Iniciativa de Elon Musk enfrenta resistência e levanta alertas sobre segurança, transparência e responsabilidade na era dos veículos autônomos
A Tesla deu início aos testes com robotáxis Model Y em Austin, no Texas, no primeiro semestre de 2025.
Os veículos, equipados com sistemas de direção autônoma, estão sendo avaliados para circular sem motoristas em áreas específicas da cidade.
Contudo, a iniciativa, anunciada por Elon Musk em janeiro deste ano, despertou uma série de questionamentos.
Isso porque a empresa tenta bloquear o acesso a documentos que detalham o funcionamento e os riscos da tecnologia.
As comunicações com autoridades locais foram requisitadas por meio da Lei de Acesso à Informação.
Mas, desde então, permanecem envoltas em sigilo.
Essa postura tem causado grande preocupação entre especialistas, veículos de imprensa e entidades ligadas à segurança viária.
Empresas alegam sigilo industrial para barrar divulgação
De acordo com informações divulgadas pela agência Reuters em junho, a Tesla e empresas terceirizadas alegam que os documentos são “confidenciais, proprietários, comercialmente sensíveis e/ou classificados como segredo industrial”.
Essa justificativa foi enviada à prefeitura de Austin, que, por força legal, submeteu o caso ao procurador-geral do Texas.
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O objetivo declarado da Tesla seria preservar estratégias e processos de implantação dos robotáxis.
No entanto, a tentativa de ocultação gera polêmica.
Críticos argumentam que a falta de transparência pode impedir um debate público saudável.
Especialmente diante dos riscos já documentados relacionados aos sistemas de assistência ao motorista, como o Full Self-Driving (FSD), que segue em fase beta nos Estados Unidos desde 2019.
Histórico de falhas reforça alerta sobre segurança pública
Diversos incidentes relacionados ao FSD aumentam as preocupações.
Desde 2021, autoridades norte-americanas investigam a tecnologia por não identificar adequadamente situações de risco, como pedestres ou ônibus escolares parados.
Esses erros colocaram em xeque a segurança dos sistemas autônomos desenvolvidos pela montadora.
Ainda mais grave é o fato de que, segundo a legislação estadual aprovada em 2017, cidades do Texas, incluindo Austin, estão proibidas de regulamentar ou restringir diretamente veículos autônomos.
Ou seja, mesmo que haja riscos evidentes, o município não possui autoridade para intervir preventivamente.
Essa lacuna legal compromete a fiscalização e amplia a sensação de insegurança entre os moradores locais.
Decisão final será do procurador-geral do Texas
O caso agora está sob análise do procurador-geral Ken Paxton, que deve emitir um parecer nos próximos dias.
Conforme exigido por lei, cabe ao gabinete de Paxton julgar se os documentos solicitados devem ou não ser liberados ao público.
A prefeitura de Austin, por sua vez, informou que não possui posição formal sobre o conteúdo, mas que cumpre as obrigações legais.
Contudo, segundo analistas, há baixa expectativa de que o material seja divulgado.
O histórico político do procurador-geral tem sido marcado por decisões alinhadas a interesses corporativos.
Isso reduz a esperança de uma resolução favorável à transparência.
População sem respostas e insegurança cresce
Enquanto o impasse se arrasta, os moradores de Austin enfrentam a perspectiva de conviver com veículos autônomos nas ruas.
Isso acontece sem conhecer os critérios de funcionamento ou os planos de emergência em caso de falha.
A incerteza aumenta, principalmente porque a própria Tesla considera que a divulgação das informações poderia colocar sua operação em risco.
Essa postura levanta dúvidas sobre o grau de maturidade da tecnologia empregada.
Se os próprios desenvolvedores ainda consideram o sistema instável, como confiar que esses veículos conseguirão tomar decisões corretas em cenários imprevisíveis?
A cada esquina, um robotáxi pode surgir e a esperança é que, ao menos, saiba parar a tempo diante de uma criança atravessando a rua.