A torre mais alta da China reduz a pressão do vento em 24% com fachada retorcida e abriga um amortecedor de massa de 1.000 toneladas no topo para estabilizar a estrutura
A torre mais alta da China é a Shanghai Tower, com 632 metros e 128 andares, ícone que combina engenharia de ponta, eficiência energética e soluções para conforto dos ocupantes. O desenho retorcido da fachada quebra o fluxo de ar e reduz em cerca de 24% a carga de vento, permitindo estrutura mais enxuta e economia de material.
No topo, um amortecedor de massa sintonizado de 1.000 toneladas atua como contrapeso dinâmico, minimizando oscilações em dias de ventos fortes ou durante tremores. O resultado é estabilidade, conforto e segurança, sem abrir mão de vistas e espaços públicos internos distribuídos em vários níveis.
Como o desenho retorcido derruba o vento
A Shanghai Tower foi projetada como nove volumes cilíndricos empilhados e envoltos por uma pele de vidro que se torce suavemente ao subir.
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Essa torção interrompe vórtices e redistribui as pressões ao redor do edifício.
Na prática, a forma reduz a força do vento em aproximadamente 24% quando comparada a uma torre convencional de mesma altura.
Essa queda de pressão permite menos aço e concreto na superestrutura, sem comprometer a segurança.
Forma e função caminham juntas: o gesto arquitetônico é, ao mesmo tempo, assinatura estética e solução estrutural para um arranha-céu de 632 metros.
O “cérebro” da estabilidade fica no topo
No coroamento, a torre abriga um amortecedor de massa sintonizado com 1.000 toneladas.
Trata-se de um grande peso instalado em sistema de molas e amortecedores que se move levemente na direção oposta à da oscilação do prédio.
Quando o vento empurra a estrutura, o dispositivo responde como um pêndulo inteligente e neutraliza parte do movimento.
O objetivo é duplo: proteger os elementos estruturais e melhorar o conforto humano.
Em alturas extremas, oscilações que seriam imperceptíveis em prédios comuns podem incomodar usuários. O TMD reduz esse efeito e mantém a sensação de piso “sólido” mesmo a centenas de metros do solo.
Pele dupla, jardins internos e eficiência
A fachada dupla de vidro cria um colchão de ar entre pele interna e externa.
Esse espaço abriga nove jardins verticais em diferentes níveis, que funcionam como praças internas e ajudam no condicionamento térmico natural.
Ao isolar melhor o interior, o prédio precisa de menos energia para aquecer ou resfriar.
O edifício integra ainda coleta de água de chuva para usos não potáveis e estratégias de iluminação e ventilação que reduzem cargas elétricas.
O conjunto levou a certificações ambientais de topo e consolidou a torre como referência mundial em sustentabilidade aplicada a arranha-céus.
O que cabe dentro de 632 metros
Com 128 andares acima do solo e cinco subsolos, a torre concentra escritórios, hotel, mirante e áreas de convivência.
Os elevadores de alta velocidade encurtam trajetos verticais em poucos segundos, conectando térreo, jardins aéreos e observatório.
A área útil ultrapassa meio milhão de metros quadrados, com capacidade para até 16 mil pessoas.
A experiência do usuário é parte do projeto.
Os jardins intercalados quebram a monotonia da altura, criam pausas na vertical e adicionam caráter público ao edifício, algo raro em megatorres corporativas.
Quanto custou e quem pagou
O empreendimento teve custo estimado de 2,4 bilhões de dólares, com financiamento liderado pela municipalidade de Xangai.
A construção começou em 2008, foi concluída no fim de 2015 e aberta ao público em 2016.
O investimento bancou tecnologia anti-vento, sistemas de amortecimento e soluções verdes, não apenas o volume construído.
Esse pacote de engenharia permite reduzir custos operacionais ao longo do ciclo de vida.
Em edifícios desse porte, cada ponto percentual de eficiência representa economia significativa por décadas.
Por que isso importa para cidades e construtoras
A torre mais alta da China mostra que, em megatipos, a aerodinâmica é infraestrutura. Em regiões ventosas, o formato do prédio é tão relevante quanto a resistência dos materiais.
Projetar a forma para “trabalhar a favor” do vento corta custos estruturais e reduz vibrações.
Há também um recado urbano: arranha-céus podem oferecer espaços públicos internos qualificados.
Ao criar jardins aéreos e percursos de uso comum, a torre dilui a fronteira entre edifício privado e cidade, elevando a qualidade do uso cotidiano, não só o espetáculo da altura.