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Túnel submerso de R$ 41 bilhões em forma de ‘quebra-cabeça’ vai ligar país a outro em 10 minutos

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 30/10/2025 às 21:00
Obra de €7 bilhões construirá o maior túnel submerso do mundo entre Dinamarca e Alemanha, com 18 km e travessia em apenas 10 minutos.
Obra de €7 bilhões construirá o maior túnel submerso do mundo entre Dinamarca e Alemanha, com 18 km e travessia em apenas 10 minutos.
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Megaobra entre Dinamarca e Alemanha usa tecnologia de módulos pré-fabricados para criar o maior túnel submerso do mundo e promete reduzir drasticamente o tempo de viagem entre os dois países.

Uma das maiores obras de infraestrutura da Europa está em andamento no Mar Báltico e promete mudar o transporte entre Dinamarca e Alemanha.

O Fehmarnbelt Fixed Link, com aproximadamente 18 quilômetros de extensão e conclusão prevista para 2029, utiliza a técnica de túneis imersos formados por módulos pré-fabricados.

A construção, orçada em € 7,4 bilhões (cerca de R$ 41 bilhões), será o maior túnel submerso do mundo nesse formato, segundo as empresas responsáveis.

O que será entregue ao fim da obra

O túnel reunirá duas rodovias de pista dupla e duas vias férreas eletrificadas.

Quando entrar em operação, a travessia entre Rødby, na Dinamarca, e Puttgarden, na Alemanha — hoje feita por balsa — passará a durar cerca de sete minutos de trem e dez minutos de carro, segundo a operadora Femern A/S.

A estrutura também foi planejada para transporte de carga, integrando o corredor escandinavo-mediterrâneo da rede transeuropeia.

Técnica de imersão e montagem das seções

Vista da fábrica de elementos do túnel imerso do Fehmarnbelt, com módulos de concreto de 217 m sendo produzidos para a ligação Dinamarca-Alemanha. (Imagem: Femern A/S)
Vista da fábrica de elementos do túnel imerso do Fehmarnbelt, com módulos de concreto de 217 m sendo produzidos para a ligação Dinamarca-Alemanha. (Imagem: Femern A/S)

Ao contrário de túneis escavados, o Fehmarnbelt será formado por elementos de concreto pré-moldados, construídos em terra e submersos no leito do mar.

Cada módulo é rebocado até a área da obra, posicionado e acoplado por meio de juntas estanques.

O processo ocorre dentro de uma trincheira dragada no fundo do mar e recoberta posteriormente por camadas de proteção.

De acordo com engenheiros do projeto, essa técnica foi escolhida por reduzir riscos geológicos e acelerar o cronograma, já que o estreito do Báltico tem profundidade moderada.

As peças do “quebra-cabeça” submerso

Os módulos padrão têm 217 metros de comprimento, 42 metros de largura e 9 metros de altura, com peso aproximado de 73,5 mil toneladas.

Haverá 79 seções padrão e 10 especiais, que abrigarão áreas técnicas e sistemas de manutenção.

Após a união dos blocos, o túnel formará uma estrutura contínua para trens e veículos.

Produção e instalação no Mar Báltico

A fabricação ocorre em um estaleiro especialmente construído na Dinamarca, com capacidade para produzir múltiplos elementos simultaneamente.

Cada módulo é vedado, rebocado e posicionado no local por barcaças e guindastes de precisão.

O encaixe requer ajustes milimétricos antes de o compartimento ser esvaziado, criando o vácuo que une as seções.

O processo completo de instalação deve levar cerca de três anos, conforme o cronograma oficial.

Viagem mais rápida e sistemas de segurança

Portal de acesso rodoviário e ferroviário no lado alemão (Puttgarden) do túnel Fehmarnbelt, integrando estrada e ferrovia ao novo eixo logístico. (Imagem: Femern A/S)
Portal de acesso rodoviário e ferroviário no lado alemão (Puttgarden) do túnel Fehmarnbelt, integrando estrada e ferrovia ao novo eixo logístico. (Imagem: Femern A/S)

Após a conclusão, os trens poderão circular a até 200 km/h, reduzindo significativamente o tempo de deslocamento entre os dois países.

