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Turbinas eólicas viram alvo de tensão entre China e Alemanha por suspeita de espionagem

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 30/04/2025 às 17:34
Turbinas eólicas viram alvo de tensão entre China e Alemanha por suspeita de espionagem
Imagem gerada por inteligência artificial
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Relatório do Ministério da Defesa acende sinal vermelho sobre segurança tecnológica e dependência energética da Europa diante do avanço de empresas chinesas no setor de energias renováveis.

A relação comercial entre China e Alemanha ganhou um novo capítulo de tensão após a divulgação de um relatório encomendado pelo Ministério da Defesa alemão, que sugere possíveis riscos de espionagem por meio de turbinas eólicas fabricadas por empresas chinesas. A denúncia, embora não comprovada, reacende o debate sobre segurança tecnológica, dependência industrial e soberania energética em países da Europa.

Segundo o documento elaborado por um think tank alemão, as turbinas eólicas chinesas instaladas em território alemão estariam equipadas com sensores capazes de coletar dados sensíveis ou, em casos extremos, permitir o desligamento remoto dos equipamentos. O relatório recomenda que o governo suspenda projetos com participação de empresas chinesas, como o parque eólico offshore de Waterkant, no Mar do Norte.

China nega e acusa barreira comercial disfarçada de preocupação com segurança

A Câmara de Comércio da China com a União Europeia (CCCEU) reagiu imediatamente às alegações, classificando o relatório como “tecnicamente implausível e sem base factual”. Em nota oficial, a entidade argumenta que as turbinas são projetadas exclusivamente para otimizar desempenho, monitorar falhas e proteger a vida selvagem.

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De acordo com a CCCEU, os sistemas de controle remoto dos parques eólicos citados, incluindo o de Waterkant, são gerenciados por empresas europeias, e não por fornecedores chineses. Ainda segundo os representantes da China, as acusações são vistas como um pretexto para limitar a presença de fabricantes chineses no mercado europeu, o que poderia afetar a concorrência internacional e as relações bilaterais.

Uso de turbinas eólicas na segurança nacional vira tema de debate internacional

A discussão sobre o uso de turbinas eólicas em áreas sensíveis não é exclusiva da Alemanha. A Suécia, por exemplo, suspendeu projetos eólicos offshore próximos a instalações militares por temer impactos nos sistemas de rastreamento e defesa. Segundo técnicos, o tamanho e o posicionamento das turbinas podem interferir no monitoramento de mísseis e aeronaves.

Por outro lado, outros países da União Europeia têm explorado estratégias opostas. A Polônia, por exemplo, está utilizando turbinas eólicas como aliadas da vigilância marítima, integrando equipamentos de radar e sonar nas estruturas instaladas no mar. A ideia está sendo expandida pelo projeto Symbiosis, desenvolvido em conjunto pela WindEurope, OTAN e Agência Europeia de Defesa (EDA), que busca aproveitar os parques eólicos como plataformas multifuncionais de defesa e geração de energia.

Acusações contra a China se repetem na Europa

A suspeita de espionagem envolvendo a China não é inédita na Alemanha. Em 2023, autoridades prenderam três pessoas acusadas de roubar informações relacionadas à tecnologia militar. Mais recentemente, o país acusou o governo chinês de operar aeronaves espaciais secretas sobrevoando o espaço aéreo europeu.

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A imprensa alemã tem repercutido investigações que envolvem o uso de sinais de satélites Starlink para rastrear aviões e drones, bem como o desenvolvimento de câmeras com capacidade de identificar rostos a até 100 quilômetros de distância. Esses casos alimentam o receio de que a China esteja desenvolvendo uma estrutura de inteligência voltada ao domínio tecnológico e econômico até o ano de 2049.

O foco dessas ações estaria concentrado na Guoanbu, agência de segurança estatal chinesa, que teria ampliado sua atuação na coleta de dados estratégicos ao redor do mundo, com ênfase em espionagem industrial e ciberespionagem.

Energia e comércio no centro das relações sino-europeias

Apesar das tensões recentes, a China segue como um dos principais parceiros comerciais da Alemanha e da União Europeia. Em 2024, o comércio bilateral entre os países somou 5,59 trilhões de yuans (equivalente a US$ 771 bilhões), com crescimento de 1,6% em relação ao ano anterior.

A expansão da participação chinesa em projetos de energia, especialmente na área de turbinas eólicas, é vista com cautela por países europeus. As empresas chinesas estão entre as maiores fornecedoras de equipamentos para geração de energia renovável, incluindo componentes para energia eólica offshore, setor em que a Europa também busca liderar.

Com os Estados Unidos reduzindo tarifas de importação e ajustando suas políticas comerciais, Pequim vem aproveitando o cenário para ampliar suas exportações e fortalecer laços com parceiros europeus. No entanto, o avanço das turbinas eólicas fabricadas por empresas chinesas passou a ser acompanhado por preocupações sobre a segurança dos dados e o controle da infraestrutura crítica.

Sensores e sistemas de monitoramento estão no centro da controvérsia

No centro da controvérsia estão os sensores instalados nas turbinas eólicas, responsáveis por funções como detecção de falhas, monitoramento climático e otimização do desempenho. Segundo especialistas alemães, esses sensores, se mal utilizados, poderiam ser explorados para fins não autorizados.

A principal preocupação levantada pelo relatório é que os sensores e os sistemas de conectividade possam permitir o envio de dados para servidores fora da Europa ou, em casos extremos, permitir interferência remota nas operações. O receio aumenta em ambientes sensíveis, como instalações militares ou infraestruturas críticas de energia.

A China, por sua vez, sustenta que tais alegações são tecnicamente inviáveis. A CCCEU reforça que as turbinas fabricadas por empresas chinesas operam dentro das regulamentações europeias e são auditadas por entidades independentes. Além disso, os sistemas de comando e controle são, em sua maioria, de responsabilidade de operadores europeus.

Fonte: Xataka

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Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos acessíveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: deborasthefanecruz@gmail.com

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