Com proposta de cessar-fogo imediato, libertação de 1.900 prisioneiros palestinos e supervisão internacional, os EUA buscam encerrar o conflito na Faixa de Gaza e reposicionar Trump como figura central na geopolítica mundial
Os Estados Unidos apresentaram um plano ambicioso para encerrar a guerra em Gaza, colocando Donald Trump no centro de um Conselho da Paz internacional. A proposta prevê anistia a integrantes do Hamas que entregarem as armas, reconstrução do território sob gestão tecnocrática palestina e até mesmo a criação de um Estado palestino.
Conforme noticiado pelo G1 e confirmado em comunicado oficial da Casa Branca, o documento detalha medidas como cessar-fogo imediato, troca de reféns em até 72 horas, libertação de mais de 1.900 prisioneiros palestinos e uma retirada gradual de Israel, supervisionada por uma força internacional de estabilização.
Primeiros pontos do plano americano
Segundo o plano, o Hamas terá 72 horas para devolver todos os reféns israelenses em troca da libertação de 1.900 prisioneiros palestinos, incluindo 250 sentenciados à prisão perpétua. A proposta também prevê a devolução de restos mortais de combatentes de ambos os lados.
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Donald Trump declarou em coletiva de imprensa que, caso o Hamas rejeite o acordo, os EUA apoiarão ações militares definitivas contra o grupo terrorista. Ao seu lado, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu reforçou que Israel dará prosseguimento à ofensiva se não houver aceitação dos termos.
“Se o Hamas rejeitar o plano, senhor presidente, ou fingir aceitá-lo e depois descumpri-lo, Israel concluirá o trabalho por conta própria”, afirmou Netanyahu, em discurso na Casa Branca.
Ajuda humanitária e reconstrução da Faixa de Gaza
Outro ponto crucial é a entrada imediata de ajuda humanitária. O plano assegura envio de alimentos, medicamentos, água, eletricidade, hospitais e infraestrutura básica. Caminhões com equipamentos pesados serão autorizados para limpar escombros e reabrir estradas, com distribuição controlada pela ONU, pelo Crescente Vermelho e por organizações internacionais neutras.
Além disso, Gaza será reconstruída por especialistas internacionais em conjunto com um comitê tecnocrático palestino. Esse órgão será temporário e supervisionado pelo Conselho da Paz presidido por Trump, até que a Autoridade Palestina conclua reformas institucionais necessárias para reassumir o território.
Desmilitarização e anistia ao Hamas
O documento é explícito sobre o desmantelamento da infraestrutura militar em Gaza. Túneis, fábricas de armas e depósitos de munição seriam destruídos sob supervisão internacional. Combatentes do Hamas teriam a opção de entregar suas armas em troca de anistia, enquanto aqueles que desejassem sair receberiam passagem segura para outros países.
A medida pretende desradicalizar o território e criar condições para uma futura governança pacífica. Segundo o texto oficial, “ninguém será forçado a deixar Gaza, mas quem optar por sair poderá fazê-lo livremente, com direito de retorno garantido”.
Segurança internacional e papel dos EUA
Para garantir estabilidade em Gaza, o plano prevê a criação de uma Força Internacional de Estabilização (ISF), composta por países árabes e apoiada por Washington. Essa força terá a missão de treinar a polícia palestina, assegurar que túneis não sejam reconstruídos e impedir a entrada de novas armas no enclave.
O documento indica que Israel não anexará a Faixa de Gaza. Em vez disso, as Forças de Defesa Israelenses (IDF) se retirarão gradualmente, mantendo apenas um perímetro temporário de segurança até que a ISF estabeleça pleno controle.
De acordo com o comunicado, os Estados Unidos trabalharão em conjunto com Egito e Jordânia, países que possuem experiência no treinamento de forças de segurança palestinas. O objetivo é consolidar um caminho político para a autodeterminação palestina, algo considerado inédito no atual contexto do Oriente Médio.
Rumo a um Estado palestino
Outro aspecto central é a criação de uma governança moderna e transparente em Gaza, desenhada por especialistas internacionais e palestinos tecnocráticos. O Conselho da Paz, presidido por Trump, ficará responsável por administrar os recursos destinados à reconstrução e por criar um ambiente favorável a investimentos estrangeiros.
Além disso, será estabelecida uma zona econômica especial para atrair empresas e gerar empregos, oferecendo incentivos fiscais e logísticos. Essa estratégia busca transformar Gaza em uma região autossustentável e menos dependente de doações internacionais.
Segundo o plano, enquanto a Autoridade Palestina avança em reformas institucionais, estarão criadas as condições para a proclamação de um Estado palestino, um passo considerado simbólico e altamente estratégico para a paz regional.
Reunião de Trump e Netanyahu na Casa Branca
O anúncio do plano ocorreu durante uma reunião entre Donald Trump e Benjamin Netanyahu em Washington. Segundo informações da Casa Branca, ambos também entraram em contato com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed Bin Abdulrahman, após os ataques de Israel em Doha. Netanyahu pediu desculpas “pela violação da soberania do Catar” e garantiu que ações semelhantes não se repetirão.
A proposta, porém, ainda aguarda uma resposta oficial do Hamas. À agência Associated Press, um porta-voz do grupo afirmou que a iniciativa será analisada de forma “positiva e responsável”, desde que inclua a retirada completa das tropas israelenses da Faixa de Gaza.
Vale lembrar que Trump já havia apresentado ideias semelhantes em 2020, mas essa versão foi significativamente expandida e recebeu apoio explícito de aliados árabes e europeus.
Paz possível ou mais um impasse?
O Plano Abrangente para Gaza apresentado pelos Estados Unidos combina medidas de segurança militar, reconstrução econômica e inovação política, com Trump no papel de liderança global. Para alguns analistas, trata-se da maior tentativa recente de encerrar a guerra e oferecer uma saída concreta para a população palestina.
Contudo, a adesão do Hamas será determinante para o sucesso da iniciativa. Caso o grupo rejeite os termos, o documento prevê que o plano será implementado apenas em áreas consideradas livres de terrorismo.
Se aceito, o acordo poderá abrir caminho para a criação de um Estado palestino reconhecido internacionalmente e, possivelmente, para uma nova fase nas relações entre Israel e o mundo árabe.