Governo projeta salário mínimo de R$ 1.631 em 2026, com reajuste que repõe a inflação e garante ganho real ao trabalhador, impactando benefícios sociais, aposentadorias e o orçamento público.
O Governo Federal projeta que o salário mínimo chegará a R$ 1.631 em 2026, com reajuste que repõe a inflação e assegura ganho real.
A estimativa está no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviado ao Congresso, que toma como referência a regra em vigor desde 2023: correção pelo INPC do ano anterior somada ao crescimento do PIB de dois anos antes, com limite de até 2,5% de aumento real.
Se confirmado, o valor superará o piso de R$ 1.518 de 2025.
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Como o governo chegou à projeção de R$ 1.631
A peça orçamentária usa parâmetros macroeconômicos divulgados oficialmente para 2026.
Entre eles, inflação projetada de 3,6% e crescimento do PIB de 2,44%, índice que também baliza o ganho real permitido pela política de valorização.
A combinação desses componentes resulta no percentual de reajuste que leva ao valor estimado do mínimo.
O documento de envio do PLOA detalha esses pressupostos e serve de base para calcular despesas obrigatórias atreladas ao piso.
Regra de valorização: inflação e PIB com teto de ganho real
A política permanente de valorização foi restabelecida por lei em 2023.
Desde então, o cálculo considera integralmente o INPC do ano anterior, preservando o poder de compra, e soma o desempenho do PIB de dois anos antes para definir o ganho real.
Em 2024, o Congresso aprovou e o Executivo sancionou limites que mantêm o aumento real entre 0,6% e 2,5%, conforme o espaço fiscal.
Assim, a fórmula preserva a previsibilidade do piso e conecta sua evolução à atividade econômica.
O que muda para quem recebe salário e benefícios
A elevação do mínimo tem reflexo imediato nas remunerações de trabalhadores formais que ganham o piso e nos benefícios vinculados a ele.
Aposentadorias e pensões de um salário do INSS são reajustadas para o novo valor, enquanto benefícios acima do piso seguem a variação do INPC.
O BPC acompanha integralmente o salário mínimo.
Em 2025, por exemplo, quem ganhava o piso passou de R$ 1.412 para R$ 1.518, movimento que também ajustou benefícios assistenciais e o abono salarial calculado sobre o mínimo.
Impacto fiscal e na folha das empresas
Para o orçamento público, a correção do mínimo amplia despesas obrigatórias.
Previdência Social, BPC e abono PIS/Pasep têm o piso como referência, o que pressiona gastos quando há aumento real.
Pelas estimativas do PLOA, a equipe econômica considera a dinâmica do PIB e da inflação para projetar receitas e acomodar esse avanço nas contas.
No setor privado, sobretudo entre micro e pequenas empresas, o ajuste exige reprogramação de custos de pessoal e encargos, com efeitos distintos por setor conforme margens e produtividade.
Trâmite no Congresso e possibilidade de ajuste
A cifra de R$ 1.631 é ponto de partida.
A proposta de orçamento passa pela Comissão Mista de Orçamento e pelo Plenário do Congresso, onde pode receber alterações.
Além disso, o valor final do salário mínimo para 2026 depende do INPC efetivo de 2025 e dos dados consolidados do PIB de 2024.
Caso a inflação fique acima ou abaixo do estimado, o governo recalcula o piso para cumprir a regra de valorização.
Após a aprovação da LOA e a consolidação dos números, o valor é formalizado por decreto presidencial.
Quando o novo valor começa a valer
As correções do salário mínimo entram em vigor no dia 1º de janeiro de cada ano.
O novo valor aparece no contracheque pago em fevereiro, referente ao trabalho realizado em janeiro.
Foi assim com o piso de R$ 1.518 em 2025, e a mesma dinâmica se aplica ao valor que vier a ser definido para 2026.
O que está por trás do ganho real
A ideia de ganho real é fazer o piso avançar além da inflação quando a economia cresce, repartindo parte dos resultados do PIB com quem recebe o mínimo e com os beneficiários indexados a ele.
Em paralelo, a limitação do aumento real a até 2,5% busca manter previsibilidade fiscal, dado o efeito multiplicador do piso em uma ampla base de benefícios e rendimentos.
Ao fixar um teto, a lei pretende evitar saltos que elevem abruptamente despesas obrigatórias, mas sem abrir mão da recuperação do poder de compra em cenário de atividade positiva.
Por que o valor ainda pode mudar
Projeções servem para planejar, não para cravar números definitivos.
O INPC de 2025 só será conhecido após o fechamento do ano, e revisões do PIB de 2024 podem ocorrer até a divulgação de dados consolidados.
Mudanças nesses indicadores alteram o cálculo final e, por consequência, o valor do piso.
Por isso, o R$ 1.631 permanece como estimativa técnica do PLOA até a publicação do decreto que definirá o mínimo de 2026.
Efeitos no cotidiano: consumo, crédito e preços
Salários e benefícios maiores tendem a sustentar o consumo de bens e serviços de primeira necessidade, com impacto mais visível no comércio local e nos pequenos prestadores.
Ao mesmo tempo, parte das empresas ajusta preços para recompor custos, o que pode reduzir parte do ganho real no curto prazo.
Bancos e varejistas, por sua vez, recalibram limites e ofertas de crédito considerando a renda mínima oficial.
A intensidade desses movimentos varia conforme a conjuntura e a concorrência setorial.
O que observar até o fim do ano
A tramitação do PLOA, os boletins de inflação e as atualizações do cenário para 2026 serão determinantes para o valor final.
A Secretaria de Política Econômica, o Banco Central e o IBGE divulgarão dados que podem confirmar ou ajustar as projeções atuais, mantendo o foco na combinação entre INPC e PIB prevista em lei.
Nesse percurso, eventuais mudanças na arrecadação e no espaço fiscal também entram na conta do planejamento do governo.