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Toyota Bandeirante: o 4×4 indestrutível que nasceu do Land Cruiser, conquistou o Brasil e tem uma unidade com apenas 50 km até hoje

Escrito por Ana Alice
Publicado em 07/09/2025 às 23:49
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Ícone do fora de estrada brasileiro, o Toyota Bandeirante nasceu do Land Cruiser, foi produzido por quase quatro décadas no país e marcou gerações de trabalhadores e entusiastas pela robustez, simplicidade mecânica e durabilidade incomparável.

O Toyota Bandeirante consolidou a imagem de confiabilidade da marca no país ao longo de quase quatro décadas de produção nacional.

Descendente direto do Land Cruiser, o utilitário foi fabricado em São Bernardo do Campo (SP) entre 12 de novembro de 1962 e 28 de novembro de 2001, somando 104.621 unidades.

A última delas, preservada como peça de museu em Sorocaba (SP), mantém apenas 50 km registrados e foi dirigida com exclusividade por Autoesporte, evidenciando por que o modelo virou sinônimo de robustez.

Origem militar e o feito no Monte Fuji

A linhagem começa em 1951, com o projeto BJ. Para demonstrar a resistência do chassi de concepção próxima à de caminhões, o piloto de testes Ichiro Taira levou um protótipo até a sexta estação do Monte Fuji, no Japão, a mais de 2,5 mil metros de altitude.

Foi registrado como o primeiro veículo a atingir aquele ponto, em prova supervisionada pela Agência Nacional de Polícia (NPA) japonesa.

A repercussão levou a NPA a encomendar 289 unidades do BJ para patrulha do Exército. Até 1953, o jipe teve uso exclusivamente militar; na sequência, iniciou a produção civil com o nome Land Cruiser.

Chegada ao Brasil e início da montagem local

Descubra a história do Toyota Bandeirante, o jipe 4x4 indestrutível que nasceu do Land Cruiser e marcou o Brasil por quatro décadas.
Descubra a história do Toyota Bandeirante, o jipe 4×4 indestrutível que nasceu do Land Cruiser e marcou o Brasil por quatro décadas.

O Brasil conheceu o modelo em 1955, trazido não pela Toyota, mas pela Sociedade Comercial Arpagral Ltda., que mantinha galpão no Ipiranga, em São Paulo.

A empresa importava chassis do Land Cruiser e fazia a montagem com motores diesel Mercedes-Benz.

A demanda cresceu e, em janeiro de 1958, a Toyota abriu seu primeiro escritório no centro da capital paulista.

Poucos meses depois, em dezembro de 1958, a fabricante inaugurou uma linha de montagem também no Ipiranga para produzir o Land Cruiser no regime CKD (Completely Knock-Down), recebendo o veículo desmontado para montagem local.

Foi a primeira vez que um modelo Toyota ganhou produção fora do Japão, apenas 21 anos após a fundação da companhia, em 1937.

Nasce o Bandeirante em São Bernardo

Em 1961, a Toyota adquiriu o terreno em São Bernardo do Campo e, a partir de 1962, a produção passou a ser integralmente nacional.

Nesse momento, o nome foi alterado de Land Cruiser para Bandeirante.

A empresa não divulga o motivo oficial da mudança; a hipótese mais difundida é a referência aos desbravadores do período colonial, alinhando a imagem do jipe à capacidade de vencer qualquer terreno brasileiro.

Carrocerias para todo tipo de trabalho

Com a expansão pelo país, o utilitário tornou-se presença habitual em frentes de trabalho urbanas e rurais. Ao longo das décadas, recebeu múltiplas configurações de carroceria.

Além das versões de capota de aço e capota de lona com chassi curto, houve variações de chassi médio e longo, picapes de entre-eixos curto e longo e opções de cabine dupla com caçamba curta ou longa.

Essa modularidade ajudou o Bandeirante a ocupar nichos que iam do campo às obras de infraestrutura, passando por serviços públicos em áreas remotas.

Por que motores Mercedes por tanto tempo

Descubra a história do Toyota Bandeirante, o jipe 4x4 indestrutível que nasceu do Land Cruiser e marcou o Brasil por quatro décadas.
Descubra a história do Toyota Bandeirante, o jipe 4×4 indestrutível que nasceu do Land Cruiser e marcou o Brasil por quatro décadas.

