Presidente norte-americano cita o Brasil, defende barreira comercial e afirma que sua política garantiu o renascimento da pecuária nos Estados Unidos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocou nova tensão internacional ao anunciar, em 22 de outubro de 2025, um tarifaço de 50% sobre o gado importado do Brasil. Segundo ele, a medida “salvou” os pecuaristas americanos e garantiu a recuperação do setor bovino após décadas de dificuldades.
Trump escreveu em sua rede social que “os pecuaristas, que eu amo, não entendem que a única razão pela qual estão indo bem é porque eu impus tarifas sobre o gado que entra nos EUA, incluindo uma tarifa de 50% sobre o Brasil”, conforme noticiaram Reuters e ABC News. O republicano reforçou que, sem essa decisão, o setor “estaria repetindo os erros dos últimos 20 anos — algo terrível”.
O presidente também cobrou redução dos preços da carne bovina nos EUA, alegando que o consumidor precisa ser protegido. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os preços da carne atingiram recordes históricos em 2025, impulsionados pela falta de gado e pelos altos custos de produção.
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Tarifa de 50% sobre o Brasil reacende disputas comerciais
O tarifaço anunciado por Trump reacendeu o debate sobre o protecionismo americano e o impacto global no mercado de carnes. Conforme relatório do USDA, os estoques de gado caíram para 86,7 milhões de cabeças em 1º de janeiro de 2025, o nível mais baixo em quase 75 anos.
A escassez foi causada por anos de seca intensa e aumento nos custos de alimentação, fatores que reduziram rebanhos e pressionaram a oferta. Apesar dos ganhos obtidos pelos produtores com a alta de preços, Trump alertou que “o equilíbrio de mercado precisa considerar o bolso do consumidor americano”.
Para amenizar os custos internos, o presidente avaliou ampliar importações de carne da Argentina, segundo a Bloomberg. No entanto, economistas afirmam que essa medida não será suficiente para derrubar os preços, embora possa impedir a expansão de novos rebanhos nos EUA.
Escassez de gado e medidas emergenciais
De acordo com a USDA NASS, em 31 de janeiro de 2025, o rebanho norte-americano atingiu o menor patamar desde 1951, refletindo a perda de pastagens e o aumento de custos de insumos. Além disso, a suspensão das importações de gado mexicano em maio de 2025, após a detecção da bicheira-do-Novo-Mundo, agravou o quadro de escassez.
O analista Mark Schultz, da Northstar Commodity, afirmou que “as tarifas criam um escudo político temporário, mas elevam as tensões comerciais e pressionam os consumidores”. Segundo ele, o governo precisará equilibrar protecionismo e estabilidade de preços para evitar novos choques de mercado.
Efeitos econômicos e disputas políticas
A decisão de Trump teve impacto direto sobre o agronegócio brasileiro, que é um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo. Mesmo com mercados alternativos, os Estados Unidos seguem estratégicos para o produto nacional. O economista Fernando Sampaio avalia que “a nova barreira tarifária reacende a disputa por espaço no mercado global de proteína bovina”.
Nos Estados Unidos, a medida fortalece a imagem de Trump como defensor da economia rural, mas também pressiona famílias americanas que enfrentam a carne mais cara da última década, segundo a CNN Business. Essa contradição reforça o desafio político de conciliar a defesa dos produtores com o custo de vida do consumidor.
O papel do Brasil e o futuro das tarifas
O Brasil, diretamente citado por Trump, avalia os impactos da medida sobre suas exportações e pode acionar mecanismos da Organização Mundial do Comércio (OMC). Para Lilian Prado, especialista da Fundação Getulio Vargas, “a política tarifária americana pode gerar reação em cadeia no Mercosul e reconfigurar acordos agrícolas globais”.
As conversas diplomáticas entre Brasília e Washington estão previstas para ocorrer ainda em 2025, com foco em uma possível revisão das tarifas. Entretanto, não há sinal de recuo imediato. Enquanto isso, o mercado global de carne bovina segue em alerta, monitorando os reflexos do tarifaço sobre preços, produção e consumo.
Com a tarifa de 50% sobre o gado brasileiro, Trump reforça sua estratégia de proteger produtores internos e agradar sua base política rural, mesmo que isso aumente a pressão sobre o bolso do consumidor.
Diante desse cenário, fica a dúvida: até que ponto o tarifaço poderá sustentar o equilíbrio entre o lucro dos fazendeiros e o preço da carne na mesa dos americanos?