Presidente exige ação imediata e autoriza Marco Rubio a iniciar negociações para garantir trânsito livre de embarcações comerciais e militares nos dois canais.
O presidente dos EUA, Donald Trump, solicitou no sábado (26) que todos os navios comerciais e militares americanos tenham livre passagem pelos canais do Panamá e de Suez. A ordem foi dada ao secretário de Estado, Marco Rubio, com o objetivo de iniciar negociações “imediatamente” sobre o tema.
A declaração foi feita por Trump por meio da plataforma Truth Social. Segundo o presidente, as duas rotas marítimas são vitais para o comércio internacional e, na sua visão, “não existiriam sem os Estados Unidos”. Ele reforçou que os navios comerciais e militares dos EUA devem transitar “sem custos” pelos dois canais estratégicos.
Trump reforça interesse antigo no controle do Canal do Panamá
A exigência sobre o Canal Panamá não é uma novidade. Ainda antes de reassumir a presidência, Donald Trump já manifestava o desejo de reavaliar o controle da passagem interoceânica, construída pelos EUA no início do século XX. A obra foi inaugurada em 1914 e permaneceu sob administração americana até 1999.
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O controle foi transferido ao governo panamenho após acordo firmado em 1977 pelo então presidente dos EUA, Jimmy Carter. Desde então, o canal se consolidou como um dos principais corredores marítimos do mundo, responsável por cerca de 5% de todo o comércio global.
Nas últimas semanas, os EUA intensificaram a presença militar na região do Canal Panamá, depois de acusar a China de tentar ampliar sua influência sobre a passagem. Em abril, o governo panamenho autorizou a movimentação de militares americanos em áreas próximas à via, em meio a alertas de segurança.
Canal de Suez também entra na mira dos Estados Unidos
Além do Canal Panamá, Donald Trump voltou suas atenções para o Canal Suez, no Egito. A passagem, que concentra aproximadamente 10% do transporte marítimo mundial, ganhou destaque após recentes conflitos na região do Mar Vermelho.
Desde o final de 2023, ataques de rebeldes huthis, do Iêmen, a navios comerciais e militares nas proximidades do Canal Suez têm afetado o tráfego marítimo. As ações foram justificadas pelos grupos como apoio à causa palestina na guerra entre Israel e Hamas.
Com o aumento da insegurança, muitas embarcações passaram a evitar o Mar Vermelho, optando por rotas alternativas ao redor do continente africano. Isso resultou em atrasos logísticos e aumento dos custos no comércio internacional.
Para tentar restabelecer a segurança da região, os EUA e aliados realizaram operações militares no Mar Vermelho e no Golfo de Áden, com ataques contra alvos huthis. Ainda assim, a instabilidade persiste, afetando diretamente a passagem pelo Canal Suez.
Livre trânsito é estratégico para os EUA no comércio global
A iniciativa de Donald Trump de garantir livre acesso aos canais do Panamá e de Suez busca assegurar rotas comerciais essenciais para os EUA. Ambas as vias têm papel central na movimentação de mercadorias entre América, Ásia, Europa e Oriente Médio.
No caso do Canal Panamá, os Estados Unidos disputam espaço com a China, principal concorrente em termos de volume de carga transportada. Já no Canal Suez, a preocupação se intensificou diante da ameaça representada pelos ataques no Mar Vermelho.
Ao ordenar a atuação direta do secretário de Estado, Marco Rubio, Trump sinaliza a intenção de negocia garantias formais de trânsito livre para os navios comerciais e militares americanos, tanto no Canal Panamá quanto no Canal Suez.
Contexto reforça disputa por influência global
As ações dos EUA em relação aos canais do Panamá e de Suez refletem o atual cenário geopolítico, marcado por disputas por rotas comerciais estratégicas. O controle ou a influência sobre esses corredores marítimos pode impactar significativamente o comércio internacional e as cadeias de suprimento globais.
O posicionamento de Donald Trump sugere que o país buscará reforçar sua presença nessas regiões nos próximos meses, tanto por meio de negociações diplomáticas quanto, se necessário, por medidas de segurança adicionais.
Fonte: CartaCapital