos os países.
Este momento representa, portanto, um marco na história das relações bilaterais, destacando a importância da cooperação multilateral em um cenário internacional cada vez mais complexo.