O trânsito brasileiro acumula falhas de infraestrutura, buracos, decisões impopulares sobre velocidade e uma cultura de risco que expõe especialmente motociclistas jovens nas cidades, formando um ciclo de violência que se retroalimenta e é difícil de romper
O trânsito brasileiro convive com escolhas estruturais que priorizam fluidez aparente em vez de segurança real. Pistas mal conservadas, desníveis, acostamentos inseguros e trechos urbanos encravados em rodovias criam cenários onde o erro humano é amplificado e as consequências são graves.
Conforme explica Cezar Unhani, ao mesmo tempo, medidas de gestão de velocidade encontram resistência política e social, enquanto a cultura de risco permanece naturalizada. O resultado recai com força sobre os mais vulneráveis nas cidades, com destaque para motociclistas jovens, em um ambiente em que cada buraco, cada desnível e cada escolha de projeto alteram o desfecho de uma viagem.
Infraestrutura que falha no básico
A malha viária do país é heterogênea.
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Trechos de alta qualidade convivem com pavimento remendado, mistura de asfalto e cimento e “bumping” que desestabiliza veículos.
Em muitos corredores, a geometria não perdoa erros e as variações de nível em bocas de lobo e juntas mal executadas forçam manobras bruscas de desvio, especialmente perigosas em meio a motos circulando entre faixas.
Outro problema recorrente é a proximidade de áreas urbanas com as rodovias, criando perímetros de conflito nos quais a via rápida vira avenida sem transição segura.
Faixas estreitas, acessos improvisados e pedestres no acostamento compõem um quadro cotidiano.
Quando a estrada se torna fronteira de expansão urbana, o desenho viário passa a produzir risco por projeto, e não por exceção.
Gestão de velocidade: por que é impopular e por que funciona
Reduzir velocidades médias salva vidas de forma imediata, mas esbarra em custos políticos.
A percepção de que “a cidade precisa andar mais rápido” ignora que ajustes de limite compatibilizam a diferença entre carros, ônibus, caminhões e, sobretudo, motocicletas.
Quando a via opera a 40 km/h e motos cruzam a 80 km/h pelo corredor, a incompatibilidade vira fator de sinistro.
Experiências apontam que velocidades adaptativas por horário e fluxo podem equilibrar eficiência e segurança.
Placas variáveis e controle dinâmico favorecem o transporte coletivo em picos e reduzem choques de velocidade fora de pico.
A mensagem técnica é simples: tratar velocidade é a intervenção de maior impacto imediato, enquanto grandes obras exigem anos e orçamentos maiores.
Cultura de risco e responsabilidade compartilhada
Há um componente cultural que normaliza comportamentos inseguros.
Paradas em acostamento, encontros em pontos sem proteção, circulação a poucos centímetros de veículos mais pesados fazem parte de rotinas que ampliam a chance de erro.
Não existe “pequeno tombo” de moto sem lesão e cada desvio improvisado para escapar de um buraco pode lançar um motociclista ao chão.
A visão contemporânea de segurança viária exige responsabilidade compartilhada. Quem dirige o veículo mais pesado tem maior dever de cuidado.
O gestor público responde pelo desenho das vias, manutenção, fiscalização e comunicação. E cada usuário precisa reconhecer limites físicos e contextuais.
Culpar apenas a vítima empobrece o diagnóstico e impede correções eficazes.
Motociclistas jovens no centro da tragédia urbana
A combinação de mobilidade cara, transporte público insuficiente e necessidade econômica empurra muitos jovens para a motocicleta como solução de renda e deslocamento.
A moto é ágil e acessível, mas expõe o corpo a um ambiente que não foi pensado para errar. Buracos, desníveis, óleo na pista e frenagens de emergência cobram um preço alto.
Relatos de hospitais indicam que parte relevante das internações não envolve atividade profissional e que falta de habilitação e consumo de álcool ou drogas aparecem com frequência nos prontuários.
Esses achados reforçam que o problema não é um grupo único, mas um ecossistema de riscos difusos no qual formação, fiscalização e engenharia precisam atuar em conjunto para reduzir danos.
O que fazer já: engenharia, fiscalização e comunicação
Algumas medidas são de baixa complexidade e alto retorno.
Tapa-buracos com padrão de qualidade, nivelamento de grelhas e juntas, correções de desnível em portas de bueiro e reforço de aderência reduzem quedas e manobras evasivas.
Em corredores críticos, sinalização horizontal renovada, faixas mais largas onde possível e espaços de refúgio diminuem conflitos entre carros e motos.
Na gestão, limites compatíveis com o desenho real da via, fiscalização previsível e comunicação clara mudam comportamentos.
Educação focada em cenários reais, como manter velocidade no corredor condizente com o fluxo, respeitar setas e criar brechas para trocas de faixa, melhora a convivência.
Dados abertos e metas públicas ajudam a alinhar expectativas e cobram resultados.
O trânsito brasileiro precisa parar de contar com a sorte. Infraestrutura bem mantida, gestão de velocidade baseada em evidências e cultura de responsabilidade formam o tripé para reduzir mortes, sobretudo entre motociclistas jovens nas cidades.
Buracos, desníveis e decisões impopulares não podem continuar decidindo quem chega em casa.
Você concorda que atacar buracos, desníveis e gestão de velocidade deveria ser prioridade imediata no trânsito brasileiro? Em que ponto da sua cidade o risco é mais visível no dia a dia e o que funcionaria primeiro na sua avaliação? Deixe sua visão nos comentários, queremos ouvir quem vivencia isso nas ruas.