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Terraplanista viajou até a Antártida para provar que a Terra é plana — mas ficou MUITO decepcionado com o resultado

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 19/12/2024 às 09:53
Terraplanista, terra
FOTO: REPRODUÇÃO

Um terraplanista foi até a Antártida com o objetivo de confirmar sua crença de que a Terra é plana. Após testes e observações, acabou reforçando a evidência de que a Terra é, na verdade, redonda.

Desde os tempos antigos, os gregos já sabiam: a Terra é redonda. Essa ideia, sustentada por séculos de observação e ciência, ainda enfrenta resistência de grupos de terraplanistas que acreditam em uma Terra plana, um conceito intrigante que persiste em determinados círculos.

Um desses defensores, Jeran Campanella, tornou-se protagonista de uma história curiosa ao viajar para a Antártida e testemunhar fenômenos que contradizem sua crença.

A viagem do terraplanista para o “Experimento Final”

Jeran Campanella, conhecido pelo canal do YouTube “Jeransim”, participou de uma expedição chamada “O Experimento Final”, organizada pelo pastor Will Duffy.

A viagem foi projetada para resolver o debate entre terraplanistas e os que acreditam na esfericidade da Terra.

Com um custo de 35 mil dólares por pessoa, a expedição foi composta por quatro defensores da Terra plana e quatro pessoas que já aceitavam o modelo esférico do planeta.

A principal expectativa dos terraplanistas era observar o comportamento do Sol no continente gelado. De acordo com suas crenças, a Antártida deveria ser uma muralha de gelo onde o Sol nasce e se põe diariamente.

No entanto, ao testemunhar o fenômeno conhecido como “sol da meia-noite“, Campanella teve de admitir que estava errado.

A confissão surpreendente

Durante o verão do hemisfério sul e do hemisfério norte, o sol permanece visível o dia todo, inclusive à meia-noite – um fenômeno apelidado de “sol da meia-noite”. Na foto, exposição múltipla do sol da meia-noite no Lago Ozhogino em Yakutia, Rússia

Em um vídeo gravado durante a expedição, Campanella reconheceu o que viu. “O Sol realmente circunda você no sul. Então o que isso significa? Vocês terão que descobrir por si mesmos”, disse ele, admitindo que a visão do Sol se movendo em um círculo contradizia suas crenças. Apesar disso, ele não chegou a afirmar diretamente que a Terra é esférica.

Essa revelação causou reações divididas. Enquanto alguns terraplanistas o acusaram de ser “fantoche” de uma conspiração maior, outros preferiram manter-se firmes na crença de que as observações não invalidam o modelo da Terra plana.

Ciência contra conspirações

A ciência explica o fenômeno do “sol da meia-noite” como resultado da inclinação do eixo terrestre. Durante o verão do hemisfério sul, o Sol permanece visível na Antártida por 24 horas, movendo-se em um círculo.

Isso contradiz a ideia dos terraplanistas de que o Sol se comporta como um holofote que ilumina partes específicas da Terra.

Os cientistas já provaram a esfericidade da Terra de diversas formas. Desde os experimentos de Aristóteles, que observou constelações diferentes dependendo da latitude, até imagens capturadas por satélites e astronautas, há um consenso inquestionável sobre o formato do planeta.

Um passado de tentativas frustradas

O Sr. Campanella foi destaque no documentário de 2018 ‘Behind the Curve’, quando ele involuntariamente desmascarou sua própria teoria com um experimento de luz 

Essa não foi a primeira vez que Campanella se envolveu em situações que desmascararam suas crenças. Em 2018, ele participou do documentário “Behind the Curve“, onde um experimento com luz revelou falhas em suas teorias.

Mesmo assim, ele manteve seu papel como uma figura central do movimento, com milhares de seguidores em seus canais digitais.

Seu site, Jeransim, reflete o tom de sua abordagem. Lá, ele vende produtos como camisetas anti-NASA, consultas sobre criptomoedas e até jantares privados via Zoom. A mistura de temas aparentemente desconexos ilustra bem o perfil multifacetado de Campanella.

Reações na comunidade terraplanista

Outro participante da expedição, Austin Witsit, teve mais dificuldade em aceitar o que viu. Embora tenha reconhecido o fenômeno do sol de 24 horas, ele argumentou que isso não prova a esfericidade da Terra. Para ele, trata-se apenas de um “ponto de dados singular”.

No entanto, entre os seguidores do movimento, a viagem gerou uma onda de teorias conspiratórias. Muitos alegaram que as imagens transmitidas ao vivo, usando a rede Starlink da SpaceX, eram falsas.

Comentários em plataformas como YouTube mostraram a resistência do grupo em abandonar suas crenças.

Origem e persistência da teoria da terra plana

A teoria da Terra plana remonta a tempos antigos, mas ressurgiu com força na era digital.

Canais no YouTube e grupos em redes sociais têm alimentado a crença, usando argumentos que desafiam a ciência convencional. Uma ideia central é que a Antártida seria uma barreira de gelo que impede a queda dos oceanos.

Estudos psicológicos lançam luz sobre por que essas ideias encontram eco em algumas pessoas. Pesquisas apontam que indivíduos com baixa autoestima e altos níveis de narcisismo são mais propensos a acreditar em conspirações.

A busca por atenção e um senso de pertencimento são fatores que contribuem para a adesão a essas teorias.

O papel da antártida no debate

A escolha da Antártida como local para o “Experimento Final” não foi por acaso. Terraplanistas acreditam que o continente é a chave para provar suas teorias. Contudo, a ciência já desmistificou essas ideias há muito tempo.

Observações astronômicas, experimentos históricos e avanços tecnológicos têm mostrado, de forma consistente, que a Terra é um globo.

Para Will Duffy, o organizador da expedição, a intenção era acabar com o debate. Ele descreveu a experiência como um momento decisivo. “Depois que formos para a Antártida, ninguém mais precisará perder tempo debatendo o formato da Terra“, disse ele. Apesar disso, parece que o impacto da viagem variou entre os participantes.

O futuro do debate

Embora a expedição tenha fornecido evidências claras, é improvável que ela encerre o debate sobre a Terra plana. Movimentos como esse têm uma resistência inerente a aceitar fatos contrários às suas crenças.

A narrativa de que há uma conspiração global para esconder a verdade é um dos principais pilares dessas teorias.

O que a viagem à Antártida fez, no entanto, foi colocar em xeque a credibilidade de figuras como Jeran Campanella. Ao admitir publicamente que estava errado sobre o comportamento do Sol, ele abriu espaço para questionamentos dentro da própria comunidade terraplanista.

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Miguel
Miguel
19/12/2024 11:25

Como pode tamanha ignorância, os gregos só com matemática já sabiam que a terra era redonda e vem um bando de **** desacreditar de tudo. É mt falta do que fazer não é possível.

Eduardo
Eduardo
19/12/2024 12:37

Eu não estou acreditando q a terra gira, e sim capota, são tantos casos absurdos que é impossível girar.

Anneliese
Anneliese
19/12/2024 14:09

É até difícil de acreditar que exista gente assim no planeta. Quero crer que essa comunidade terraplanista só existe para aparecer na mídia, porque senão é desanimador. Mesmo provando algo cientificamente, a crença **** e torta continua, então às vezes, minha esperança de que esse planeta tem salvação, e que a raça humana pode evoluir, caem literalmente por terra. Uma terra redonda, obviamente. Porque não botam esses malucos numa nave espacial, com passagem só de ida para Marte?

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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