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Trem de passageiros do governo vai seguir modelo da Inglaterra e Cingapura e promete beneficiar até 25 mil passageiros diariamente; saiba como vai funcionar

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 03/07/2025 às 18:26
Trem de passageiros entre Brasília e Luziânia aposta em modelo internacional para transformar mobilidade urbana e valorizar áreas urbanas. Saiba mais.
Trem de passageiros entre Brasília e Luziânia aposta em modelo internacional para transformar mobilidade urbana e valorizar áreas urbanas. Saiba mais.
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Projeto de trem de passageiros promete transformar a mobilidade entre regiões estratégicas e aposta em modelo internacional para atrair investidores e dinamizar áreas urbanas.

A primeira concessão de ferrovia para transporte de passageiros no Brasil avança para sair do papel, com o objetivo de beneficiar até 25 mil passageiros diariamente e inspirar-se em modelos consagrados de países como Inglaterra e Cingapura.

O projeto-piloto mais adiantado será implementado entre Brasília, no Distrito Federal, e Luziânia, em Goiás.

A iniciativa faz parte de um pacote do Ministério dos Transportes que busca modernizar e ampliar o acesso ao transporte ferroviário de passageiros, com edital de consulta pública previsto para ainda este ano e leilão estimado para 2026.

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Trem de passageiros e expansão da malha ferroviária

Além do trecho Brasília-Luziânia, outros projetos já se encontram em estágio avançado de planejamento, como as ligações entre Salvador e Feira de Santana, na Bahia, e entre Maringá e Londrina, no Paraná.

Estudos conduzidos pelo LabTrans, o laboratório de transportes da Universidade Federal de Santa Catarina, também destacaram potenciais conexões regionais em Fortaleza-Sobral (Ceará), Pelotas-Rio Grande (Rio Grande do Sul) e São Luís-Itapecuru Mirim (Maranhão).

A seleção dessas rotas levou em conta fatores como demanda potencial de passageiros, viabilidade econômica e o interesse do setor privado.

Desafios do transporte ferroviário de passageiros no Brasil

No cenário atual, apenas duas linhas ferroviárias — a Estrada de Ferro Vitória-Minas e a Estrada de Ferro Carajás — atendem o transporte regular da população, sendo operadas pela empresa Vale, porém sem concessão específica para passageiros.

Essas linhas cumprem exigências contratuais ligadas ao transporte de cargas, e não foram modeladas para priorizar a mobilidade de pessoas no dia a dia.

A principal barreira para o avanço das concessões de ferrovias de passageiros no Brasil reside no alto custo de implantação e manutenção, além da dificuldade de garantir retorno financeiro suficiente apenas com a venda de passagens.

Estratégias inspiradas em Inglaterra e Cingapura

Para viabilizar os novos projetos, o governo federal adota estratégias baseadas em experiências internacionais.

Entre elas, destaca-se o aproveitamento de ferrovias atualmente subutilizadas ou inativas, reduzindo o investimento necessário em novas obras.

Inspirado no modelo de países como Inglaterra e Cingapura, o Ministério dos Transportes pretende associar a concessão ferroviária a operações imobiliárias ao longo dos trilhos.

A proposta prevê que empresas vencedoras dos leilões possam explorar comercialmente áreas adjacentes à linha férrea, construindo galpões logísticos, prédios comerciais e residenciais.

Essa diversificação de receitas, conforme explicam especialistas do setor, visa equilibrar a equação financeira e reduzir a dependência de aportes públicos diretos.

Vantagens e desafios do modelo imobiliário no trem de passageiros

Segundo análise de André Paiva, consultor da Tendências Consultoria, integrar concessões ferroviárias e negócios imobiliários representa alternativa economicamente eficiente.

Isso porque amplia as fontes de receita e compartilha os riscos do investimento, considerado elevado e de longo prazo no setor ferroviário.

Paiva destaca, entretanto, que a implementação desse modelo exige diálogo constante com órgãos reguladores das áreas de transporte, urbanismo e meio ambiente, pois a legislação brasileira ainda está em fase inicial de integração dessas competências.

Trem de passageiros entre Brasília e Luziânia: impacto e expectativas

No caso específico do trecho entre Brasília e Luziânia, a escolha pela modernização da linha se explica pelo alto fluxo de passageiros e pela integração histórica entre a capital federal e municípios goianos vizinhos.

Atualmente, o transporte coletivo entre essas cidades é realizado basicamente por ônibus, considerado caro e demorado por grande parte dos usuários.

Segundo dados do governo estadual de Goiás, a viagem de ônibus pode levar até duas horas, ao custo médio de R$ 12 por trajeto, com uma movimentação diária entre 20 mil e 25 mil pessoas.

O governo federal planeja adaptar o trecho para operação com Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), modalidade de trem urbano conhecida por oferecer maior agilidade, conforto e menor impacto ambiental quando comparada a outros meios de transporte público.

Existe uma linha de carga na região, operada atualmente pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), porém com uso abaixo da capacidade e possibilidade de devolução da concessão, o que abriria espaço para a reestruturação do serviço voltado à população.

Consórcio, subsídios e integração regional

Para viabilizar a concessão, o Ministério dos Transportes busca diminuir a necessidade de recursos do Tesouro Nacional por meio da integração de receitas do setor imobiliário, processo que já tem apoio de bancos e investidores privados.

Além disso, Goiás e Distrito Federal anunciaram a formação de um consórcio para aprimorar a gestão do sistema, hoje sob responsabilidade da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), e viabilizar políticas de subsídio às tarifas, ampliando o acesso da população ao novo serviço.

O fluxo diário estimado, entre 20 mil e 25 mil passageiros, destaca a relevância do projeto não só para a mobilidade, mas também para o desenvolvimento urbano das regiões atendidas.

A expectativa é que, ao valorizar áreas próximas às linhas, a concessão gere efeitos positivos sobre o mercado imobiliário local, repetindo o sucesso verificado na Inglaterra e em Cingapura, onde o avanço ferroviário impulsionou a economia ao redor dos trilhos.

Desafios regulatórios e próximos passos para o trem de passageiros

Entretanto, a adoção do modelo exige superação de entraves regulatórios e integração entre diferentes esferas do poder público, desafio ainda considerado relevante no Brasil.

Entre as providências recentes, já estão agendadas reuniões entre representantes do governo federal, estadual e empresas do setor para discutir adequações na malha existente e na modelagem do projeto de concessão.

O novo trem de passageiros, inspirado nas experiências internacionais e adaptado à realidade brasileira, pode representar uma revolução na mobilidade urbana, na qualidade de vida e no desenvolvimento econômico regional.

Mas diante dos desafios técnicos, regulatórios e financeiros, será que a iniciativa vai conseguir transformar o transporte ferroviário de passageiros em uma alternativa realmente eficiente, acessível e sustentável para milhões de brasileiros?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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