Arqueólogos encontraram na Alta Baviera um monumento funerário colossal com mais de 9 metros de diâmetro, possivelmente ligado a uma elite romana, que combina tradições romanas e celtas em um raro túmulo simbólico de 2.000 anos
Arqueólogos anunciaram a descoberta de um monumento funerário romano monumental e extremamente raro na Alta Baviera, revelando novos detalhes sobre a presença romana na antiga província de Récia, no sul da Alemanha.
A estrutura, localizada perto de Wolkertshofen, no distrito de Eichstätt, desafia expectativas e oferece pistas valiosas sobre o encontro entre tradições romanas e celtas há cerca de dois milênios.
Descoberta inesperada no sul da Alemanha
O Escritório Estatal da Baviera para Preservação de Monumentos classificou a descoberta como “particularmente notável”.
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O achado consiste na base de um túmulo romano localizado ao longo de uma antiga estrada da época imperial.
Embora sepultamentos desse tipo façam parte da tradição romana, os especialistas destacam a raridade de encontrá-los nessa região. Segundo a publicação Ancient Origins, túmulos monumentais começaram a surgir na província de Récia apenas a partir do século I.
“Descobrir um monumento funerário desta escala e período aqui foi totalmente inesperado”, afirmou o professor Mathias Pfeil, Conservador Geral do BLfD.
A descoberta levanta questões sobre o status social de quem o encomendou, já que a estrutura pode ter sido construída em homenagem a uma figura poderosa, cuja identidade permanece desconhecida.
Monumento de grandes dimensões e arquitetura singular
A estrutura veio à tona durante a construção de uma bacia de retenção de águas pluviais iniciada no outono de 2024. Como o terreno possui registros de ocupação humana desde as Idades do Bronze e do Ferro, arqueólogos acompanharam de perto as escavações. A surpresa veio quando encontraram uma fundação circular de pedra com mais de nove metros de diâmetro.
No lado sul, surgiu uma extensão quadrada de 2 metros por 1,9 metro, que provavelmente serviu como base para uma estátua ou estela.
A qualidade da construção chamou atenção, indicando que a estrutura formava a parede periférica de um monumento funerário.
No entanto, a ausência de restos humanos ou objetos funerários revelou um detalhe intrigante: tratava-se de um cenotáfio, um túmulo simbólico erguido para alguém sepultado em outro lugar.
Sinal de poder e memória familiar
A construção de cenotáfios era uma prática comum entre famílias abastadas romanas, que buscavam exibir seu status social e prestar homenagem a membros falecidos.
O tamanho do monumento descoberto reflete exatamente esse propósito: comunicar prestígio e memória. Especialistas sugerem que o túmulo homenageia alguém que pode ter morrido longe de casa, reforçando seu papel simbólico na paisagem local.
A localização do monumento também é significativa. Ele foi erguido ao longo de uma estrada romana próxima a uma villa rustica — uma propriedade rural típica do Império —, sugerindo que sua posição estratégica visava garantir visibilidade e destaque.
Raridade e importância histórica
Embora existam diversos sítios funerários romanos na região de Augsburgo, túmulos com paredes circulares de pedra e dimensões tão expressivas são considerados “extremamente raros” na antiga província de Récia. Por isso, a descoberta tem grande relevância para o avanço da pesquisa sobre a presença romana na Baviera.
Estudos iniciais indicam que o monumento combina elementos arquitetônicos romanos com tradições funerárias celtas mais antigas.
Essa fusão remete a práticas anteriores à chegada dos romanos, quando montes funerários eram comuns na Idade do Bronze e do Ferro.
Os arqueólogos observam que, especificamente nessa região, tais estruturas remetem a tradições pré-romanas, sugerindo um encontro e uma integração cultural significativa.
Encontro de culturas e legado milenar
O túmulo descoberto em Wolkertshofen mostra que a elite romana levou em conta as tradições arquitetônicas locais ao projetar o monumento há cerca de dois mil anos.
Essa escolha ilustra a estratégia romana de incorporar elementos culturais regionais em suas práticas funerárias, fortalecendo vínculos com as populações locais e deixando um legado que atravessou os séculos.
A revelação desse monumento — ao mesmo tempo romano e celta — oferece um raro vislumbre das complexas interações culturais que moldaram a vida na fronteira norte do Império.
Mais do que um túmulo, ele representa um elo simbólico entre mundos distintos, ressurgindo agora para lançar nova luz sobre a presença romana na Baviera e sobre a maneira como impérios e tradições locais se encontraram no passado.


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