Entenda como o hidrogênio verde no Brasil se torna peça-chave na transição energética, atraindo investimentos e reforçando o protagonismo nacional em sustentabilidade.
O interesse pelo hidrogênio como fonte de energia remonta ao século XIX, quando o cientista francês Jules Verne já imaginava um futuro em que o hidrogênio poderia ser utilizado como combustível limpo.
No entanto, foi apenas nas últimas décadas que essa ideia ganhou força, especialmente devido às preocupações com as mudanças climáticas e à necessidade urgente de alternativas sustentáveis.
No Brasil, o hidrogênio verde vem ganhando destaque como uma solução para diversificar a matriz energética e reduzir emissões de gases de efeito estufa.
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De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, 2023), o hidrogênio verde é produzido por meio da eletrólise da água usando energia renovável, o que evita emissões de carbono.
O hidrogênio é o elemento químico mais abundante no universo e, quando utilizado como combustível, gera energia sem liberar dióxido de carbono.
A eletrólise, processo que divide a água em hidrogênio e oxigênio usando corrente elétrica, torna-se sustentável quando a energia que alimenta esse processo vem de fontes limpas, como solar, eólica ou hídrica.
Historicamente, o hidrogênio cinza, produzido a partir do gás natural, dominou a indústria, mas emite grandes quantidades de CO₂.
O hidrogênio azul, uma alternativa que captura essas emissões, ainda depende de combustíveis fósseis.
Já o hidrogênio verde tem se destacado por ser verdadeiramente limpo, impulsionado pelo crescimento das energias renováveis e pela urgência climática, como relata o relatório da IEA de 2023.
O potencial natural do Brasil para o hidrogênio verde
De acordo com o Plano Nacional de Energia 2050, divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em 2022:
O Brasil possui um dos maiores potenciais mundiais para a produção de hidrogênio verde devido à sua matriz energética renovável.
O país tem um histórico consolidado em energia limpa, com destaque para a energia hidrelétrica, que desde de 1950 é a principal fonte do Brasil.
Nas últimas duas décadas, o crescimento das fontes eólica e solar elevou ainda mais esse potencial.
O Brasil conta com abundância de recursos naturais, grande extensão territorial para instalação de parques renováveis e disponibilidade de água, todos fatores favoráveis para a produção de hidrogênio verde.
Em 2021, o Ministério de Minas e Energia lançou o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), buscando alinhar esforços entre governo, empresas e universidades para fomentar o setor.
Conforme a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI, 2023), o PNH2 tem como metas o desenvolvimento tecnológico, a formação de mão de obra e o estímulo a investimentos privados.
Estados como Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte e Pernambuco já anunciam investimentos bilionários em infraestrutura e pesquisa, visando transformar suas regiões em polos de produção e exportação do combustível verde.
Projetos e investimentos que impulsionam o setor
O Porto do Pecém, no Ceará, destaca-se como um projeto estratégico, que pretende transformar a região em um hub de exportação de hidrogênio verde.
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Ceará (2023), sua localização próxima à Europa facilita o escoamento do produto para mercados internacionais.
Além disso, os portos de Suape, em Pernambuco, e Açu, no Rio de Janeiro, também se preparam para receber investimentos em infraestrutura de hidrogênio.
Essa expansão integra a logística portuária à economia verde, fomentando novos negócios e gerando empregos.
Apesar dos avanços, o Brasil enfrenta desafios. O alto custo inicial dos equipamentos de eletrólise ainda limita a escala de produção, tornando necessário apoio governamental e políticas públicas eficazes.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI, 2023), a ausência de um marco regulatório claro representa outro obstáculo.
Para atrair investimentos, o país precisa estabelecer normas e incentivos que ofereçam segurança jurídica e estimulem o crescimento do setor.
Oportunidades e impactos econômicos e ambientais
Historicamente, o Brasil tem experiência com biocombustíveis, como o etanol, que impulsionou a indústria nacional e contribuiu para a diversificação da matriz energética.
Agora, com o hidrogênio verde, o país tem a chance de liderar um novo ciclo de inovação.
Setores como siderurgia, fertilizantes e transporte pesado podem se beneficiar do hidrogênio, substituindo fontes fósseis por alternativas limpas e reduzindo emissões.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2023), essa transição traz benefícios ambientais e sociais, como a geração de empregos qualificados e o fortalecimento da economia.
Na agroindústria, o hidrogênio verde pode diminuir a dependência do Brasil em fertilizantes importados, o que representa uma vantagem competitiva importante no mercado global.
O avanço do hidrogênio verde ajuda o país a cumprir metas climáticas estabelecidas em acordos internacionais, além de fortalecer sua imagem como potência ambiental.
Por fim, o hidrogênio verde no Brasil representa mais que uma tendência: trata-se de uma estratégia sólida para um futuro energético limpo, seguro e competitivo.
Com decisões firmes, políticas públicas adequadas e investimentos coordenados, o país pode liderar essa transformação e se destacar globalmente na economia sustentável.