Ratos domésticos dizimam aves marinhas na Ilha Marion, e operação milionária visa erradicar praga antes que espécies desapareçam definitivamente
A Ilha Marion, localizada na África do Sul, sempre foi um importante refúgio e local de reprodução para aves marinhas. No entanto, essa realidade mudou drasticamente após a chegada de ratos domésticos no século XIX, trazidos por caçadores de focas.
Com o passar do tempo, esses roedores passaram a atacar não só filhotes de albatroz-errante, mas também exemplares adultos, devorando-os vivos.
O mais importante é que a cada ano centenas de milhares de aves morrem em consequência direta desses ataques.
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As espécies afetadas, que evoluíram sem predadores terrestres, não possuem defesas naturais contra a ameaça. As feridas e infecções provocadas pelos roedores fazem com que as aves agonizem por dias.
Projeto Mouse-Free Marion
Em 2023, o conservacionista Mark Anderson revelou que foi nesse ano que se descobriu que os ratos já atacavam albatrozes adultos, um avanço grave na ameaça.
Para enfrentar o problema, surgiu o projeto Mouse-Free Marion (MFM), que propõe bombardear a ilha com iscas misturadas com veneno para ratos.
A operação tem custo estimado de 26 milhões de dólares, cerca de 535 milhões de reais. O financiamento vem de apoio governamental e de campanhas de arrecadação.
A meta é eliminar todos os ratos de uma área de 30 mil hectares da ilha.
Anton Wolfaardt, cientista à frente do MFM, explicou ao The Current que a medida é urgente. Segundo ele, se os roedores não forem erradicados, a maioria das aves marinhas da Ilha Marion, incluindo o albatroz-errante, pode desaparecer localmente em um período de 30 a 100 anos.
Desafios logísticos do projeto
Apesar da urgência, a aplicação do veneno por helicópteros só deve ocorrer em 2027. O atraso acontece por causa do tamanho e da complexidade topográfica da ilha.
Wolfaardt destacou que cientistas ainda analisam dados e elaboram planos de contingência para garantir que cada roedor receba uma dose letal, considerando diferentes variáveis ambientais.
Essa precisão é fundamental para que o objetivo seja alcançado. Qualquer falha pode comprometer a eficácia e aumentar o risco de resistência entre os roedores.
O risco do Efeito Hidra
O controle da população de ratos enfrenta ainda um risco biológico conhecido como Efeito Hidra. Esse fenômeno descreve situações em que a redução de uma espécie, em vez de eliminá-la, provoca seu aumento posterior.
No caso dos ratos da Ilha Marion, eles podem ter de quatro a cinco ninhadas por ano, com seis a oito filhotes cada.
Se parte da população sobreviver ao veneno, poderá se reproduzir rapidamente, tornando-se ainda mais difícil de erradicar.
Um exemplo desse efeito ocorreu na Califórnia, quando especialistas tentaram erradicar caranguejos-verdes-europeus em uma lagoa.
Após cinco anos, reduziram a população de 100 mil para 10 mil indivíduos. No entanto, a eliminação dos adultos, que se alimentavam das crias, provocou o crescimento descontrolado dos jovens.
O resultado foi uma explosão populacional que elevou o número de caranguejos para 300 mil.
Além disso, esse histórico serve como alerta para que a operação na Ilha Marion seja planejada com extremo cuidado.
O sucesso dependerá de alcançar a eliminação total dos roedores, evitando que o problema se agrave ainda mais no futuro.
Com informações de Xataka.