Trator autônomo movido a hidrogênio feito de esterco elimina o uso de diesel e inaugura uma nova era de sustentabilidade e automação no campo.
Imagine um trator que não depende de diesel, não emite fumaça e pode ser operado à distância uma máquina agrícola que transforma esterco em combustível para mover as lavouras. Isso deixou de ser ficção científica. Em outubro de 2025, a fabricante japonesa Kubota apresentou um trator autônomo com célula de combustível a hidrogênio, cuja energia pode ser gerada localmente a partir de resíduos da própria fazenda.
Essa novidade tem potencial para mudar para sempre a forma como se faz agricultura: menos dependência de combustíveis fósseis, operações mais sustentáveis e impacto ambiental radicalmente reduzido.
Da fazenda para a motorização do amanhã
O projeto foi revelado oficialmente em 10 de outubro de 2025, durante a CES 2025, e causou grande repercussão no setor tecnológico e agrícola. A Kubota descreve essa máquina como o primeiro trator autônomo movido a hidrogênio, combinando propulsão elétrica, célula de combustível e sistemas de controle remoto e autônomo.
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O diferencial mais impressionante é que o hidrogênio pode ser produzido na própria fazenda, a partir de resíduos orgânicos como esterco, restos de cultura e outros materiais biodegradáveis — num ciclo local de energia.

Em vez de depender da rede elétrica ou de combustíveis externos, o agricultor poderia gerar parte do combustível diretamente no terreno, fechando o ciclo energético e reduzindo custos operacionais.
Como funciona: tecnologia por trás do trator
O sistema se baseia no uso de resíduos orgânicos (esterco, restos vegetais e biomassa) para gerar gás metano, que passa por processos de conversão e purificação para se transformar em hidrogênio. Esse gás é então armazenado em tanques pressurizados, pronto para ser utilizado na célula de combustível do trator.
Essa proposta insere o trator em uma economia circular de energia, onde os resíduos da produção agrícola deixam de ser lixo e passam a ser o combustível que movimenta a própria fazenda.
Célula de combustível e motor elétrico
Ao contrário dos tratores convencionais, que dependem de motores a combustão e diesel, essa máquina usa uma célula de combustível capaz de converter hidrogênio em energia elétrica de forma limpa e contínua. A eletricidade gerada alimenta motores elétricos de alta eficiência, que fazem o trator se mover sem qualquer emissão de gases poluentes.
Durante o funcionamento, o único “resíduo” liberado é vapor d’água. Isso elimina completamente o dióxido de carbono (CO₂) e outras emissões típicas da queima de combustíveis fósseis.
Autonomia e controle remoto
O trator também representa um avanço em automação agrícola. Equipado com sensores, câmeras e inteligência de navegação, ele pode ser controlado remotamente ou operar de forma totalmente autônoma.
O agricultor pode programar as rotas de trabalho e monitorar todas as operações por meio de um tablet ou estação de controle. O sistema é capaz de detectar obstáculos, ajustar a velocidade e corrigir o trajeto em tempo real, mesmo em terrenos irregulares.
Por que isso pode revolucionar o campo
Em muitas regiões agrícolas, o custo do diesel é um dos principais fatores de despesa para os produtores. Com a capacidade de gerar hidrogênio localmente, utilizando recursos renováveis, esse trator pode eliminar boa parte da dependência externa de combustível, reduzindo custos e riscos logísticos.
A transição energética no campo é um dos grandes desafios globais. Ao eliminar o uso de diesel, essa tecnologia reduz drasticamente a pegada de carbono das operações agrícolas, contribuindo para metas de descarbonização e práticas sustentáveis de produção.
Superação das limitações dos tratores elétricos
Tratores totalmente elétricos enfrentam limitações relacionadas à autonomia e à necessidade de recarga constante.
O sistema de célula de combustível oferece uma alternativa mais eficiente, com recarga rápida e autonomia prolongada, sem comprometer o desempenho em grandes propriedades rurais.
Solução para a escassez de mão de obra
A agricultura enfrenta um problema crescente de falta de trabalhadores especializados. A automação e o controle remoto permitem que um único operador gerencie várias máquinas simultaneamente, aumentando a produtividade e diminuindo a dependência de mão de obra humana.
Um novo paradigma na agricultura sustentável
O trator da Kubota simboliza a convergência entre inovação, sustentabilidade e automação. Ele não é apenas uma máquina, mas um laboratório sobre rodas capaz de demonstrar como a agricultura pode evoluir sem depender de petróleo, sem aumentar emissões e com uso inteligente de recursos locais.
Essa visão de ciclo fechado, em que o esterco alimenta o sistema energético da fazenda, pode servir de modelo para outras indústrias, abrindo caminho para uma revolução verde também na pecuária e no setor sucroalcooleiro.
Situação atual e próximos passos
Até outubro de 2025, o trator ainda está em fase de testes e demonstrações, sem previsão oficial de comercialização. A Kubota pretende realizar pilotos em fazendas experimentais no Japão e nos Estados Unidos antes de iniciar a produção em série.
A empresa destacou que o objetivo é comprovar a viabilidade econômica do sistema, reduzindo custos e garantindo segurança operacional. Também há planos de parcerias com universidades e centros de pesquisa para aperfeiçoar a geração de hidrogênio em pequena escala.
Se bem-sucedido, o projeto pode abrir uma nova era na mecanização agrícola, onde os tratores deixam de poluir e passam a operar com energia limpa gerada no próprio campo. O futuro da agricultura pode estar mais próximo de uma fazenda autossuficiente em energia — e o combustível dessa revolução pode muito bem vir do que antes era apenas esterco.