Anúncio de Trump para reativar a Prisão de Alcatraz gera dúvidas sobre custos e viabilidade. Entenda a proposta, a história do local e os desafios envolvidos.
Donald Trump anunciou planos para reabrir a Prisão de Alcatraz. A ordem é para agências federais planejarem a reabertura e expansão do local. Alcatraz está fechada há mais de 60 anos. Hoje é um parque nacional e ponto turístico popular. O anúncio gerou ceticismo imediato. A proposta parece ligada às frustrações de Trump com leis de imigração e o poder judiciário.
A ordem presidencial: Reconstruir Alcatraz para criminosos e contra juízes?
Trump declarou via Truth Social e a repórteres sua diretiva. Ordenou ao Bureau of Prisons (BOP), DOJ, FBI e Segurança Interna que planejem a reabertura. O plano inclui uma reconstrução e expansão significativas da antiga Prisão de Alcatraz. A justificativa oficial é abrigar os “infratores mais implacáveis e violentos”. Trump os chamou de “escória da sociedade”. Contudo, a repórteres, ele ligou a ideia à frustração com juízes. Criticou a exigência de devido processo legal para imigrantes ilegais.
O simbolismo de Alcatraz como “Lei, Ordem e JUSTIÇA” também foi invocado. Essa mistura de justificativas sugere que a nova Prisão de Alcatraz poderia, na visão de Trump, abrigar também imigrantes visados para deportação, contornando processos judiciais. A diretiva ignora os enormes obstáculos práticos que levaram ao fechamento original.
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Alcatraz histórica: De “Rocha” inescapável a parque nacional popular
A Prisão de Alcatraz funcionou como penitenciária federal de segurança máxima entre 1934 e 1963. Foi projetada para os criminosos mais incorrigíveis, como Al Capone. Ganhou fama como “The Rock”, considerada inescapável devido às águas frias e correntes da Baía de São Francisco (apesar de 14 tentativas de fuga). Sua capacidade era de 336 presos. Foi fechada em 21 de março de 1963. Os motivos principais foram a deterioração da estrutura (concreto corroído pela água salgada) e os altos custos operacionais (quase 3 vezes mais caros que outras prisões em 1959).
Desde 1972, a ilha é gerenciada pelo Serviço Nacional de Parques (NPS). É um Marco Histórico Nacional e atração turística (>1 milhão de visitantes/ano). Foi também palco da ocupação indígena de 1969-1971, um marco do movimento “Red Power”. Hoje, a ilha abriga jardins, vida selvagem e exposições. Reabrir a Prisão de Alcatraz apagaria essas outras identidades.
A realidade dos custos: Por que reabrir a Prisão de Alcatraz seria bilionário?
Os custos para reabrir a Prisão de Alcatraz seriam astronômicos. Já eram proibitivos nos anos 60. Estimativas modernas para restauração e reconstrução variam de US$ 175 milhões a mais de US$ 1 bilhão. Isso cobriria reparos estruturais, adaptação sísmica, segurança moderna e utilidades básicas. Só atualizar o encanamento é um desafio imenso.
Os custos operacionais anuais também seriam exorbitantes (estimados entre US$ 40 milhões e US$ 75 milhões), mantendo a Prisão de Alcatraz muito mais cara que outras. Além disso, haveria a perda da receita de turismo (cerca de US$ 60 milhões/ano). Nenhum plano de financiamento via Congresso foi apresentado.
Os obstáculos para a nova Prisão de Alcatraz
A logística é um pesadelo. Por ser uma ilha, tudo precisa ser transportado por barco: materiais, comida, combustível, pessoal, presos e até água potável (historicamente, 1 milhão de galões/semana). A remoção de esgoto também seria por barcaça (não há sistema funcional). A infraestrutura está severamente deteriorada pela corrosão.
Adaptar aos padrões atuais exigiria investimento maciço. A expansão pedida por Trump seria ainda mais complexa na ilha rochosa. Legalmente, a Prisão de Alcatraz está sob jurisdição do NPS. Transferir o controle seria complexo. O status de Marco Histórico Nacional e leis ambientais complicariam a reconstrução. Aprovação do Congresso seria necessária.
Por que a proposta de reabrir Alcatraz é vista como “não séria”?
As reações foram majoritariamente céticas. O BOP apenas afirmou que cumprirá ordens. Políticos como Nancy Pelosi (“não séria”) e Scott Wiener (“absurda”), além do gabinete do governador da Califórnia (“distração”), rejeitaram a ideia. Analistas e a mídia focaram na impraticabilidade e nos custos. O contexto político inclui as batalhas de Trump sobre imigração e o judiciário.
O BOP já opera 16 prisões federais de alta segurança (incluindo a Supermax ADX Florence) e enfrenta seus próprios problemas internos (falta de pessoal, etc.). Diante dos obstáculos, da existência de alternativas e da ligação com disputas políticas, a proposta de reabrir a Prisão de Alcatraz parece ter um objetivo primariamente simbólico e político, não prático.