O governo Trump reabre o Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico para exploração de petróleo e gás, revertendo restrições da gestão Biden. A medida gera controvérsia entre ambientalistas e defensores do desenvolvimento econômico no Alasca.
Em uma decisão que reacende o debate ambiental nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump anunciou a reabertura de uma das áreas mais intocadas do país — o Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico (ANWR) — para a perfuração de petróleo e gás natural. A medida, divulgada em comunicado oficial do Departamento do Interior, representa uma das maiores flexibilizações ambientais desde o início de seu mandato.
A decisão autoriza o arrendamento de toda a Planície Costeira do Alasca, que abrange cerca de 1,56 milhão de acres (0,6 milhão de hectares), revertendo as políticas do governo Joe Biden, que havia limitado a exploração na região. O anúncio também inclui a restauração de arrendamentos cancelados e a ampliação da infraestrutura energética no estado.
Trump busca reforçar independência energética e geração de empregos
Segundo o secretário do Interior, Doug Burgum, a medida faz parte de uma estratégia nacional para fortalecer a economia e reduzir a dependência externa de combustíveis fósseis.
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“Desde o primeiro dia, o presidente Trump nos orientou a liberar o potencial energético e de recursos do Alasca, ao mesmo tempo em que honramos os compromissos com o estado e as comunidades locais”, afirmou.
Burgum destacou ainda que a reabertura da Planície Costeira deve impulsionar a independência energética dos Estados Unidos, criar empregos e fomentar o desenvolvimento regional. “Ao reabrir a Planície Costeira e avançar na infraestrutura essencial, estamos fortalecendo a independência energética, criando empregos e apoiando as comunidades do Alasca, ao mesmo tempo em que impulsionamos o crescimento econômico em todo o estado”, acrescentou.
Alasca comemora decisão e destaca promessas cumpridas
A decisão foi celebrada por autoridades locais, especialmente pelo governador do Alasca, Mike Dunleavy, que elogiou o compromisso do governo Trump com o desenvolvimento econômico do estado. “Os anúncios de hoje são históricos para o Alasca. O presidente Trump e seu governo estão cumprindo as promessas feitas ao Alasca”, afirmou.
A reabertura também reverte o cancelamento dos sete arrendamentos de petróleo e gás concedidos em 2021 à Autoridade de Desenvolvimento Industrial e Exportação do Alasca, uma das poucas entidades que participaram do leilão realizado durante os últimos dias do governo Trump. Essas concessões haviam sido suspensas por Biden em 2023, mas uma decisão judicial recente determinou que o governo não tinha autoridade para anulá-las.
Ambientalistas criticam e alertam para danos irreversíveis
Por outro lado, organizações ambientalistas condenaram a medida, alegando que a abertura da área representa uma ameaça direta ao equilíbrio ecológico do Ártico. O Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico abriga espécies como ursos polares, caribus, porcos-espinhos e aves migratórias, além de ecossistemas extremamente sensíveis às mudanças climáticas.
“Abrir toda a planície costeira do Refúgio Ártico para perfuração destruiria uma das paisagens ecologicamente mais significativas da Terra”, afirmou Kristen Miller, diretora executiva da Liga da Natureza do Alasca.
Os críticos também destacam que o projeto contraria acordos internacionais de preservação ambiental e pode comprometer os habitats naturais por décadas. Ainda assim, Trump e seus aliados sustentam que a iniciativa respeita os padrões de segurança ambiental e que os benefícios econômicos superam os riscos.
Potencial energético e impasse político
A paisagem selvagem de 19 milhões de acres da ANWR não possui estradas nem estruturas públicas, mas estudos indicam que sua área costeira pode conter até 11,8 bilhões de barris de petróleo recuperável. Esse potencial tem sido motivo de disputa há décadas entre legisladores locais, corporações tribais e grupos de conservação.
Enquanto líderes do Alasca e comunidades locais defendem a perfuração como fonte de empregos e receitas fiscais, ambientalistas insistem na necessidade de preservar a região. O conflito reflete a histórica tensão entre o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental no país.
Apesar da promessa de Trump de impulsionar o setor de petróleo e gás, especialistas observam que as grandes companhias de energia têm demonstrado pouco interesse em investir na região, devido aos altos custos operacionais e à crescente pressão global por fontes de energia mais limpas.



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