Um novo estudo do Serviço Geológico do Brasil reacende as esperanças de encontrar grandes jazidas de ouro no sertão pernambucano. O mapa divulgado detalha com precisão onde o metal pode estar concentrado, com base em análises geológicas, geoquímicas e geofísicas da região de Serrita e Salgueiro.
O árido sertão pernambucano, marcado pela seca e pela resistência de seu povo, pode estar prestes a entrar no mapa dos grandes produtores de ouro do país.
Um estudo do Serviço Geológico do Brasil (SGB), publicado no dia 15 de julho de 2025, trouxe novos dados sobre a presença do metal precioso no território.
O “Mapa de Prospectividade para Ouro do Distrito Serrita-Salgueiro” acende uma esperança para a economia da região e para o setor mineral nacional.
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O levantamento faz parte do Projeto Ouro Brasil e tem como foco identificar áreas com alto potencial de ocorrência de ouro, com base em critérios geológicos modernos e sustentáveis.
O material serve como um guia estratégico para futuras explorações.
Mapeamento revela sinais promissores
A região de Serrita-Salgueiro sempre chamou a atenção de geólogos.
Localizada na Província Borborema, apresenta uma complexa composição de rochas antigas e estruturas tectônicas. Essa configuração geológica favorece a formação de depósitos minerais.
Para criar o novo mapa, o SGB utilizou uma metodologia integrada que combina dados geológicos, geoquímicos e geofísicos.
A técnica de sobreposição de múltiplas classes foi fundamental. Ela permite atribuir pesos e pontuações a diferentes fatores indicativos de ouro.
Áreas com maiores sinais — como rochas específicas, estruturas geológicas e anomalias químicas — recebem destaque no estudo.
Esse método ajuda a reduzir riscos e otimizar os esforços de exploração mineral, apontando onde a presença de ouro é mais provável.
Os três pilares da prospecção
O modelo de prospecção do ouro em Serrita-Salgueiro se baseia em três pilares fundamentais da geologia econômica.
O primeiro é a Fonte de Fluidos, Metais e Ligantes.
O ouro é transportado por fluidos hidrotermais que circulam pelas rochas. A presença de corpos graníticos, como os da Suíte Serrita, indica essas fontes.
Além disso, anomalias gravimétricas no subsolo apontam possíveis intrusões graníticas.
O segundo pilar é a Fonte de Energia. A formação de depósitos de ouro exige energia para movimentar os fluidos.
Os granitos da Suíte Serrita cumprem também esse papel. Dados geofísicos, como a análise da segunda derivada da anomalia gravimétrica, ajudam a localizar essas áreas de maior atividade energética.
Por fim, o terceiro pilar são os Condutos para Migração de Fluidos. Falhas geológicas, zonas de cisalhamento e lineamentos estruturais são os caminhos que os fluidos percorrem até se depositarem.
O mapa do SGB identifica diversas estruturas profundas e interseções, consideradas locais estratégicos para concentração de ouro.
Onde o ouro se deposita
Além dos condutores, o estudo aponta os Gradientes para Deposição de Minério. O ouro se precipita em locais onde há mudanças nas condições físico-químicas. Essas mudanças ocorrem em falhas e fraturas próximas à superfície.
Outro sinal importante são as anomalias geoquímicas. Elementos como arsênio, antimônio, prata, cádmio e chumbo, quando encontrados em sedimentos de corrente, indicam possível presença de ouro, pois costumam aparecer juntos.
Rochas mais favoráveis
Nem todas as rochas são boas para abrigar ouro. As Unidades Litoestratigráficas mais favoráveis identificadas no mapa são os xistos do Complexo Salgueiro e os granitos da Suíte Serrita. Nessas rochas ocorrem os veios de quartzo, principais hospedeiros do chamado ouro filoneano.
Essas informações permitem que mineradoras e investidores concentrem seus esforços onde há mais chances de sucesso, economizando tempo e recursos.
Resultados já conhecidos validam o modelo
O modelo desenvolvido pelo SGB foi testado com base em 37 ocorrências já conhecidas de ouro na região.
O resultado foi animador: 35% dessas ocorrências coincidiam com as áreas classificadas como de alto e muito alto potencial.
Essas áreas representam apenas 8,5% da área total mapeada, o que demonstra a precisão e a eficácia da metodologia utilizada. Isso confirma que o estudo não é apenas teórico, mas tem aplicação prática imediata.
Garimpos e minas reforçam o potencial
A maioria dos depósitos identificados tem origem hidrotermal, com o ouro hospedado em veios de quartzo. As principais rochas encaixantes continuam sendo o Xisto do Complexo Salgueiro e o Granito da Suíte Serrita.
O mapa também lista vários tipos de ocorrências: garimpos, minas ativas e inativas, e áreas ainda não exploradas. Entre os destaques estão as minas Sítio Algodões / Batuta, Sítio Algodões / Proming, Sítio Gavião, Sítio Monte Alegre e Cabaceiras I.
Essas minas em funcionamento ajudam a reforçar a confiança no potencial aurífero da região.
Ferramenta prática e estratégica
O novo mapa é mais do que um estudo técnico. Ele funciona como uma ferramenta estratégica para direcionar investimentos e ações de exploração mineral de forma mais segura, eficiente e sustentável.
O objetivo é estimular uma mineração responsável, com menor impacto ambiental e maior retorno econômico para a região.
Oportunidade para Pernambuco
O “Mapa de Prospectividade para Ouro do Distrito Serrita-Salgueiro” chega em um momento oportuno. Com a demanda global por ouro crescendo e a busca por alternativas econômicas para o interior nordestino, o estudo pode abrir caminho para um novo ciclo de desenvolvimento.
O sertão pernambucano, marcado historicamente por dificuldades, pode agora se tornar sinônimo de oportunidade. A revelação de áreas com alto potencial mineral pode atrair investimentos e gerar empregos, trazendo benefícios diretos para as comunidades locais.
Com base em dados precisos e metodologia avançada, o mapa representa uma virada de página na história geológica do estado.
Um futuro que brilha
As descobertas feitas pelo Serviço Geológico do Brasil mostram que o sertão pernambucano tem muito mais do que o solo seco e o sol forte. Sob a terra, pode estar escondido um futuro dourado.
Se os próximos passos forem dados com responsabilidade, respeito ambiental e planejamento, o ouro pode deixar de ser apenas um sonho distante e passar a ser uma nova realidade para Pernambuco e para o Brasil.