Nova política chinesa facilita entrada de jovens profissionais em áreas de ciência e tecnologia e amplia rivalidade com os Estados Unidos.
Os Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, endureceram as regras para estudantes estrangeiros e impuseram barreiras à contratação de profissionais imigrantes. Ao mesmo tempo, a China lançou o visto K, uma iniciativa voltada para atrair jovens talentos globais nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).
Segundo o g1, especialistas afirmam que a medida chinesa inaugura uma nova fase da disputa mundial por cérebros, com potencial para alterar o equilíbrio da inovação tecnológica entre as duas maiores potências do planeta.
EUA restringem estudantes estrangeiros
Nos últimos anos, o governo Trump intensificou medidas contra a entrada e permanência de estudantes internacionais em universidades norte-americanas.
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Entre as ações estão o cancelamento de vistos estudantis, restrições à matrícula de estrangeiros em instituições renomadas, aumento das detenções e deportações, além da cobrança de US$ 100 mil anuais de empresas que mantêm funcionários contratados com o visto H-1B, muito utilizado no setor de tecnologia.
Essas políticas, vistas como uma tentativa de priorizar trabalhadores americanos, acabaram afastando milhares de jovens que buscavam qualificação acadêmica nos Estados Unidos.
Para analistas, esse vácuo abriu espaço para que outros países, principalmente a China, se posicionassem como destino alternativo.
A estratégia do visto K
Em resposta, a China criou o visto K, que permite a entrada de jovens profissionais estrangeiros sem a necessidade de comprovar vínculo empregatício prévio.
Isso significa que os candidatos podem se mudar para o país e, só depois, buscar uma vaga de trabalho. A validade do documento também promete ser mais longa do que a de outros vistos.
De acordo com especialistas ouvidos pelo g1, a medida é parte de um esforço do governo Xi Jinping para fortalecer a autossuficiência em inovação e acelerar o avanço em áreas estratégicas como inteligência artificial, design de chips e tecnologias militares sensíveis.
Disputa por inovação e soft power
A China já conta com mais de 40 programas de pós-graduação em terras raras, fundamentais para setores de defesa e alta tecnologia.
Segundo analistas, a atração de cérebros estrangeiros amplia não apenas a base científica do país, mas também seu soft power, ou seja, a capacidade de influenciar globalmente por meio de conhecimento e inovação.
Para Ricardo Leães, professor de Relações Internacionais da ESPM, o visto K pode marcar uma virada na disputa global.
“Os EUA sempre foram o maior ímã de talentos. Mas, diante do cenário de restrições, é possível que a China passe a conquistar parte desses estudantes e profissionais altamente qualificados”, afirmou ao g1.
Oportunidades e desafios para brasileiros
Para estudantes e profissionais do Brasil, a abertura chinesa pode representar uma alternativa atraente. Os custos de estudo variam de R$ 5,7 mil a R$ 23,5 mil por mês, dependendo da universidade, com bolsas de estudo disponíveis.
O custo de vida anual gira em torno de R$ 51 mil em grandes cidades e R$ 33 mil em localidades menores, segundo estimativas citadas pelo consultor Liao Kuo Pin.
No entanto, especialistas alertam que barreiras culturais e linguísticas ainda são obstáculos relevantes. Embora muitas empresas e universidades utilizem o inglês, o domínio do mandarim é altamente valorizado.
A adaptação à cultura chinesa será um fator decisivo para que o país consiga não apenas atrair, mas também reter talentos estrangeiros.
Outros países na corrida por talentos
Além da China, outros países também têm adotado políticas específicas para atrair profissionais estrangeiros em áreas estratégicas.
A Coreia do Sul lançou o K-Tech Pass, um visto especial para graduados das 100 melhores universidades do mundo, enquanto o Reino Unido busca expandir o Global Talent Visa, voltado para cientistas, pesquisadores e profissionais de tecnologia.
Essas iniciativas evidenciam que a corrida global por cérebros está em plena aceleração, com impacto direto sobre o futuro da inovação, da economia e da segurança nacional de diferentes nações.
A criação do visto K pela China sinaliza uma disputa direta com os Estados Unidos pelo controle da próxima geração de talentos em ciência e tecnologia.
Para brasileiros e outros estrangeiros, abre-se uma janela de oportunidades, mas também de desafios de adaptação cultural e acadêmica.
E você, acredita que o visto K pode realmente transformar a China em novo destino de jovens talentos ou os EUA continuarão sendo o principal polo de atração? Compartilhe sua opinião nos comentários.
I appreciate the nuance — you covered both pros and cons fairly.