Túnel avaliado em R$ 6 bilhões, promete criar 9 mil empregos, mas enfrenta resistência devido aos baixos valores de desapropriação oferecidos aos moradores.
Um túnel monumental que promete revolucionar a conexão entre Santos e Guarujá está prestes a sair do papel, com um custo estimado em quase R$ 6 bilhões.
A grandiosa obra pode gerar 9 mil empregos e será um marco para a infraestrutura do Brasil.
Mas, enquanto o projeto ganha força, os moradores de um bairro crucial para a execução enfrentam uma situação dramática: a ameaça de receberem apenas uma fração do valor real de suas casas, caso sejam desapropriados. E essa situação tem gerado um verdadeiro desespero na população local.
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A questão se tornou um ponto sensível entre os moradores do bairro Macuco, em Santos.
O Estado planeja pagar cerca de R$ 2.390,00 por metro quadrado de área construída, valor muito abaixo do preço de mercado, que gira em torno de R$ 9 mil, segundo o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-SP).
Mas por que essa diferença tão gritante? E mais importante, será que o projeto conseguirá seguir adiante sem gerar mais controvérsias?
A discrepância nos valores de desapropriação
De acordo com a Companhia Paulista de Parcerias (CPP), o valor oferecido aos moradores foi definido com base no Estudo de Viabilidade do Túnel Imerso Santos-Guarujá, uma avaliação que levou em conta o preço médio do metro quadrado na região e também o impacto da obra no bairro Macuco.
Segundo o estudo, o valor de R$ 2.390,00 por metro quadrado foi estabelecido com base em uma composição de terreno e benfeitorias, conforme pesquisa realizada pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Contudo, o preço real dos imóveis na região é muito superior.
Segundo dados do Creci-SP, confirmados pelo presidente da entidade, José Augusto Viana Neto, o metro quadrado em Santos pode variar de R$ 4 mil a R$ 17 mil, sendo que a maioria dos negócios se fecha na faixa de R$ 9 mil.
Esse descompasso entre o valor ofertado pelo governo e o valor de mercado tem alimentado um clima de tensão nas audiências públicas, que vêm sendo realizadas para debater o projeto.
Revolta e desespero nas audiências públicas
Nas audiências públicas realizadas recentemente nas cidades de Santos e Guarujá, a questão das desapropriações foi o tema central dos debates.
Segundo Nilson Regalado, jornalista do Diário do Litoral em matéria nesta terça-feira (15), na última quarta-feira, 21 moradores do bairro Macuco participaram de uma audiência no Teatro Guarany, em Santos, para expressar suas preocupações.
A Associação Comunitária do Macuco (Acom) inscreveu os moradores para falar e muitos deles manifestaram sua insatisfação.
Fabiana Rodrigues Graça Rufo Paiva, uma das moradoras afetadas, declarou:
“Claramente, os valores não são adequados para a compra de outro imóvel em Santos, que é uma cidade muito cara. Provavelmente, se esse valor for mantido, levará a contestações judiciais”.
Outro participante, o representante do Sindicato dos Servidores Públicos de Santos, Flávio Saraiva, complementou:
“Espero que o Governo do Estado tenha a sensibilidade para não despejar o prejuízo desse túnel em cima dos moradores do Macuco”.
A proposta dele foi que o governo subsidiar as famílias afetadas, já que subsidiará com R$ 290 milhões/ano a empreiteira que irá operar o túnel.
Negociações e expectativas para uma solução
Diante da pressão popular, a diretora da Companhia Paulista de Parcerias, Raquel França, afirmou que o governo está disposto a reavaliar os valores oferecidos aos moradores.
“Estamos abertos para realizar uma nova reunião com os moradores do Macuco e a Prefeitura de Santos para rediscutir esse valor”, declarou ela, em resposta à insatisfação generalizada.
Segundo a Secretaria de Estado de Parceria em Investimento, o valor de R$ 2.390,00 não é definitivo, e foi definido pela FIPE com base em uma pesquisa de terrenos disponíveis na região, utilizando dados do portal Zap Imóveis.
O cálculo envolveu a aplicação do Custo Unitário Básico da Construção (CUB) sobre as áreas edificadas afetadas pela obra, levando em consideração verbas adicionais, como auxílio a mudanças e compensação por lucros cessantes para imóveis comerciais.
O cronograma das obras e os desafios
Mesmo com toda essa polêmica, o túnel Santos-Guarujá continua avançando.
A previsão é que a licitação para a escolha da empreiteira ou consórcio responsável pela obra seja lançada no primeiro semestre de 2025.
A assinatura do contrato de Parceria Público-Privada (PPP) deve acontecer até outubro de 2025, com um prazo de 12 meses para a elaboração do projeto executivo.
As obras estão previstas para começar em outubro de 2026, e a conclusão da obra deverá ocorrer em 2030.
O túnel, que terá 870 metros de extensão e ficará submerso no Estuário do Porto de Santos, será um dos maiores projetos de infraestrutura já realizados no Brasil, com um custo total estimado em R$ 6 bilhões, financiado pelos governos federal e estadual.
A expectativa é que a obra não apenas conecte as cidades de Santos e Guarujá, mas também gere 9 mil empregos, dinamizando a economia da região.
Será que esse projeto trará mais benefícios ou problemas?
O futuro do túnel Santos-Guarujá ainda é incerto, especialmente por conta das questões envolvendo as desapropriações e os valores oferecidos pelo governo.
A população do bairro Macuco teme que o projeto, que poderia ser uma revolução na mobilidade da região, se torne um pesadelo para quem será removido de suas casas.
Mas e você, o que acha? Será que o túnel Santos-Guarujá será um marco para o Brasil ou um exemplo de problemas mal geridos?