Petrobras confirmou ao Click Petróleo e Gás, na manhã de hoje (22), a morte do trabalhador Técnico em Mecânica a bordo da plataforma P 51, na bacia de Campos
Uma triste notícia na manhã de ontem (21/04): o trabalhador técnico em mecânica, identificado como Joceil Martins da Fonseca, de 41 anos, foi encontrado morto na plataforma de petróleo P-51, da Petrobras, na Bacia de Campos. As Informações sobre a fatalidade foram confirmadas a nossa assessoria de imprensa, na manhã deste dia (22), pela Petrobras. A estatal ressaltou ao CPG – Click Petróleo e Gás que o caso está sob investigação das autoridades competentes. Apesar de outros portais estarem divulgando informações sobre processo criminal, as mesmas ainda não foram divulgadas oficialmente. Segue o que foi apurada até o momento no decorrer da matéria.
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Segundo informações, o petroleiro residia em Campos e era funcionário da terceirizada offshore SOTREQ. Joceli tirou a própria vida, a bordo da plataforma P51 da Petrobras, e teve o corpo encontrado embaixo do heliporto por companheiros de trabalho.
“Na manhã desta quarta, 21, recebemos da categoria petroleira a informação da ocorrência de uma morte a bordo da Plataforma P-51. Após contato com os trabalhadores da unidade, a notícia foi confirmada. O mecânico da empresa SOTREQ, que presta serviços à Petrobras na plataforma P-51, Joceil Martins da Fonseca, de 41 anos, foi encontrado morto na plataforma”, informou o Sindipetro-NF, por meio de nota.
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Sindipetro-NF prestou solidariedade aos familiares do mecânico
“O Sindipetro-NF tem como bandeira histórica a luta por melhores condições de trabalho a bordo que influenciam na saúde mental. Desde o início da pandemia, a situação se agravou, em que as empresas têm alterado unilateralmente as escalas de embarque, fazendo com que o ambiente se deteriore. Vale ressaltar que, atualmente, o afastamento por problemas mentais é a segunda maior causa de afastamento de trabalho nas instalações da Petrobrás. O Sindipetro-NF lamenta a morte de mais um trabalhador no local de trabalho e estará à disposição da família para prestar todo apoio necessário”.
Por enquanto, as causas da morte e outras informações sobre o caso ainda não foram oficialmente divulgadas. Esta reportagem pode sefrer atualização.
Esse é o segundo caso de morte em plataforma da Petrobras neste ano
Um trabalhador, funcionário da empresa Sistac, morreu em janeiro deste ano em acidente durante uma atividade de inspeção no FPSO da Petrobras, o Cidade Mangaratiba, atualmente afretado pela japonesa Modec. Segue a comunicado oficial da Petrobras emitido na época:
A Petrobras lamenta informar que, neste domingo (31/01), um alpinista industrial da empresa SISTAC faleceu após queda durante inspeção em um tanque do FPSO Cidade de Mangaratiba, afretada da MODEC, que opera no campo de Tupi, na Bacia de Santos. O colaborador recebeu atendimento médico imediatamente no local, mas não resistiu. A Petrobras está em contato com a Sistac e a MODEC, que prestarão apoio à família. A companhia acompanhará o caso e, junto com a MODEC, criará uma comissão para apuração da ocorrência”, conclui a Petrobras em nota oficial ao Click Petróleo e Gás.
Obrigados a passar um mês em isolamento, petroleiros dizem que chegaram ao limite
As medidas de segurança implementadas pela Petrobras para conter a Covid-19 têm adoecido inúmeros trabalhadores de plataformas offshore. Os sindicatos da categoria e funcionários da empresa denunciam casos de depressão, crises de pânico e outras doenças mentais, causadas por erros na escala e isolamento excessivo.
Desde o início da pandemia, os petroleiros precisam fazer quarentena em hotéis antes de embarcar em plataformas offshore. Dependendo da região, ficam entre 7 e 14 dias trancados em um quarto, sem contato com pessoas e recebendo a comida pela porta. O impacto emocional dessa rotina, que perdura há um ano devido à pandemia, tem adoecido inúmeros profissionais.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) apontou que, recentemente, a Petrobras alterou a escala de plantão sem avisar aos trabalhadores com antecedência. Com isso, dependendo do período de quarentena, os funcionários podem chegar a mais de 30 dias em isolamento por turno. Ainda segundo a entidade, alguns profissionais permanecem até 1 mês a bordo e 26 dias de folga.
De acordo com o médico do trabalho do Sindipetro – NF Ricardo Garcia Duarte, essa já é uma jornada exaustiva, longa e que exige muito do físico e do mental das pessoas.
“Os petroleiros não têm autonomia quando embarcam e devem seguir regras rígidas: há horário para tudo, eles não escolhem o que comem e precisam vestir roupas e aparatos de segurança específicos. Sem contar a pressão do trabalho. Se um funcionário não estiver atento, pode custar a vida dele e de outras pessoas”, explica Duarte.
O médico conta que a pandemia aumentou o peso emocional do trabalho realizado pelos petroleiros. Eles passaram a ter vida normal mês sim e mês não. Somado a isso, um outro fator que tem deixado a classe ainda mais apreensiva: “Na pandemia, além dos riscos químicos de morte, a categoria passa a ter um risco biológico de óbito.”
De acordo com relatos de trabalhadores, o tempo de quarentena em hotéis, adicionado ao período em que ficam embarcados, tem levado a categoria ao limite emocional. “Amigos viraram alcoólatras, outros tomam remédio tarja preta – sem prescrição médica – e passam o tempo de isolamento dormindo, só acordam no dia de sair do quarto”, afirmou um petroleiro.
O outro lado
Diferentemente do que dizem os petroleiros, a Petrobras afirma que a quarentena pré-embarque de 14 dias, para unidades próprias da petrolífera, é feita “com monitoramento e orientações pelas equipes de saúde”. A estatal ainda afirma que a hospedagem em hotel pode ocorrer até três dias antes do petroleiro embarcar, para realizar a coleta do exame RT-PCR e aguardar o resultado.
Além disso, de acordo com a petrolífera, quanto à questão emocional dos petroleiros, a empresa afirma “que potenciais efeitos emocionais de situações de estresse ocasionadas pela pandemia de Covid-19 não são específicos do regime de embarque. São efeitos gerais da pandemia aos quais qualquer pessoa está sujeita”. Ademais, afirma que o atendimento é feito por uma equipe de psicólogos da companhia, de forma individual e com garantia de sigilo.
No tocante à escala de embarque, a empresa diz que, devido à pandemia, adotou pela escala prolongada, em que os empregados passam 21 dias a bordo e de 28 a 35 dias em casa. “Assim, reduzimos a rotatividade e o nível de contágio”, explica. Quanto aos terceirizados, ela diz que a responsável pela escala é a empresa empregadora.