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Último dia de produção: fábrica de calçados gaúcha desliga as máquinas amanhã, 10 de outubro, demite 135 funcionários após 14 anos e devolve área de 5,7 mil m² à prefeitura

Escrito por Felipe Alves da Silva
Publicado em 09/10/2025 às 20:23
Funcionários desligam máquinas no último dia de produção de fábrica de calçados em Chapada, RS, em 10 de outubro.
Último dia de produção na fábrica de calçados em Chapada, que encerra atividades em 10 de outubro após quase 14 anos de operação.
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Em Chapada, no norte do Rio Grande do Sul, o fechamento da indústria calçadista marca o fim de uma era e expõe os desafios da produção após a pandemia e invernos mais quentes

Amanhã, 10 de outubro, marca o fim de uma era para o município de Chapada, no norte do Rio Grande do Sul. Depois de quase 14 anos de funcionamento, uma tradicional fábrica de calçados gaúcha encerrará definitivamente sua produção, desligando as máquinas e demitindo 135 funcionários. A decisão foi confirmada nesta semana e deixará um impacto profundo na economia local de uma cidade com pouco mais de 9,5 mil habitantes.

Crise acumulada desde a pandemia

Conforme divulgado pelo portal GZH, o fechamento não tem relação direta com o chamado “tarifaço de Trump”, mas com as dificuldades acumuladas desde a pandemia. As indústrias do setor calçadista enfrentam uma série de obstáculos que se agravaram nos últimos anos, como custos elevados, retração na demanda e invernos cada vez mais amenos — um fator que reduziu significativamente o consumo de botas femininas no mercado interno.

Os dados ilustram o declínio: antes da crise sanitária, a produção média diária era de 7,5 mil pares de calçados. Nos últimos meses, o volume despencou para 2,5 mil pares, uma queda de 66%. O número de empregados também encolheu de 320 para 135, redução de 58% no quadro de pessoal. As empresas, que contam com acionistas chineses, direcionavam 80% das vendas para o estado de São Paulo, um dos maiores polos consumidores do país.

Impacto social e devolução da área à prefeitura

Com o encerramento das atividades, a área industrial de 5.790 metros quadrados será devolvida à prefeitura de Chapada. O espaço, que por mais de uma década abrigou uma das principais fontes de renda e empregos da cidade, agora deverá ser destinado a novos projetos ou à atração de outras empresas interessadas em ocupar o local.

Segundo o gerente Volmar Stürmer, todos os funcionários receberão seus direitos trabalhistas:

“Vamos continuar produzindo até 10 de outubro. Todos os funcionários vão sair com seus direitos; a empresa sempre foi muito correta, não teve uma mão cheia de ações trabalhistas em seus quase 14 anos de atuação”, afirmou.

A afirmação reforça o cuidado da direção em encerrar o ciclo de forma responsável, sem deixar pendências jurídicas ou prejuízos aos colaboradores.

Um reflexo da economia gaúcha e do clima em mudança

Além dos impactos diretos no emprego, o fechamento simboliza uma tendência preocupante para o setor calçadista gaúcho. Com o aumento das temperaturas médias nos últimos anos, as coleções de inverno — tradicionalmente o carro-chefe das exportações e vendas nacionais — perderam força. As fábricas que apostavam nesse nicho passaram a enfrentar estoques elevados e margens menores.

Apesar do fim da produção em Chapada, o centro de distribuição da marca localizado em Campo Bom, na Região Metropolitana de Porto Alegre, seguirá operando normalmente, o que indica que parte da estrutura comercial e logística continuará ativa.

A crise da fábrica de Chapada não é um caso isolado, mas um retrato de um setor que luta para se reinventar diante das mudanças econômicas e climáticas. E para uma cidade pequena do interior gaúcho, o silêncio das máquinas nesta quinta-feira será um símbolo claro de como a transformação global chega, cedo ou tarde, a todos os cantos.

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Felipe Alves da Silva

Sou Felipe Alves, com experiência na produção de conteúdo sobre segurança nacional, geopolítica, tecnologia e temas estratégicos que impactam diretamente o cenário contemporâneo. Ao longo da minha trajetória, busco oferecer análises claras, confiáveis e atualizadas, voltadas a especialistas, entusiastas e profissionais da área de segurança e geopolítica. Meu compromisso é contribuir para uma compreensão acessível e qualificada dos desafios e transformações no campo estratégico global. Sugestões de pauta, dúvidas ou contato institucional: fa06279@gmail.com

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