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Toyota, Volkswagen e Fiat em alerta no Brasil: fábricas podem colapsar em três semanas e setor teme apagão na indústria automotiva por disputa envolvendo China, que ameaça repetir o caos da pandemia

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 25/10/2025 às 16:40
Setor automotivo brasileiro entra em alerta após disputa entre Holanda e China ameaçar o abastecimento de semicondutores essenciais para a produção de veículos.
Setor automotivo brasileiro entra em alerta após disputa entre Holanda e China ameaçar o abastecimento de semicondutores essenciais para a produção de veículos.
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Disputa internacional por chips entre Holanda e China ameaça interromper a produção de veículos no Brasil, acendendo alerta em montadoras e no governo sobre possível crise semelhante à enfrentada durante a pandemia.

Montadoras instaladas no país passaram a trabalhar com o cenário de interrupção no fornecimento de semicondutores em até três semanas, após o agravamento de uma disputa entre Holanda e China que já provoca impactos na Europa e ameaça as linhas de Toyota, Volkswagen, Fiat e outras fabricantes no Brasil.

A Anfavea informou que há risco de paralisações por “escassez crítica de semicondutores” e pede ação rápida do governo para evitar a falta de componentes.

Como o impasse começou e por que afeta o Brasil

Segundo reportagem publicada pelo Jornal Nacional nesta sexta-feira (24), o impasse teve início após o governo holandês assumir o controle da Nexperia, fabricante de chips sediada na Holanda e pertencente ao grupo chinês Wingtech.

A decisão foi justificada por motivos de segurança econômica.

Ainda conforme o telejornal, a China respondeu restringindo a exportação de semicondutores, itens essenciais para várias indústrias, inclusive a automotiva.

De acordo com analistas do setor, essa medida afeta diretamente países que dependem das cadeias globais de suprimentos, como o Brasil.

Embora o país não produza chips automotivos em escala, as montadoras locais utilizam esses componentes em praticamente todos os sistemas eletrônicos dos veículos.

A Anfavea destaca, em nota, que um carro moderno utiliza entre mil e 3 mil chips e que, sem esses componentes, “as fabricantes não conseguem manter a linha de produção em andamento”.

Sinal amarelo das montadoras e alerta da Anfavea

Setor automotivo brasileiro entra em alerta após disputa entre Holanda e China ameaçar o abastecimento de semicondutores essenciais para a produção de veículos.
Setor automotivo brasileiro entra em alerta após disputa entre Holanda e China ameaçar o abastecimento de semicondutores essenciais para a produção de veículos.

De acordo com apuração do Jornal Nacional, a associação das fabricantes está “atenta e preocupada” com o risco de desabastecimento em poucas semanas e compara a situação atual aos gargalos registrados no auge da pandemia, quando houve falta de componentes e paralisação de fábricas em vários países.

Representantes da entidade afirmam que é necessário um diálogo diplomático imediato entre o governo brasileiro e o chinês para garantir a continuidade do fornecimento.

O setor avalia que a escassez decorre de um contexto geopolítico que, segundo especialistas, envolve pressões internacionais sobre o controle da produção e do comércio de semicondutores.

Produção ainda cresce, mas cenário pode mudar

Os dados até setembro mostram aumento de 6% na produção de veículos em relação ao mesmo período de 2024, sustentado principalmente por um avanço de 51,6% nas exportações.

Segundo a Anfavea, o crescimento foi impulsionado pelo mercado externo, especialmente pela demanda da Argentina.

Apesar do desempenho positivo, especialistas afirmam que o ritmo pode ser afetado caso o fornecimento de semicondutores seja interrompido.

Conforme o Jornal Nacional, montadoras já registram filas de espera para entrega de veículos a partir de janeiro e fevereiro, reflexo da alta demanda e do receio de atrasos na produção.

O que dizem governo e setor

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços informou que monitora os efeitos da interrupção na cadeia global de semicondutores e mantém diálogo com o setor automotivo para minimizar possíveis prejuízos a empresas e empregos.

Ainda segundo o Jornal Nacional, o presidente em exercício Geraldo Alckmin convocou uma reunião com representantes do setor automotivo para a próxima terça-feira, com o objetivo de discutir alternativas para evitar impactos nas fábricas.

Especialistas em comércio internacional avaliam que o endurecimento dos controles de exportação holandeses sobre equipamentos de fabricação de chips, vigente desde abril, aumentou a instabilidade do mercado global de semicondutores.

Entenda a importância dos semicondutores no carro

Os chips são responsáveis por controlar sistemas eletrônicos e de segurança dos veículos.

Segundo engenheiros da indústria automotiva, eles funcionam como “neurônios” dentro do carro, permitindo o funcionamento coordenado de mecanismos como motor, frenagem, airbag e conectividade.

Por isso, qualquer interrupção no fornecimento pode afetar rapidamente a produção.

Quando um componente específico falta, parte da linha de montagem precisa ser suspensa até a reposição.

Setor automotivo brasileiro entra em alerta após disputa entre Holanda e China ameaçar o abastecimento de semicondutores essenciais para a produção de veículos.
Setor automotivo brasileiro entra em alerta após disputa entre Holanda e China ameaçar o abastecimento de semicondutores essenciais para a produção de veículos.

Em entrevista concedida ao Jornal Nacional, representantes do setor afirmaram que a ausência dos chips pode paralisar as fábricas brasileiras em menos de um mês, caso não sejam liberadas novas remessas vindas da Ásia.

O risco de uma nova crise global

Durante a pandemia de COVID-19, entre 2020 e 2021, a escassez de semicondutores causou paralisações generalizadas em montadoras de todo o mundo.

Agora, segundo especialistas em economia internacional, o risco é de que o conflito político e comercial entre países produtores provoque uma nova onda de desabastecimento, com impacto direto sobre a indústria automotiva.

Analistas lembram que a produção global de chips é altamente concentrada em poucos países e empresas.

Qualquer restrição em um elo da cadeia pode gerar efeito cascata em diversas regiões, especialmente nas economias dependentes de importação de tecnologia, como o Brasil.

O que observar nas próximas semanas

Técnicos da indústria e representantes do governo acompanham três fatores principais:

  • A duração das restrições chinesas após a intervenção na Nexperia;
  • Eventuais novas medidas europeias sobre o comércio de semicondutores;
  • E a capacidade das montadoras de ajustar temporariamente a produção para modelos com menor conteúdo eletrônico, caso a escassez se confirme.

Por enquanto, os indicadores seguem positivos, mas o cenário pode mudar rapidamente se a disputa comercial se intensificar.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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