BNDES e Transpetro assinam acordo para estudo estratégico que analisa a construção naval e a descarbonização. Objetivo é fortalecer o setor no Brasil.
A Transpetro e o BNDES assinaram, na última quarta-feira (23), no Rio de Janeiro, um acordo de cooperação técnica para desenvolver um estudo inédito sobre os caminhos da construção naval no Brasil. O objetivo é entender como o setor pode se reestruturar diante das exigências globais de descarbonização, ao mesmo tempo em que fortalece a economia, gera empregos e impulsiona a soberania nacional.
A iniciativa envolve um diagnóstico completo do setor naval, incluindo suas oportunidades diante da transição energética, os gargalos produtivos, as demandas por modernização e o alinhamento com as políticas industriais internacionais.
Construção naval é estratégica para soberania e desenvolvimento do Brasil
O setor de construção naval é considerado vital para a segurança energética do Brasil. Ele sustenta diretamente a exploração e produção de petróleo e gás offshore e, por isso, depende de investimentos robustos e políticas públicas estruturadas.
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Além disso, a indústria naval tem forte impacto socioeconômico: já chegou a empregar mais de 40 mil trabalhadores em todo o país. Por ser intensiva em mão de obra e integrar uma ampla cadeia de fornecedores, representa uma grande oportunidade de retomada industrial com geração de renda e fortalecimento da engenharia nacional.
“A construção naval pode ganhar novo dinamismo a partir das transformações trazidas pela transição energética, e nosso objetivo é contribuir com propostas concretas para o fortalecimento sustentável dessa indústria no Brasil”, afirmou Nelson Barbosa, diretor de Planejamento e Relações Institucionais do BNDES.
Estudo vai mapear indústria naval e propor políticas públicas para o setor
O estudo técnico encomendado pelo BNDES em parceria com a Transpetro terá como foco principal as “Oportunidades da descarbonização e da transição energética para a reestruturação da indústria naval”. O trabalho fará um mapeamento completo da cadeia produtiva nacional, dos mercados e das iniciativas internacionais que já incentivam esse setor em outros países.
A pesquisa ainda irá analisar os principais fatores produtivos e tecnológicos diante das mudanças climáticas e do cenário geopolítico. A modernização da infraestrutura portuária também será avaliada, com sugestões concretas de novas políticas públicas e melhorias para o setor.
Descarbonização é desafio global e oportunidade para o Brasil
A preocupação com as emissões de gases do efeito estufa (GEE) no transporte marítimo vem crescendo. De acordo com a Organização Marítima Internacional (IMO), essas emissões aumentaram 20% na última década. A meta do órgão, vinculado à ONU, é zerar as emissões do setor até 2050, o que exigirá mudanças profundas na frota mundial.
Segundo estimativas globais, a descarbonização da construção naval deve movimentar cerca de US$ 18 bilhões por ano em investimentos, enquanto a modernização da infraestrutura portuária pode ultrapassar US$ 90 bilhões anuais.
“Esse estudo vai contribuir para que o Brasil enfrente esse desafio e o transforme em oportunidade para o desenvolvimento econômico com geração de empregos e renda no país”, destacou Aloizio Mercadante, presidente do BNDES.
Transpetro vê descarbonização e digitalização como prioridades estratégicas
A Transpetro, subsidiária da Petrobras responsável pelo transporte de petróleo, gás e derivados, reforça seu papel como agente do desenvolvimento sustentável. Para a estatal, aliar inovação, eficiência energética e responsabilidade ambiental é essencial para a longevidade do setor.
“Vivemos num mundo cada vez mais dinâmico, e duas grandes prioridades podem ser aprimoradas com os marcos desse estudo: descarbonização e digitalização das nossas operações”, afirmou Jones Alexandre Barros Soares, diretor de Transporte Marítimo da Transpetro.
Também participaram da assinatura do acordo o executivo de Engenharia e Manutenção de Navios da empresa, Flávio Gabina, e representantes do banco público federal.
A parceria entre o BNDES e a Transpetro abre caminho para um futuro mais verde e competitivo, com foco em empregos de qualidade, soberania tecnológica e fortalecimento da cadeia naval nacional.