Nissan March, Versa e Kicks compartilharam durante anos o mesmo motor 1.6 e câmbio CVT, mas ajustes de calibração e proposta de cada modelo resultaram em comportamentos distintos e valores de mercado que hoje seguem caminhos bem diferentes.
A Nissan adotou por anos um conjunto mecânico comum em três modelos vendidos no Brasil: March, Versa e Kicks.
Todos receberam o 1.6 16V HR16DE aliado ao câmbio X-Tronic CVT, combinação conhecida pelo baixo custo de manutenção e operação eficiente.
Mesmo partindo do mesmo “coração”, cada projeto entregou respostas distintas porque peso, aerodinâmica e, sobretudo, calibração e lógica do câmbio variaram conforme a proposta de uso.
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Desde junho de 2025, porém, a nova geração do Kicks mudou de rota e aposentou o 1.6 e o CVT, alterando o equilíbrio desse trio — ponto que detalhamos adiante.
O que há de comum sob o capô
March, Versa e Kicks ficaram anos amparados pelo mesmo quatro-cilindros HR16DE.
No March, ele entregava 111 cv e 15,1 kgfm, números suficientes para um hatch leve e voltado à cidade.
A própria documentação técnica e testes de referência confirmam esses valores.
No sedã Versa, a Nissan trabalhou o conjunto para priorizar uso familiar e rodoviário.
O 1.6 rende 113 cv (etanol) e 110 cv (gasolina), com até 15,3 kgfm de torque, sempre casado ao X-Tronic CVT.
Na prática, o câmbio opera com lógica que simula seis marchas, recurso pensado para deixar as acelerações mais “naturais” ao ouvido do motorista.
Enquanto isso, o Kicks de primeira geração (até o ano-modelo 2024 no Brasil) usou o mesmo 1.6, com 110/113 cv e 15,2/15,3 kgfm (gasolina/etanol).
A Nissan calibrava o CVT para simular sete marchas nas versões mais recentes, a fim de suavizar ruído e manter giros mais baixos em velocidade de cruzeiro.
Por que o desempenho muda com a mesma base
Ainda que o projeto do motor seja idêntico, mapeamentos de acelerador, avançado de ignição, gerenciamento de injeção e a própria programação da transmissão geram conjuntos com respostas diferentes.
No March, a relação peso/potência favorece saídas e retomadas curtas na cidade, reforçando a sensação de agilidade.
No Versa, a lógica do CVT que “finge” trocas em seis passos reduz o efeito de rotação constante e privilegia condução linear, adequada a viagens com carga e passageiros.
Já no Kicks 1.6, a simulação de sete estágios suaviza ruído e mantém o giro controlado, expediente útil num SUV mais alto e pesado.
Os números oficiais acima refletem essa estratégia de cada produto.
O que mudou no Kicks a partir de 2025
A segunda geração do Kicks, lançada no Brasil em junho de 2025, abandonou o 1.6 aspirado e o CVT.
O SUV passou a usar motor 1.0 turbo de até 125 cv e 220 Nm (22,4 kgfm), combinado a transmissão DCT de dupla embreagem banhada a óleo.
Em outras palavras, o “elo mecânico” com March e Versa se rompeu na linha nova do Kicks.
Quem ainda preserva o conjunto 1.6 + CVT é o Kicks Play (a geração anterior que segue à venda), além do próprio Versa.
Preços hoje: novos e usados
No varejo atual, o Versa 0 km parte de R$ 117.990 (Sense 1.6 CVT) e chega a R$ 145.390 (Exclusive 1.6 CVT), segundo a página oficial da marca.
Já o novo Kicks 1.0 turbo estreia a partir de R$ 164.990 (Sense 220T) e vai a R$ 199.000 (Platinum 220T).
Para quem busca o conjunto antigo, o Kicks Play mantém o 1.6 com CVT e parte de R$ 117.990, com versões intermediárias acima de R$ 130 mil.
Entre os usados, a referência da Tabela Fipe indica que o Kicks 2017 costuma variar de R$ 72 mil a R$ 84 mil, a depender da versão.
O Versa 2017 aparece entre R$ 42 mil e R$ 56 mil.
No caso do March, há duas fotografias importantes: unidades 2017 giram entre R$ 42 mil e R$ 59 mil, enquanto exemplares 2020 — último ano de produção — ficam em torno de R$ 58 mil a R$ 68 mil, de acordo com as versões.
Esses valores dão um retrato mais realista do mercado atual.
March saiu de linha, mas segue relevante no mercado
O March deixou de ser fabricado no Brasil em setembro de 2020, após quase uma década de vendas por aqui.
Mesmo fora de linha, a disponibilidade de peças compartilhadas com Versa e Kicks 1.6 — além do histórico de manutenção simples — mantém boa procura pelas versões 1.6, em especial as com CVT X-Tronic.
Em resumo: mesma base, entregas distintas
Com o mesmo HR16DE e CVT X-Tronic, Nissan ajustou mapas e lógica de “marchas” para casar cada carro à sua missão.
O March explorou a leveza para parecer mais esperto no uso urbano. O Versa priorizou conforto e linearidade com seis passos simulados.
O Kicks 1.6, por sua vez, adotou sete estágios para dar suavidade a um SUV alto.
Desde 2025, porém, o Kicks de nova geração segue outro caminho, com turbo e DCT, enquanto Versa permanece como o herdeiro direto do antigo conjunto.
Diante desse novo cenário, ao comparar versões e anos, qual combinação mecânica faz mais sentido para o seu uso e orçamento hoje?