Uma turbina eólica com foco na geração limpa de energia foi testada em túneis do Metrô de São Paulo por mais de uma semana para atestar a eficácia da tecnologia.
De acordo com informações do jornal “O Estado de São Paulo”, foram nove dias de testes feitos entre as estações Brigadeiro e Paraíso da Linha 2-Verde.
Conforme a publicação, o estudo foi realizado no final do ano passado, mas os detalhes só foram revelados neste mês de abril. Segundo as informações, a tecnologia utiliza o vento gerado pelo movimento dos trens para a geração de energia.
Nesse sentido, constatou-se a geração, em uma turbina, de 800 quilowatts por dia em 20 horas de operação diária, o suficiente para iluminar túneis ou uma estação de médio porte, segundo o próprio Metrô.
Tecnologia do ITA
A publicação do jornal citado informa que essa turbina foi desenvolvida pela Vento VAWT, uma startup que faz parte do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), juntamente com professores da entidade.
Segundo o Metrô de São Paulo, que ressalta não existir um acordo fechado para a aquisição da tecnologia, sendo a ideia avaliar o potencial do modelo para a rede metroviária, “os testes visam o encontro de soluções que possam ser aplicadas em escala e trazer opções sustentáveis do ponto de vista ambiental e econômico-financeiro”.
Nesse sentido, a estatal completa que “essa é uma ação ainda no campo do desenvolvimento, mas que pode se somar às demais iniciativas do Metrô em prol da eficiência energética e diversidade na matriz”.
Autoprodução de energia na pauta
Além da parceria com o ITA, o Metrô de São Paulo também trabalha com foco na autoprodução de energia elétrica. Para isso, a instituição abriu licitações que focam na geração de até 40% de sua energia utilizada advinda de fontes renováveis – a meta é assinar contrato no 2º semestre e iniciar a produção em 2026.
Pontos estratégicos
Segundo o Metrô, para realizar os testes, foram utilizados locais onde o vento gerado pelos veículos foi considerado ideal, diminuindo, desta forma, a interferência de instabilidades meteorológicas para esses experimentos.
Já segundo a Vento VAWT, a turbina utilizada para os testes é uma inovação, pois contorna o efeito do arrasto aerodinâmico, algo comum nesses tipos de equipamento. Isso ocorre porque o vento bate de todos os lados e causa perda de eficiência na geração de energia.
Nesse sentido, a startup explica que testes mostraram que essa turbina apresenta, além de um preço menor, uma eficiência três vezes maior do que uma turbina vertical comum, que fica em aproximadamente 18%.
Turbina eólica pequena e outras vantagens
Em entrevista ao jornal citado, Eduardo Bueno, que é inventor da turbina, explicou que a tecnologia é pequena, 1,40 metros de altura, precisando de somente um metro quadrado para a sua instalação. Tal fato é bem diferente das turbinas convencionais que parecem moinhos e precisam de estrutura grande e bastante espaço livre, sendo instaladas em regiões agrícolas e com poucos obstáculos, sem prédios ou árvores.
Outra vantagem, explica o criador da tecnologia, são as possibilidades de se acoplar outras turbinas para potencializar a geração e o baixo ruído e custos menores para transporte do sistema e a proteção à fauna, visto que existe a possibilidade da colocação de uma tela em volta da turbina, o que acaba protegendo a vida selvagem, aves, insetos e roedores”, acrescenta Bueno.