Até o início da década de 1990, o Bandeirante utilizou exclusivamente motores Mercedes-Benz da família OM, de quatro cilindros a diesel, derivados de caminhões.

A decisão tinha dois pilares: a reputação de robustez desses propulsores e a ampla rede de peças resultante da liderança da Mercedes no mercado de pesados no Brasil, o que simplificava a manutenção.

Entre 1962 e 1973, o utilitário foi equipado com o OM-324, de 3,4 litros, 78 cv e 17,5 kgfm. Em 1973, a gama migrou para o OM-314, de 3,8 litros, 85 cv e 24 kgfm.

Já entre 1990 e 1994, entrou em cena o OM-364, de 4,0 litros, 90 cv e 27 kgfm. Conforme a aplicação, havia câmbio manual de quatro ou cinco marchas e tração 4×2 ou 4×4 com reduzida.

A virada de 1994: motor Toyota 14B

Somente a partir de 1994 o Bandeirante recebeu um motor próprio da marca: o Toyota 14B.

Trata-se de um 3,7 litros diesel de quatro cilindros, com 96 cv e 24,4 kgfm, atrelado ao câmbio manual de cinco marchas e à tração 4×4 com caixa de redução.

É essa a mecânica da última unidade produzida, preservada na fábrica de Sorocaba.

A última unidade: preservada, curta e com 50 km

O exemplar final é da versão de chassi curto, com 3,93 m de comprimento. Mantido como item de acervo, contabiliza 50 km no hodômetro e conserva o estado de fábrica.

A carroceria em Azul Pacém destaca um conjunto de acessórios raros hoje: bancos de couro preto, gancho de reboque com cabo de aço de 40 m, quebra-mato, snorkel, faróis de neblina, eixo traseiro flutuante, rodas esportivas, ar-condicionado e ar quente.

O painel reúne tacômetro, relógio e rádio AM/FM digital, compondo um ambiente simples e funcional.

Ao volante: sensação de caminhão e torque imediato

Descubra a história do Toyota Bandeirante, o jipe 4x4 indestrutível que nasceu do Land Cruiser e marcou o Brasil por quatro décadas.
Descubra a história do Toyota Bandeirante, o jipe 4×4 indestrutível que nasceu do Land Cruiser e marcou o Brasil por quatro décadas.

A posição ao volante é marcada pelo banco dianteiro inteiriço, que deixa o corpo mais vertical, lembrando cabines de caminhão. Ao girar a chave, a vibração do motor invade a cabine e o cheiro de diesel confirma o caráter utilitário.

Mesmo em rodagem breve no campo de provas da Toyota, Autoesporte destacou que o Bandeirante entrega torque em baixa rotação e engates precisos, características que o tornaram ferramenta de trabalho confiável em operações exigentes.

Mais à vontade longe do asfalto

Em piso perfeito, o jipe parece deslocado.

O habitat natural do Bandeirante são as trilhas, estradas de terra, areais e aclives que testam durabilidade e tração.

Não por acaso, a reputação começou com um desafio extremo nas encostas do Monte Fuji e se consolidou vencendo cenários adversos de norte a sul do Brasil.

De agente do serviço público a parceiro do produtor rural, o modelo forjou uma imagem de veículo que “não quebra” porque foi concebido para o esforço contínuo.

Legado na indústria e na cultura automotiva

A contribuição do Bandeirante extrapola o mercado 4×4. A produção em CKD nos anos 1950 e a industrialização plena nos anos 1960 ajudaram a sedimentar a presença industrial da Toyota no país.

Em paralelo, o jipe estabeleceu um padrão de valentia e confiabilidade que ecoa nas linhas atuais da marca.

Mesmo fora de linha desde 2001, segue como referência entre profissionais que dependem do veículo no dia a dia e entre entusiastas que valorizam mecânica simples e manutenção descomplicada.

Que lembranças ou histórias de uso real você tem com o Bandeirante — e quais atributos ainda fazem falta nos utilitários modernos?

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Ana Alice

Redatora e analista de conteúdo. Escreve para o site Click Petróleo e Gás (CPG) desde 2024 e é especialista em criar textos sobre temas diversos como economia, empregos e forças armadas.

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