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Tijolos de plástico estão mudando a construção! Com encaixe sem argamassa, conforto térmico e menos resíduos

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 10/07/2025 às 14:56
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Tijolos de plástico oferecem conforto térmico superior e reduzem significativamente os resíduos da construção civil

No coração de um mundo cada vez mais aquecido e pressionado por desafios ambientais, uma inovação ganha espaço nas construções sustentáveis: o tijolo de plástico. Reimaginando um material comum, essa tecnologia representa uma resposta prática e eficiente tanto para o conforto térmico quanto para o combate ao excesso de resíduos no planeta.

Desenvolvido pela empresa Fuplastic, o chamado “tijolo verde” tem atraído atenção por sua capacidade de transformar plástico reciclado em estruturas resistentes, modulares e ecologicamente corretas. Mais do que uma curiosidade técnica, essa solução já está sendo aplicada em moradias populares e projetos urbanos pelo Brasil.

Uma nova era para a construção civil

A proposta da Fuplastic combina inovação, agilidade e consciência ambiental. Por meio de um sistema de encaixe que dispensa o uso de argamassa, os tijolos de plástico possibilitam construções rápidas, limpas e altamente adaptáveis. Cada edificação de 50 m² utilizando esse sistema retira do meio ambiente cerca de 2,5 toneladas de plástico reciclado.

O impacto é considerável quando se pensa em escala. O uso desse tipo de tijolo em programas de habitação social ou em empreendimentos urbanos poderia significar a destinação correta de milhares de toneladas de plástico que, de outra forma, levariam séculos para se decompor em aterros ou nos oceanos.

Além disso, o processo produtivo dos tijolos não exige a queima em fornos industriais, como ocorre com os tijolos de argila. Isso significa menor emissão de CO₂, menos consumo de água e menos degradação de áreas naturais. A produção é feita com baixo gasto energético e dentro dos parâmetros da chamada economia circular: os tijolos podem ser reutilizados, desmontados e até reciclados ao final de sua vida útil, sem geração de entulho.

Segundo Bruno Frederico, CEO da Fuplastic, essa abordagem “não apenas evita o descarte de plástico, como também redefine o conceito de construção limpa, com impacto ambiental reduzido e ciclo produtivo sustentável”.

Casa ecológica oferece condições idênticas às de casas feitas de tijolos de argila, segundo idealizadores do modelo Foto: Werther Santana/Estadão

Conforto térmico em tempos de calor extremo

Outro diferencial que vem chamando atenção dos especialistas é o desempenho térmico. Ao contrário dos tijolos tradicionais, os blocos de plástico da Fuplastic possuem cavidades internas que permitem a circulação de ar. Essa ventilação natural contribui para manter a temperatura interna mais estável e agradável, mesmo durante ondas de calor.

“Os tijolos têm a capacidade de respirar. O ar quente sobe e escapa pelos furos, criando um sistema simples e funcional de resfriamento passivo”, explica Frederico. Testes realizados em campo já comprovaram essa eficiência, e relatos de moradores também apontam melhorias perceptíveis no conforto térmico.

Essa característica é especialmente importante diante do agravamento das mudanças climáticas. Em um cenário onde as cidades enfrentam ilhas de calor cada vez mais severas, soluções construtivas como essa podem fazer a diferença no bem-estar e na saúde da população.

Desafios e considerações técnicas

Apesar dos benefícios, a adoção ampla dos tijolos de plástico exige atenção a alguns pontos. Como ressalta o professor Maurício Resende, especialista em Engenharia Civil da Fundação Educacional Inaciana (FEI), o desempenho térmico de uma construção não depende apenas do material usado. “O projeto arquitetônico, a ventilação cruzada, a presença de beirais e a escolha da cobertura são igualmente determinantes”, explica.

Outro fator crítico é a segurança contra incêndios. Por se tratar de um material plástico, é essencial que os blocos sejam submetidos a rigorosos testes de ignibilidade e resistência ao fogo. Segundo a Fuplastic, os tijolos já contam com certificações de qualidade que garantem sua utilização em conformidade com normas de segurança nacionais.

Com os devidos cuidados e adaptações, a tecnologia pode, portanto, ser incorporada sem comprometer a integridade estrutural ou a segurança dos edifícios.

Inclusão social e arquitetura acessível

Casa ecológica feita de plástico reciclado foi exposta na Praça do Patriarca, no centro de São Paulo, durante o festival Cidade do Futuro Foto: Werther Santana/Estadão

Muito além da sustentabilidade ambiental, os tijolos de plástico estão abrindo caminho para um novo modelo de moradia social no Brasil. Sua leveza e montagem simples os tornam ideais para construções em locais de difícil acesso ou em comunidades com infraestrutura precária.

Um exemplo notável vem do trabalho da ONG TETO Brasil, que já utilizou os tijolos da Fuplastic em projetos emergenciais. Regiane Alves da Silva, moradora da comunidade Porto de Areia, em Carapicuíba (SP), foi uma das beneficiadas. “A casa é arejada, confortável e muito bem planejada. Superou minhas expectativas”, relata.

Durante o festival Cidade do Futuro 2024, realizado na Praça do Patriarca, no centro de São Paulo, uma casa modelo feita com os blocos de plástico foi apresentada ao público. A estrutura chamou atenção não apenas pela estética moderna, mas pela proposta de viabilidade real: uma casa montada rapidamente, com conforto térmico, reutilizável e sem geração de resíduos.

Segundo os idealizadores do projeto, essas moradias oferecem condições de habitabilidade equivalentes às construções com tijolos tradicionais — com a vantagem de serem mais limpas, acessíveis e sustentáveis.

Caminho para o futuro

O tijolo de plástico simboliza uma mudança de paradigma no setor da construção. Ele surge como uma solução concreta frente a dois dos maiores dilemas contemporâneos: o aquecimento global e o excesso de resíduos sólidos. Ao unir inovação tecnológica com impacto social e ambiental, ele se posiciona como um dos pilares da nova arquitetura sustentável.

À medida que governos, empresas e ONGs buscam alternativas para urbanizar de forma mais humana e ecológica, materiais como esse ganham protagonismo. O desafio agora é ampliar sua aplicação, reduzir custos de produção em escala e transformar esse modelo em política pública.

Se a chave para um futuro mais justo e equilibrado estiver na maneira como construímos nossas casas, talvez esteja também na forma como reciclamos o que antes era descartado.

Para mais informações sobre os produtos, preços e disponibilidade, visite o site oficial da Fuplastic: fuplastic.com.br

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, baseado no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Busco traduzir assuntos complexos em conteúdos acessíveis, com rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico.

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