Donald Trump fez declarações contundentes sobre a possibilidade de os Estados Unidos retomarem o controle total do Canal do Panamá. Entenda o contexto.
Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, voltou a causar polêmica. Durante um evento da Turning Point USA no último domingo (22), no Arizona, o presidente eleito afirmou que o Canal do Panamá deve ser devolvido aos EUA “por completo, rapidamente e sem questionamentos”, caso o país centro-americano não reduza as tarifas cobradas pela travessia.
A crítica de Trump
Trump acusou o Panamá de impor “preços exorbitantes” sobre embarcações americanas, tanto comerciais quanto navais. “As tarifas cobradas pelo Panamá são ridículas, extremamente injustas. Essa exploração completa do nosso país vai parar imediatamente“, declarou.
A promessa de exigir o controle do canal marca um raro momento em que um presidente dos EUA sugere pressionar outro país a ceder território, levantando dúvidas sobre os rumos da diplomacia americana após sua posse, marcada para 20 de janeiro.
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O discurso, direcionado a uma plateia de apoiadores, repercutiu globalmente e provocou reações rápidas do governo panamenho.
A reposta do Panamá
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, foi categórico ao afirmar que “cada metro quadrado” do Canal do Panamá pertence ao seu país.
Em um vídeo publicado no X, Mulino reforçou que a soberania e a independência panamenha não são negociáveis. Ele lembrou o tratado de 1977, assinado entre os dois países, que garantiu a transferência gradual do canal aos panamenhos, concluída em 1999.
“O Panamá respeita outras nações e exige respeito. Com o novo governo dos EUA, espero manter uma boa relação respeitosa”, declarou Mulino. Ele também destacou que questões como imigração ilegal, tráfico de drogas e crime organizado deveriam ser prioridades bilaterais, considerando os desafios de segurança enfrentados por ambos os países.
A importância do Canal do Panamá para os Estados Unidos
Com 82 km de extensão, o Canal do Panamá é uma das rotas marítimas mais importantes do mundo, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico.
Desde sua inauguração, no início do século XX, a hidrovia transformou o comércio global, permitindo que embarcações economizassem tempo e custos ao evitarem a longa rota pelo Estreito de Magalhães, no extremo sul da América do Sul.
Durante quase todo o século XX, o canal esteve sob administração americana, fruto de um acordo firmado em 1903, que garantiu aos EUA direitos permanentes sobre a região em troca de pagamento e assistência militar ao Panamá.
Contudo, o tratado Torrijos-Carter, assinado em 1977, iniciou a transferência gradual do controle aos panamenhos, culminando em 1999 com a completa soberania do Panamá sobre a hidrovia.
Atualmente, cerca de 14 mil embarcações atravessam o canal anualmente, transportando mercadorias como automóveis, combustíveis e alimentos. A passagem também é vital para operações militares, sendo utilizada frequentemente pela marinha americana.
Contexto histórico e político
A declaração de Trump reflete a sua estratégia de campanha de enfatizar a “prioridade americana” em relação a parceiros internacionais.
Além do Panamá, ele também criticou o Canadá e o México por práticas comerciais desleais, acusando-os de facilitar a entrada de drogas e imigrantes ilegais nos EUA. Apesar das críticas, Trump elogiou a presidente do México, Claudia Sheinbaum, chamando-a de “mulher maravilhosa“.
Os comentários sobre o Canal do Panamá vieram um dia após Trump publicar em suas redes sociais que considera a hidrovia um “ativo nacional vital” para os Estados Unidos.
Embora não tenha especificado como retomaria o controle do canal, as palavras do presidente eleito geraram preocupações entre diplomatas e especialistas em relações internacionais.
Uma tensão geopolítica
Especialistas apontam que a retórica de Trump pode complicar as relações entre os EUA e o Panamá, além de aumentar a tensão na América Latina.
Embora o presidente eleito seja conhecido por sua postura combativa, muitos se perguntam até que ponto ele levará tais ameaças adiante ao assumir o cargo.
Enquanto isso, o Panamá continua reafirmando sua soberania sobre o canal, que, para o país, é um símbolo de independência e orgulho nacional. Com a posse de Trump se aproximando, as próximas semanas prometem ser decisivas para o futuro das relações entre os dois países.