Decisão do governo de retomar a cobrança de vistos afetou o fluxo de visitantes estrangeiros em 2025
Apesar de o Brasil ter começado 2025 com um aumento de 25,3% no número de turistas de Estados Unidos, Canadá e Austrália, o cenário mudou. Desde abril, os dados da Embratur apontam uma queda. Os números foram coletados pela Polícia Federal e Ministério do Turismo.
O país recebeu 320.229 estrangeiros de janeiro a março. No mesmo período de 2024 foram 255.522. Desde 10 de abril, a cobrança de vistos entrou em vigor novamente.
No segundo trimestre de 2025, o total caiu para 176.491 turistas. Isso representa uma queda de 0,6% em relação a 2024. Em 2024, o total foi de 177.526. A queda coincide com o decreto presidencial assinado por Luiz Inácio Lula da Silva.
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Ele cancelou a isenção de vistos criada em 2019, no governo anterior.
Medida de reciprocidade contestada
A justificativa do governo foi a reciprocidade diplomática. O Itamaraty defende que não é sustentável manter a isenção sem contrapartida. O decreto, publicado em maio de 2023, visava pressionar os países.
EUA, Canadá, Austrália e Japão foram incluídos. Apenas o Japão suspendeu a exigência de vistos. Parlamentares passaram a questionar a decisão do Executivo. Eles alegam que a exigência afeta o fluxo de turistas.
O senador Carlos Portinho (PL-RJ) afirma que a medida gera burocracia. Para ele, isso prejudica o setor que movimenta bilhões na economia nacional.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) relatou projeto que tenta derrubar o decreto. Para ele, barreiras desestimulam estrangeiros e impactam hotelaria, transporte e alimentação.
Impacto econômico do fluxo de turistas
O Brasil recebeu 6,7 milhões de turistas estrangeiros em 2024. Houve aumento de 14,6% em relação a 2023. Só EUA, Canadá e Austrália somaram 728 mil visitantes em 2023. Isso representou um crescimento de 8% em relação a 2022.
Os americanos lideraram o fluxo. Foram responsáveis por 83% dos visitantes dos três países no semestre. Isso soma 410 mil turistas.
Eles representaram quase 8% dos 5,3 milhões de estrangeiros entre janeiro e junho de 2025. Os dados são da Polícia Federal.
A cobrança de cerca de US$ 80 por visto não entra no Orçamento Geral da União. Esse valor vai para o Itamaraty.
Para os críticos, isso enfraquece o argumento econômico para manter a exigência de vistos.
Congresso reage e tenta derrubar decreto
Parlamentares reagiram desde o início da retomada dos vistos. Em março de 2025, o Senado Federal aprovou projeto para derrubar o decreto. Eles argumentam que o Executivo extrapolou suas competências.
O projeto ainda segue na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara.
Além disso, o relator é o deputado Marcel Van Hatten (Novo-RS).
Por isso, o texto precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça. Depois, segue para o plenário. No entanto, ainda não há prazo definido para a votação.
Enquanto isso, setores do turismo seguem pressionando por flexibilização. Além disso, especialistas afirmam que o Brasil tem grande potencial.
Por isso, o país precisa facilitar o acesso de turistas internacionais.
Itamaraty mantém posição firme
Embora enfrente muitas críticas, o Ministério das Relações Exteriores, por isso, ainda mantém a exigência de vistos. Além disso, a decisão, portanto, gera debates.
Por isso, em nota enviada a senadores em 2025, o Itamaraty defendeu a medida. Além disso, os assessores afirmam que a política segue o princípio da reciprocidade.
No entanto, não houve aumento significativo de turistas após 2019, portanto, os dados da Polícia Federal confirmam essa queda.
Por exemplo, EUA, Canadá, Austrália e Japão representaram 8,8% dos visitantes estrangeiros em 2019, quando houve isenção.
Contudo, em 2024, o percentual caiu para 8,4%.
Assim, para o governo, isso mostra que a isenção não garantiu o crescimento do turismo internacional.