O Teleférico do Alemão soma 3,5 km, cinco estações e já transportou milhões de passageiros; após ficar inativo desde 2016, passa por reforma estimada em R$ 115 milhões para tentar retomar a operação
O Teleférico do Alemão foi inaugurado em 2011 como transporte de massa por cabos para encurtar deslocamentos no Complexo do Alemão, conectando áreas altas à estação de trem de Bonsucesso. O investimento inicial foi de R$ 210 milhões no âmbito do PAC, com um traçado de 3,5 km e cinco estações (Morro do Adeus, Baiana, Alemão, Itararé e Palmeiras).
Em 2016, o sistema foi interrompido por problemas de manutenção e deterioração dos cabos, e ficou inoperante por nove anos. A partir de 2024/2025, o governo estadual retomou obras, incluindo troca de cabos e peças e adequações operacionais, com custo estimado em R$ 115 milhões, para viabilizar testes e uma possível reabertura.
O que é o Teleférico do Alemão e para quem ele serve
Criado como solução de mobilidade de massa por cabos, o Teleférico do Alemão foi desenhado para reduzir tempos de viagem em regiões íngremes e densas, onde o ônibus enfrenta limites físicos de acesso.
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A ligação ao trem amplia o alcance para outras zonas do Rio, encurtando a jornada casa-trabalho e melhorando o acesso a serviços públicos.
No pico da operação, o sistema chegou a transportar cerca de 10 mil pessoas por dia e, em seus primeiros anos, acumulou milhões de embarques.
Para moradores idosos, pessoas com deficiência e famílias com crianças, o teleférico significou menos caminhadas em ladeiras e maior previsibilidade de deslocamento.
Linha, estações e capacidade: como o sistema foi pensado
O eixo principal soma 3,5 km com cinco estações, distribuindo o embarque ao longo de morros e vias estruturantes do Complexo.
O projeto privilegia frequência e regularidade, reduzindo a necessidade de grandes terminais.
A lógica de operação é simples: cabines circulam continuamente, permitindo embarque rápido e integração com o trem em Bonsucesso.
Embora o Teleférico do Alemão não seja o primeiro teleférico do Brasil, ele é o primeiro concebido como transporte público de massa por cabos.
A diferença técnica está no propósito: serviço cotidiano para moradores, não apenas atração turística.
Por que parou: manutenção, gestão e custo de operação
A parada em 2016 resultou de um combo de fatores: manutenção insuficiente, deterioração dos cabos e fragilidades contratuais e operacionais que encareceram o dia a dia do sistema.
Sem revisões programadas robustas e estoque de peças críticas, o teleférico perdeu confiabilidade até a suspensão integral do serviço.
Além do CAPEX inicial, sistemas por cabos exigem OPEX elevado (técnicos especializados, inspeções, seguros, energia, reposição de cabos).
Sem previsibilidade orçamentária e governança clara, a operação entra em ciclo de interrupções, aumentando o custo total ao longo do tempo e corroendo a confiança do usuário.
A reforma de R$ 115 milhões: o que está sendo trocado e qual o cronograma
A recuperação atual inclui novos cabos de aço, componentes mecânicos e elétricos, revisão de torres e estações, e atualizações de segurança.
Parte relevante do orçamento foi destinada à compra e instalação dos cabos e de peças estratégicas, condição básica para testes dinâmicos e comissionamento.
O planejamento prevê testes estáticos e operacionais, seguidos de operação assistida antes da abertura comercial.
Sem homologação técnica completa e plano de manutenção plurianual, a retomada não deve ocorrer.
A meta declarada é voltar a rodar, mas a confiabilidade dependerá do ciclo de manutenção e do modelo de gestão.
Impacto social e econômico: o que muda com a volta
A reativação pode reduzir tempos porta-a-porta e desafogar ônibus alimentadores, especialmente nos trechos mais íngremes.
Com a regularidade restabelecida, comércio e serviços locais tendem a ganhar fluxo, reativando economias de bairro e favorecendo empregos no entorno das estações.
Há também um efeito de segurança viária e ambiental: menos deslocamentos por motocicletas em ladeiras e redução de emissões por viagem curta.
Para famílias que combinam teleférico + trem, o trajeto fica mais competitivo que modais individuais, desde que a tarifa e a integração sejam bem calibradas.
Riscos e condições para dar certo desta vez
Para evitar novo colapso, três frentes precisam estar fechadas antes da inauguração:
Contrato de operação e manutenção (O&M) com metas claras, SLAs e multas por não conformidade. Sem O&M contínuo, o sistema volta a parar.
Orçamento previsível para reposição de cabos (ciclo plurianual), peças de desgaste e inspeções. Teleférico sem verba carimbada vira obra cara parada.
Integração tarifária e operacional com trem e ônibus, com tempo de transferência protegido e informação em tempo real para o usuário. Sem integração, o ganho de tempo se perde no acesso.
Outro ponto é a comunidade: comitês locais de convivência ajudam a coibir vandalismo, orientar usos e preservar equipamentos. Participação social reduz custos de guarda e aumenta a vida útil do ativo.