As duas pistas de tráfego por sentido também devem aliviar a dependência de balsas, que sofrem interrupções por causa das condições climáticas, segundo autoridades dinamarquesas.

O túnel terá sistemas redundantes de ventilação, rotas de evacuação, sensores de incêndio e monitoramento contínuo, além de um tubo de serviço exclusivo para emergências.

Impacto logístico e econômico

Estudos de impacto logístico apontam que o Fehmarnbelt reduzirá em aproximadamente 160 quilômetros algumas rotas de transporte entre Hamburgo e Copenhague, o que representa ganhos de tempo e economia de combustível.

Especialistas em mobilidade consideram que a nova ligação poderá melhorar a integração entre a Escandinávia e a Europa Central, facilitando o fluxo de mercadorias e passageiros.

Medidas ambientais e compensações

De acordo com a Femern A/S, o projeto foi licenciado com condições ambientais específicas aprovadas por autoridades da Dinamarca e da Alemanha.

Entre as medidas compensatórias estão a criação de cerca de 300 hectares de novas áreas de lazer e conservação nas proximidades de Rødbyhavn e a reconstrução de recifes de pedra no Mar Báltico, em especial na região de Sagas Bank, com aproximadamente 42,5 hectares.

Essas ações visam repor habitats marinhos afetados por obras anteriores e promover a recuperação de ecossistemas locais.

O monitoramento ambiental será mantido durante toda a fase de construção e após a entrada em operação.

Prazos, financiamento e gestão

Obras de dragagem e instalação no leito do Mar Báltico para o túnel imerso de 18 km entre Dinamarca e Alemanha, no projeto Fehmarnbelt. (Imagem: Femern A/S)
Obras de dragagem e instalação no leito do Mar Báltico para o túnel imerso de 18 km entre Dinamarca e Alemanha, no projeto Fehmarnbelt. (Imagem: Femern A/S)

O projeto é executado pela estatal dinamarquesa Femern A/S, sob supervisão do Ministério dos Transportes da Dinamarca.

O financiamento ocorre por meio de empréstimos garantidos pelo Estado, que serão pagos futuramente com pedágios e tarifas ferroviárias.

As obras começaram em 2021, e a previsão de conclusão permanece em meados de 2029, segundo o último relatório oficial.

O custo estimado, de € 7,4 bilhões, não inclui obras complementares de acesso em território alemão, sob responsabilidade local.

Um marco de engenharia, segundo especialistas

Engenheiros e autoridades de transporte classificam o Fehmarnbelt como um marco na aplicação da técnica de túneis imersos.

A estrutura, assentada a cerca de 40 metros abaixo da superfície, será a mais longa do mundo construída por esse método.

Segundo especialistas em infraestrutura, a combinação de produção seriada, controle de qualidade em fábrica e logística marítima de alta precisão permite reduzir prazos e riscos operacionais.

O modelo também foi considerado uma alternativa mais segura e menos vulnerável a intempéries do que pontes de grande vão sobre o Báltico.

O que muda para passageiros e transportadores

Atualmente, o trajeto de balsa entre Rødby e Puttgarden leva aproximadamente 45 minutos, além do tempo de espera e embarque.

Com o novo túnel, o percurso total deve cair para menos de um quarto desse tempo, aumentando a previsibilidade para motoristas e operadores logísticos.

Autoridades do setor afirmam que o Fehmarnbelt poderá se tornar um elo essencial entre os polos industriais do norte europeu e os principais centros da União Europeia.

Que outros pontos do mapa europeu poderiam se beneficiar de obras semelhantes para integrar economias e reduzir distâncias?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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