Um túnel submerso, o primeiro da América Latina, conectará Santos e Guarujá em uma travessia de 2 minutos, mas a realocação de 700 famílias preocupa moradores de Santos, destacando os desafios sociais de uma obra monumental.
De acordo com o Diário do Litoral, em informação divulgada na terça-feira (19), Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), se reuniu com moradores do bairro Macuco, em Santos, para discutir um tema polêmico: as desapropriações necessárias para a construção do túnel Santos-Guarujá, um projeto bilionário que promete revolucionar a mobilidade entre as cidades.
Durante o encontro, Pomini destacou que a posição da APS está alinhada ao Governo do Estado de São Paulo, priorizando o menor número possível de desapropriações e assegurando que as eventuais indenizações sejam justas, calculadas com base no valor de mercado do metro quadrado.
“Estive com o governador Tarcísio (Gomes de Freitas), que informou que a licença ambiental deve sair ainda este ano, com o edital provavelmente sendo publicado em fevereiro do próximo ano.
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Nossa intenção é deixar claro, no edital, que as indenizações, em caso de desapropriações, serão pagas pelo valor justo, de mercado”, afirmou Pomini.
Convocada pelo secretário da Associação Comunitária do Macuco, José Santaella Redorat, a reunião contou com cerca de 30 moradores preocupados com o traçado dos acessos ao túnel e os impactos financeiros das desapropriações.
Pomini enfatizou sua defesa pela desapropriação zero e pelo menor impacto social possível, apontando que o edital definirá obrigações para a empresa privada vencedora da PPP.
Apesar das explicações, os moradores demonstraram preocupação e indicaram que irão buscar novos estudos sobre o valor do metro quadrado das propriedades que poderão ser afetadas.
Entenda o projeto do túnel submerso
O túnel Santos-Guarujá será o primeiro da América Latina construído sob o mar, unindo as duas cidades com uma travessia de apenas dois minutos.
Com investimento estimado em R$ 6 bilhões, a obra contará com seis pistas de tráfego, ciclovias e espaço para o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), proporcionando uma ligação moderna e multifuncional.
Atualmente, a travessia entre Santos e Guarujá é feita por balsas, que frequentemente enfrentam longas filas e atrasos.
A nova infraestrutura promete solucionar esse problema, além de reduzir o impacto do tráfego rodoviário no entorno do Porto de Santos, o maior da América Latina.
Financiamento e cronograma
O projeto será realizado por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), com 86% dos custos cobertos pelo Governo de São Paulo e pelo Ministério de Portos e Aeroportos.
A publicação do edital está prevista para fevereiro de 2025, e as obras devem começar ainda no mesmo ano, com conclusão esperada para 2028.
Além de melhorar a mobilidade, o túnel também impulsionará a logística portuária, garantindo maior eficiência no transporte de cargas sem interferir nas operações de navios.
Impacto econômico: 9 mil empregos diretos e indiretos
Um dos principais atrativos do projeto é sua capacidade de gerar empregos. Durante a construção, estima-se a criação de 9 mil vagas diretas e indiretas, abrangendo setores como construção civil, engenharia e logística.
A obra também deve fomentar o turismo e a economia local, ao facilitar o acesso entre as cidades e integrar o sistema viário ao Aeroporto Regional do Guarujá.
Polêmica e desafios sociais
Embora o túnel represente um avanço significativo, ele também enfrenta resistência devido às desapropriações no bairro Macuco.
Cerca de 700 famílias podem ser impactadas pelo traçado dos acessos ao túnel.
Para minimizar os impactos, a prefeitura de Santos sugeriu a criação de uma “superquadra” para realocar parte das famílias.
No entanto, muitos moradores temem que as indenizações oferecidas não sejam suficientes para adquirir imóveis equivalentes na mesma região.
“É importante garantir que todos os afetados sejam tratados de maneira justa, mas também que os interesses coletivos prevaleçam”, afirmou um representante do projeto durante a reunião.
Um marco para a infraestrutura nacional
O túnel Santos-Guarujá será um divisor de águas para o transporte no Brasil, colocando o país no radar de grandes obras de engenharia internacional.
A expectativa é que ele não só melhore a vida de milhares de pessoas, mas também se torne um modelo de modernidade e sustentabilidade.
Entretanto, será fundamental equilibrar os benefícios da obra com os custos sociais envolvidos.
A questão das desapropriações deve ser resolvida de forma transparente e justa para evitar conflitos que possam comprometer o avanço do projeto.
E você, o que acha dessa obra bilionária? Os benefícios justificam os impactos sociais, ou há outra solução para conectar Santos e Guarujá?