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Arqueólogos da Universidade de Pamukkale encontraram, próximo a Denizli, um templo frígio de 2.700 anos esculpido na rocha, com esculturas, tigelas de oferenda e canais de drenagem — possivelmente dedicado à deusa-mãe Matar, símbolo da fertilidade e da natureza
Arqueólogos turcos revelaram a descoberta de um templo impressionante, esculpido na rocha há cerca de 2.700 anos, possivelmente dedicado à deusa-mãe cultuada pelos antigos frígios. O achado ocorreu perto da cidade de Denizli, no oeste da Turquia, e foi conduzido por uma equipe da Universidade de Pamukkale.
A estrutura combina arte rupestre, canais de drenagem e objetos de ritual, indicando um espaço usado intensamente para cerimônias religiosas.
Rituais e esculturas na rocha
O templo apresenta uma caverna sagrada, ídolos entalhados na pedra e tigelas utilizadas em libações — rituais em que líquidos como vinho, água ou óleo eram derramados em oferenda às divindades.
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Segundo os pesquisadores, os dois ídolos foram talhados diretamente nas paredes rochosas e dispostos entre estruturas fixas.
O local também possui canais cuidadosamente moldados, o que mostra que o templo era usado repetidamente, talvez por grupos inteiros, em rituais de agradecimento ou súplica.
Além disso, o conjunto arquitetônico indica um planejamento simbólico. A combinação entre as figuras, os recipientes de libação e os canais sugere uma experiência religiosa complexa, voltada à comunicação com o divino.
O reino da Frígia e o culto à deusa-mãe
O templo está associado ao período frígio, civilização que prosperou na Anatólia entre os séculos 12 e 7 a.C. Os frígios exerceram forte influência sobre povos vizinhos, especialmente por meio de suas crenças religiosas.
A principal divindade do panteão frígio era a deusa Matar, mais tarde conhecida pelos gregos e romanos como Cibele.
Ela representava fertilidade, natureza e poder primordial. Seu culto se espalhou amplamente, sobrevivendo até mesmo após o fim do reino frígio como potência política.
Por isso, os arqueólogos acreditam que o templo descoberto em Denizli tenha servido de centro espiritual dedicado a essa divindade, reforçando a tradição de templos localizados em áreas montanhosas e isoladas.
Um santuário em meio à natureza
A localização do sítio arqueológico segue um padrão comum entre os frígios: a construção de santuários distantes das cidades, em regiões de montanha, onde o contato com a natureza reforçava o caráter sagrado do culto.
Para os arqueólogos, a caverna central tinha papel simbólico crucial. Ela funcionava como elo entre o mundo humano e o espiritual, representando o ventre da deusa e a origem da vida.
O desgaste das esculturas, no entanto, impede uma identificação precisa das figuras.
Mesmo assim, comparações com outros locais frígios — como a Cidade de Midas — revelam semelhanças marcantes no estilo das representações e na organização dos espaços de culto.
Evidências e dúvidas
A datação do templo, estimada entre os séculos 8 e 6 a.C., coincide com o auge da influência frígia na região. Essa cronologia reforça a hipótese de que o santuário fazia parte de uma rede de templos dedicados à deusa-mãe.
Contudo, a ausência de inscrições ou textos impede conclusões definitivas sobre qual divindade era venerada ali.
Sem essas provas diretas, os especialistas baseiam suas interpretações em comparações arquitetônicas e iconográficas com outros templos conhecidos.
Mesmo assim, o achado é considerado de grande relevância histórica, porque amplia o entendimento sobre como os povos da Antiguidade organizavam seus rituais e suas crenças.
Cada novo templo descoberto ajuda a preencher lacunas sobre o modo como antigas civilizações expressavam sua espiritualidade.
Preservação e novas escavações
Os pesquisadores afirmam que o sítio de Denizli pode se tornar referência para estudos futuros sobre religião e arte rupestre frígia.
A região, rica em formações geológicas e ruínas antigas, deve atrair atenção de novas equipes e projetos de preservação.
A equipe também espera que a descoberta estimule o turismo cultural local, destacando o valor histórico da Anatólia como berço de civilizações milenares.
Restos de líquidos encontrados nas tigelas podem, no futuro, revelar detalhes sobre os tipos de substâncias usadas nas oferendas.
Essa análise poderá confirmar práticas descritas em outros sítios e oferecer novas pistas sobre o significado dos rituais realizados naquele espaço sagrado.
Assim, o templo de 2.700 anos não apenas lança luz sobre a antiga devoção frígia, mas também reforça a ligação entre fé, arte e natureza que caracterizava uma das culturas mais enigmáticas da Antiguidade.
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